Individualidade ou Jogo Coletivo


A excelente fase da NBA, com emocionantes partidas nestas finais de conferência, está expondo ao público dois estilos de jogar basquete apresentado pelas equipes que estão no final four: o estilo mais individualista (Los Angeles Lakers e Cleveland Cavaliers) e o estilo mais coletivo (Denver Nuggets e Orlando Magic). Fica com o torcedor a escolha do que mais lhe agrada.

Antes do inicio das finais de conferência, muitos apostavam em uma decisão “individualista” pelo título da NBA entre Lakers e Cavs, interessados no duelo Kobe Bryant versus LeBron James. Um encontro deste tipo agradaria a associação ($) e seria mais atraente para o fã de esporte em geral.

Contudo, não é pequena a possibilidade de haver uma final do “jogo coletivo” entre Nuggets e Magic. O amante do basquete assistiria um duelo deste sem nenhum problema, porém não seria tão atrativa assim para o grande público. Mesmo não sendo um encontro entre San Antonio Spurs e Detroit Pistons da decisão de 2005 (uma com um dos piores índices de audiência da história) e por mais que Denver e Orlando tenham jogadores interessantes de se assistir, ambos não tem LBJ ou Bryant...

Outro cenário possível é ocorrer mais jogos ente a Individualidade e o jogo coletivo na final da NBA. Neste caso, quem levará a melhor? Veja o que cada time tem feito até o momento nestas finais de conferência:

Individualidade

Cleveland Cavaliers
Imagina se o Mike Brown (treinador dos Cavs) armasse uma jogada ofensiva em que a bola NÃO passasse pelas mãos de LeBron... Bom, esta é apenas uma imaginação mesmo. Não parece que o camisa 23 do Cleveland em todo o ataque arma a jogada, faz o “corta-luz”, arremessa (e se caso acertar o aro) vai e pega o rebote e converte a cesta com um “tapinha”? E fazendo tudo isso sozinho? No jogo 5, os primeiros 29 pontos do Cleveland no quarto período passaram por LBJ; seja em assistências ou pontos. Dos cinco jogos desta série contra o Orlando, LBJ marcou mais de quarenta em três deles; foi derrotado em todos. No jogo 2, quando anotou 35 pontos, os Cavs venceram graças a um arremesso dele nos segundos finais da partida. No jogo 5 ele anotou um triplo duplo (37-14-12)

O garrafão ofensivo do Cleveland está sendo pouco produtivo. Os arremessos de média distância de Delonte West não apareceram. Mo Williams é que vem procurando fazer algo para ajudar LBJ e foi eficiente somente no jogo 5, convertendo seis arremessos de três. O armador da equipe foi o segundo cestinha em todas as cinco partidas, anotando mais que 20 pontos em apenas uma delas (17, 19, 15, 18 e 24 respectivamente).

Los Angeles Lakers
Kobe Bryant marcou mais de 40 pontos em duas partidas (duas vitórias) e marcou menos de 40 em três partidas (duas derrotas e uma vitória). Além de creditar ao camisa 24 dos Lakers os resultados positivos no jogo 1 e 3, deve se valorizar as duas roubadas de bola de Trevor Ariza no finalzinho dos jogos, se não...

Pau Gasol até está fazendo sua parte, mesmo com sua média de pontos menor na série contra o Denver em comparação com estes playoffs (18 nos playoffs, 17 contra Denver). Enquanto isso, dois jogadores chaves para o esquema de Phil Jackson simplesmente “desapareceram”. Lamar Odom chegou ao inicio das finas do Oeste sendo o segundo cestinha da equipe nesta pós- temporada (média 18,5 PPJ), contudo não marcou mais do que 10 pontos em nenhuma das quatro primeiras partidas e sua média nestes jogos foi de apenas 7,5 PPJ! Jogando mais do que 30 minutos por jogo...

Se o “caso Odom” causa espanto, e o “caso Derek Fisher”? O jogador que tem 170 partidas de pós-temporada não está mostrando nada de sua vasta experiência. Do jogo 2 ao jogo 4, Fisher anotou (somando os três jogos!) 12 pontos, 6 assistências e 2 cestas de três entre 11 arremessos...

Tanto Odom e Fisher responderam em quadra as péssimas atuações nestas finais do Oeste, no jogo 5. Lamar Odom marcou 19 pontos em pegou 14 rebotes e Derek Fisher anotou 12 pontos, ajudando Kobe. que terminou a partida com 22 pontos.

Jogo Coletivo

Orlando Magic
Esqueça Dwight Howard (mesmo ele jogando acima da média e convertendo 29 lances livres de 41 tentados nestas finais do Leste). Só para fazer um pequeno exercício. Seja Rashard Lewis, ou Hedo Turkoglu, ou Rafer Alston, ou Mickael Pietrus, algum destes quatro irá anotar pontos e contribuir de fato para sua equipe. No jogo 1 foi Lewis, no jogo: Turkoglu, no jogo 3: Pietrus, no jogo 4: Alston e no jogo 5: Turkoglu.

Coloque de volta Howard e acrescenta sempre 20 pontos e uns 15 rebotes por jogo... Com seus “coadjuvantes” jogando o fino do basquete, o resultado é uma equipe (elenco) difícil de ser batida nesta fase que está.

Denver Nuggets
Com exceção do trio do Boston Celtics, os Nuggets são a única equipe da NBA que tem três jogadores (Chauncey Billups, Carmelo Anthony e JR Smith) que podem anotar mais de 20 pontos por jogo. Contando ainda com as contribuições de Nenê, Kenyon Martin, Linas Kleiza, Chris Anderesen...

Esta ajuda, porém não apareceu no jogo 5 (vitória dos Lakers em Los Angeles). No quarto período, apenas ´Melo e Kleiza marcaram pontos para os Nuggets, com Billups anotando só 12 e JR Smith 7.

É um dos times mais físicos de toda associação (e também um dos mais tatuados...). Joga com agressividade nos dois lados da quadra, o que fortalece mais o conjunto do time. Chegou na posição de momento, um dos possíveis finalistas da NBA, graças a disposição e garra demonstrada por todos do elenco. Na “enciclopédia da NBA”, na definição sobre jogo coletivo, está uma foto do Denver Nuggets.

Ele Não Foi Deixado Para Trás


Os números que o brasileiro Nenê, pivô do Denver Nuggets, conseguiu nesta temporada da NBA, somado com as impressionantes performances jogo a jogo, o credenciaram a levar o prêmio de Jogador com Maior Evolução deste campeonato. Não ganhou (Danny Granger, ala do Indiana Pacers foi o vencedor), recebeu poucos votos, mas mesmo assim ele não foi deixado para trás.

Seus companheiros, a comissão técnica dos Nuggets, jornalistas, torcedores, enfim, todos elogiaram a ótima temporada que Nenê fez, levando em consideração o que ele passou fora das quadras no ano passado recebendo o diagnóstico de câncer nos testículos. Passar pela doença foi uma vitória, conseguir os melhores números nos sete anos de carreira na associação, foi outra.

Nenê sempre foi esperançoso, talvez inspirado nos personagens do seu filme predileto: “Deixados para trás”; que tem como tema principal a espera por uma segunda chance. O momento que passava o brasileiro era muito bom para ser perdido assim, do nada... Quem chegou tão longe não desistiria tão fácil.

Vila São José, periferia de São Carlos (cidade do interior do estado de São Paulo). De lá surgiu para o mundo do basquete Maybner Hilário – que oficialmente virou Nenê em 2003. Conquistou o título brasileiro pelo Clube de Regatas Vasco da Gama em 2001 e se inscreveu para o draft da NBA no ano seguinte. Bastou uma temporada de treinamentos nos EUA (Chicago) para ele ser escolhido na primeira rodada (7ª posição) no draft de 2002 pelo New York Knicks; que o trocou com o Denver por Antonio McDyess.

O que ele mais queria conseguiu: estar no melhor basquete do mundo. Mas, e as outras coisas? Quer dizer, família, amigos, Brasil... “Foram muitos choros de baixo do chuveiro” diz Nenê sobre seu período de adaptação “Tinha 19 anos, estava morando em outro país sozinho... era difícil, mas eu precisava me concentrar no jogo”.

Fez isto muito bem. Na primeira temporada de NBA, Nenê foi eleito para o primeiro time de novatos, considerado o melhor pivô entre os jogadores no primeiro ano.

Logo no inicio da sua carreira na NBA, diversos acertos precisavam ser feitos dentro do seu estilo de jogo, algo bastante natural. Ao passar dos anos, Nenê foi mostrando sua evolução dentro de quadra e se firmando como um jogador de NBA. Mudanças que o ajudaram. Porém, algo não mudou nele desde sua chegada na associação: a atitude pró-ativa.

Para entender mais sobre isto, veja uma declaração dele sobre enfrentar Shaquille O´Neal, Tim Duncan, Kevin Garnett... “Eu sou profissional, eles também são profissionais. Eles vão querer ganhar de mim e eu vou querer ganhar deles. Então, dentro de quadra, pra mim eles é ‘um João’...”. Diferente né? Ao invés de dizer “Nossa! Sou fã destes caras” ou “É um sonho jogar contra eles” ele quis dizer “Vou entrar lá e fazer meu jogo, não importa qual seja o sobrenome deles”.

Esta atitude ele carrega durante toda sua carreira. Atitude de não “abaixar a cabeça” e encarar de frente as situações, sempre, claro, com respeito. Se isto o ajudou nas quadras, foi extremamente importante fora dela.

11 de Janeiro de 2008. Esta foi a data que o Denver Nuggets comunicou que Nenê deixaria o time por tempo indeterminado devido a problemas de saúde. Quatro dias depois um tumor nos testículos foi removido. Cirurgia foi a decisão correta, independente do que aconteceria depois. Para Nenê, tudo ocorreria bem. Para “O Esperançoso” tudo ocorreu bem.

Pode voltar às quadras e fazer o que mais gosta: jogar basquete. Graças ao seu esforço e habilidade, jogar um basquete de altíssimo nível. O brasileiro foi fundamental para a belíssima campanha na temporada regular do Denver Nuggets e está sendo fundamental nestes playoffs; foi o cestinha no jogo 1 nas semifinais do Oeste contra o Dallas (25 Pontos) e no jogo 2 da mesma série com 24 pontos.

A história “hollywodiana” de Nenê foi o argumento principal para que o atleta recebesse o prêmio de Jogador com Maior Evolução. Não aconteceu. Não tem problema algum. O prêmio maior é ele estar na NBA. Mais do que isto, jogando como titular numa das melhores equipes da associação. Mais ainda, se recuperar do jeito que ele conseguiu e transformar uma potencial tragédia em um verdadeiro sonho...

Em seu site oficial, assim que ficou sabendo do câncer, Nenê colocou um versículo bíblico (Hebreus 10.36): “Você precisa perseverar de modo que, quando tiver feito a vontade de DEUS, receba o que ELE prometeu”.

A fé de uma criança do Nenê o ajudou, e “O Esperançoso” venceu recebendo a vitória. De fato...

... ele não foi deixado para trás.

Motivo pra Ler a Playboy? Claro que é a Entrevista...


Essa desculpa que muitos homens já usaram uma vez na vida (Não é Verdade?) fará sentido para os fãs de beisebol e esporte em geral neste mês de Junho. A revista Playboy americana traz na edição uma entrevista com o principal empresário esportivo dos EUA: Scott Boras. Mesmo tendo como campo de atuação apenas a MLB, Boras recebe grande destaque pelos jogadores que administra e pelos contratos que consegue para eles; claro que ele saí ganhando “um troco” também...

Confira os principais assuntos discutidos na entrevista.

Sobre ganânciaQuando olho para os torcedores, vejo um grande fanatismo; um fanatismo pelos seus times. Porém, os atletas têm escolhas. Eles não querem chegar aos 50 anos de idade dizendo ‘Porque eu recusei aquele contrato de U$ 70 milhões? Eu poderia ter feito mais para minha comunidade, minha igreja, minha família. A vida de um jogador é curta, e seu empresário está ali pra ajudar. No final das contas, o que os fãs pensam não é levado em consideração. Não estou aqui para ganhar concurso de popularidade”

Parece o futebol... Este trabalho de buscar um melhor contrato para os jogadores têm uma peculiaridade na MLB em comparação com a NBA e NFL, por exemplo. Das principais ligas esportivas americanas, a MLB é a que menos tem jogadores com formação universitária; ou seja, atletas que vivem (literalmente) do beisebol. Por isso há contratos astronômicos na liga, mesmo envolvendo jogadores de baixo nível técnico. Parece o futebol...

Sobre doping e Hall da Fama “Veja, o Hall da Fama é para aqueles jogadores importantes na sua respectiva época. Cada uma delas se difere desde equipamentos / regras, para avanços cirúrgicos, acordos trabalhista, farmacologia, leis federais e estaduais; tudo afetando na performance individual do atleta. O jogo está mudando constantemente. O Hall da Fama deve escolher jogadores de forma mais generosa. Apenas assim eles iram reconhecer a excelência de cada época”.

Ponto de vista interessante. Contudo o beisebol tem mias uma característica diferente de outras ligas: é o esporte mais tradicional, averso a mudanças drásticas. Partindo deste principio, será muito difícil acontecer algo deste tipo, principalmente se tratando de Hall da Fama. Sendo assim, grandes nomes como Roger Clemens, Alex Rodriguez, Manny Ramires, entre outros ficaram de fora.

Sobre as “Marias Bastão” “Este é um grande problema, porque temos garotos que saem da escola já ganhando milhões. Tenho uma cartilha que entrego para os jogadores que diz: ‘Se uma mulher tiver um filho seu, irá te custar US$ 2 milhões durante 18 anos para criá-lo’. Falamos também sobre a importância de fazer sexo seguro. Digo a eles para seguir um ritual: Se você conhecer uma garota no campo, pergunte a ela se sabe algo sobre os jogadores do ano passado, retrasado... Uma mulher que fica muito no campo ano após ano está procurando algo... Falo para os jogadores mais jovens: ‘Um relacionamento com uma garota errada pode destruir sua carreira”.

Scott Boras falou tudo! Pra quem não sabia, agora sabe que as “Marias Chuteiras” têm primas circulando na MLB.

Sobre mudanças na World Series “Eu faria mais moderna, colocando uma melhor de nove partidas, com os dois primeiros jogos em cidades neutras. Anunciaria o MVP o prêmio Cy Young em “gala” entre os playoffs e a World Series. Mudaria o All-Star Game e o Home Run Derby para a mesma semana também. A “gala” e o Home Run Dreby seriam antes do jogo 1, no Sábado com o jogo 2 no domingo. Depois a série iria para as cidades dos times que disputam a final. Desta forma, lugares como Pittsburgh, Texas, Seattle, entre outros, teriam a oportunidade de receber a World Series, vendendo uma quantidade enorme de ingressos. A “Semana da World Series” seria um grande evento para todos e um passo a frente para o esporte chegar a outro nível”.

Interessantes idéias, mas de complicada execução. Entretanto, as pessoas envolvidas com a liga entendem que mudanças precisam ser feitas no momento mais importante da liga: a World Series. Torná-la mais atraente e fazer com que fãs de outros esportes assistam aos jogos sem precisar ficar acordado até de madrugada... Principalmente porque as partidas são realizadas no auge da temporada da NFL (final de Outubro – começo de Novembro) e ganhar da NFL em “chamar a atenção” é complicado.

Para encerrar.

Sobre seu relacionamento com os torcedores “Pois é... As pessoas chegam em mim e dizem ‘Você está destruindo o jogo!’ Para todos eu respondo ‘Fico feliz que você é um fã do beisebol’. Tudo isso acontece porque eles se preocupam com o jogo. Eles o amam tanto quanto eu. A diferença é que minha apreciação pelos jogadores é muito mais alta do que a dos torcedores. Eu sei o quanto que jogar é difícil. Eu nunca exigi nada além de profissionalismo. Nem o meu emprego se compara com os dos meus jogadores. Não há nada melhor do que acorda e dizer: ‘Hoje eu vou jogar beisebol na MLB’”.


© 1 Avery / AP

A Paciência em Pessoa

Rashard Lewis é assim: quieto, comedido, “na dele”... Um cara introvertido e cativante ao mesmo tempo, cercado de pessoas que gostam de estar em sua presença. Em Orlando é tido como a terceira força da equipe, mesmo em muitos momentos ele sendo o melhor jogador em quadra do Magic. Isto, porém não é problema; ele reconhece que o time é do Dwight Howard.

Lewis nunca buscou os holofotes, esta não é sua personalidade; seu jogo, contudo o colocou no topo do mundo do basquete. Hoje ele é um dos principais arremessadores “puro” da NBA e com rara habilidade de mudar de direção no caminho à cesta, características que ele carrega desde os tempos de escola (High School); Rashard Lewis é considerado um dos melhores jogadores em nível escolar da história do basquete americano.

Ele é natural de Houston, cidade que tem a tradição de revelar bons talentos. Jogou na Alief Elsik High School, (foto ao lado) levando a escola à popularidade com suas atuações memoráveis. Certa vez ele marcou em um jogo 35 pontos, 11 rebotes, 6 assistências, 8 roubadas de bola e 7 tocos... “Havia muita pressão neste tempo em cima de mim” disse Lewis à SlamToda a noite sofria marcação dupla, tripla. Pessoas viam de todos os lugares para me ver jogar. Eu tentava levar a coisa de forma profissional e jogar bem em todos os jogos”.


Os bons números na escola e as boas avaliações dos scouts (olheiros) fizeram que ele tomasse uma decisão: não ir para a universidade. Lewis então colocou seu nome na lista do draft de 99, atitude que tomou só porque se esperava que ele fosse escolhido entre os 15 primeiros. Isto não aconteceu. O dia do draft foi um teste de paciência para Lewis.


Provavelmente foi o pior sentimento em toda minha vida” diz Rashard sobre ser escolhido apenas na segunda rodada (3ª escolha) pelo extinto Seattle SuperSonics. Esta frustração se justifica pela expectativa criada, principalmente em relação ao Houston Rocktes (time da sua cidade) que tinha três escolhas na primeira rodada – 14ª, 16º e 18ª. Ao invés de escolher Lewis, o Houston pegou Michael Dickerson, Bryce Drew e Mirsad Turckan... (Não se preocupe se você não conhece nenhum desses jogadores...)


Em Seattle ele mostrou mais uma de suas qualidades. Primeira: comprometimento. Chegou ao SuperSonics para aprender, para crescer seu nível de jogo. Depois de dois anos de contrato ele mostrou outra qualidade: lealdade. Recebeu várias ofertas quando se tornou agente livre mas preferiu continuar em Seattle e dar continuidade ao trabalho que estava sendo feito com ele. Deu resultado.


Ficou em Seattle até 2007 quando resolveu mudar de ares e escolheu Orlando como sua nova casa, boa escolha, alias, tanto pelo seu estilo de jogo, quanto pela sua personalidade. O time precisava de um arremessador “puro” e a cidade de Orlando tem o perfil de Rashard: sem muito glamour e tranqüila.


Está aí um bom apelido para Lewis: tranqüilo. Similar com outros tantos que ele tem: Sweet Lew (Doce Lew); Quiet Man (Cara Quieto); ICE (Sossegado), entre outros. Ao invés de “desmerecer”, são nomes que acabam definindo a pessoa Rashard Lewis.


Ao ler os jornais e revistas, pouco se comenta sobre Lewis, mesmo ele colocando números consistentes para o Magic, além de ser decisivo em algumas partidas. Playoffs 2009, por exemplo: no mínimo, em dois jogos ele foi extremante fundamental. No jogo seis contra os Sixers, quando o Magic jogou sem Howard e Courtney Lee, Lewis foi o cestinha com 29 pontos; no jogo um das finais de Conferência do Leste, quando ele converteu um arremesso de três decisivo e anotou 12 de seus 22 pontos no quarto final da partida.


Apesar de tudo, ele sabendo de sua importância para a equipe já é suficiente, Stan Van Gundy sabe que Rashard Lewis é o homem que define as jogadas e será importantíssimo nestas partidas contra o Cleveland Cavaliers. Se for receber destaque ou não, está é outra história, afinal, ele é paciente... e sabe que o time é do Dwight Howard.


PS: Leia "Sim, Ele Pode!" Texto que traz um perfil completo de Rafer "Skip to My Lou" Alston, armador do Orlando Magic (publicado em 17/04/2009)

Ela é o Futuro dos Lakers

Jeanie Buss, 49, é a mulher com o cargo mais alto em uma franquia da NBA. Bonita, filha do dono... Não se engane! Não são estes os fatores que a colocaram como Vice-Presidente Executiva (Financeira) do Los Angeles Lakers. A sua competência e inteligência a levaram para esta posição e fará com que ela avance mais.

Quando se comenta sobre Jeanie, os mesmos assuntos e tópicos entram em questão: A filha de Jerry Buss (o dono), a namorada de Phil Jackson (o treinador), as fotos para a Playboy... Evidente que tudo isto (e muito mais!) será destacado aqui.

O envolvimento com esportes vem desde a juventude, quando aos 19 anos de idade, Jeanie já era diretora de uma equipe de Tênis (Los Angeles Strings) posição na qual seu pai a colocou. Foi a primeira vez que ela teve que tomar uma decisão sozinha: “Lembro de ter pedido para meu pai vários conselhos, mas ele nunca me deu uma dica se quer. Ele falava 'Você faz uma escolha: se der certo, méritos pra você; se der errado assume as conseqüências'” diz Jeanie.

Contudo, a carreira no esporte não era a meta dela. Sempre pensou em seguir o caminho da sua família no ramo de imóveis. Mas, com a compra do Los Angeles Lakers por Jerry Buss em 1979 e de outros clubes, tudo mudou. Ela se formou em administração de empresas na USC e entrou de vez nos negócios esportivos da família.

Antes de chegar à NBA, Jeanie passou por vários testes. Além de comandar a equipe de Tênis, ela dirigiu uma de futebol indoor e de hóquei in-line. Tudo serviu de experiência para que chegasse ao grande palco da associação e desempenhar um bom papel.

Neste período, ela se tornou bastante popular em Los Angeles, porém mais pela beleza do que por suas qualidades administrativas. Em 1995, devido ao grande assédio, ela aceitou posar para a Playboy (foto ao lado) com 35 anos de idade - após seu divórcio, fazendo algo que sempre quis: “Eu cresci numa época que a Playboy tinha um glamour, sabe? Meu pai, nos anos 70, era dono de um Clube da Playboy. Minha tia era coelinha; sempre tive vontade de fazer e não me arrependo.” diz Jeanie.

As fotos serviram como uma exposição a mais. Imagina o que se falava dela em Los Angeles: menina rica, independente, atraente; todos os aspectos para virar uma estrela em Hollywood. Ela escolheu virar sim uma estrela, mas nos bastidores.

No inicio desta década ela assumiu o controle financeiro da franquia Lakers e transformou completamente a administração dos negócios do time. Quando ela chegou ao clube, o Los Angeles, segundo a Forbes, valia US$ 282 milhões; hoje o valor do clube mais do que dobrou, está no patamar dos US$ 584 milhões. Pode colocar na conta de Jeanie Buss esta super valorização da franquia.

Qualquer movimentação financeira da equipe passa pelas mãos dela. Os contratos com patrocinadores, com redes de Tv´s e rádios, e acordos de marketing são feitos só sob sua autorização. Para ter todo este poder não foi fácil: “As pessoas ligavam pra cá e diziam: ‘Você pode anotar este recado pro seu pai... Você pode falar com seu pai sobre isto e isto...’ Eu dizia: ‘Bom, todas estas coisas quem resolve sou eu...’. Demorou um pouco para as pessoas me aceitarem”.

Jerry Buss (o pai) aos poucos está deixando ela mais à vontade na administração, inclusive aceitando conselhos dela sobre outros assuntos da equipe. Porém, ela se precipitou e errou (duplamente) em um comentário.

Assim que os Lakers adquiriram Shaquille O´Neal, a idéia da diretoria do clube era tirar da aposentadoria Phil Jackson “Eu fui contra na época” diz Jeanie Buss “Pra quê trazer mais uma estrela quando já temos duas (O´Neal e Bryant)? Graças a Deus eles não ouviram meu conselho porque estava completamente errada”.

Duplamente errada neste pré-julgamento, não Jeanie? Além de Phil conquistar um tri campeonato com Los Angeles, ele acabou virando seu namorado... “Eu não o conhecia. Quer dizer, me precipitei nas palavras. Mas quando ouvi a sua voz; me apaixonei”. Toda vez ela é questionada sobre o relacionamento, se afeta o lado profissional: “É muito difícil e não aconselho ninguém a fazer. Sou o exemplo do errado, “estou num pôster” que diz: ‘Não façam isto no trabalho’ (risos)”.

Tudo, de fato, é um aprendizado para Jeanie Buss. No aspecto trabalho ela está muito bem e seu pai esta a direcionando, sem objeções em LA, para assumir a franquia daqui a alguns anos (ela é apelidada de “A Pacificadora” entre os dirigentes dos Lakers). No aspecto pessoal, ela já sabe como são as coisas em Los Angeles/Hollywood; se ela pensa que sua vida particular está muito exposta ao público, deve se preparar para o que vem pela frente, porque os caminhos estão sendo traçados para que ela seja a primeira mulher a ser dona de uma franquia da NBA. Para isto acontecer, é só questão de tempo.


© 1 Stephen Wayda / Playboy
© 2 Walter Icoss Jr. / SI

Tudo é Mais Difícil


Assim são as coisas para o Toronto Blue Jays. Mesmo com o melhor aproveitamento na Liga Americana (LA) (26v e 14d – 65% - até 18/05) muitos duvidam da capacidade real da equipe de manter este nível até o final na competitiva divisão Leste, sem levar em consideração que a equipe tem o melhor ataque da LA e que três arremessadores titulares estão no departamento médico: Dustin McGwoan, Jesse Litsch e Shaun Marcum. Nesta lista de dificuldades, vale colocar que time é do Canadá? Hum... sim.

Sempre é bom lembrar que a franquia tem dois títulos da World Series – 1992 e 1993. Porém, desde então, nada mais conquistou. Isto aconteceu com o enfraquecimento da equipe e o ressurgimento dos Yankees nos anos 90 e dos Red Sox nesta década. Com o Tampa Bay Rays tendo uma equipe forte neste ano e que chegou às finais da MLB em 2008, a divisão Leste da LA é uma das mais difíceis em todas as grandes ligas americanas. Desta forma o questionamento é justificável? De fato os Blue Jays vão conseguir ficar no topo? A resposta vem a seguir...

Literalmente, aliás. O Toronto vai para o Fenway Park iniciar uma série de três jogos com os Red Sox a partir desta terça-feira, dentro de uma sequencia de nove jogos seguidos fora de casa (outros seis: 3 contra Atlanta e 3 contra Baltimore); e quando voltar ao Canadá, irá jogar mais três partidas com o Boston. Será um final de mês para o torcedor ter uma noção exata do potencial dos Blue Jays. Porém a liderança, após 40 jogos, não veio de presente; como o Toronto chegou nesta posição? São duas as respostas...

Primeira: Cito Gaston (uma figuraça! - foto à dir.). O atual treinador do Toronto é o mesmo que comandou o time no bi campeonato, sendo o primeiro Afro-Americano a levar uma equipe ao titulo da World Series. Ele voltou a treinar o time no ano passado e, durante este período – desde 20 de Junho de 2008, ele tem 77v e 51d, a segunda melhor marca na MLB. A sua principal característica, segundo os jogadores do Toronto, é a calma e estabilidade que Gaston traz para o vestiário, mostrando confiança aos seus atletas. Com a palavra Travis Snider, OF: “Ele demonstra um grande carinho e respeito por todos, não importa se você é novato ou veterano. Ele é uma pessoa agradável, de dialogo sabe? Mantendo o profissionalismo e buscando compreender todos atletas.” Disse o novato à MLB.com

Segunda resposta: Ataque. Os Blue Jays não têm um grande destaque individual nas categorias ofensivas. Contudo o time em si está no topo. A equipe lidera a Liga Americana em: Corridas (231), Rebatidas (418), RBI´s (219) e .BA (29%). O saldo de corridas é de +59, mostrando que o time ganha com uma grande diferença no placar e perde de pouco.

A grande maioria dos jogadores de Toronto são pratas da casa (como se fala no Brasil). Este trabalho em Toronto não é feito por opção, e sim por necessidade. Está aí mais uma das dificuldades

Temos que trabalhar desta maneira porque é a solução mais viável” disse J.P. Ricciardi, diretor de beisebol (GM) da franquia em entrevista à ESPN Radio. “Se nós não fizemos um desenvolvimento com os jogadores que escolhemos no draft, teremos que pagar um salário acima da média para alguém vir jogar no Canadá. Não adianta: 9 de cada 10 jogadores vão escolher qualquer cidade americana se Toronto estiver na parada.”

Pode se dizer que o trabalho estar sendo bem executado. Roy Halladay (A - foto ao lado), Aaron Hill (2B), Adam Lind (RD) e Travis Snider (LF) são jogadores que vem da base do Toronto. Todos eles estão fazendo uma ótima temporada, com destaque para Halladay, que alcançou a oitava vitória no último domingo (17/05). Falando em arremessadores, eis outro problema que Toronto enfrenta; três deles (titulares) estão contundidos.

Jesse Litsch machucou o cotovelo do braço de arremesso na semana passada e entrou no DM; volta prevista para o inicio de Junho. Shaun Marcum vem se recuperando de uma cirurgia feita no seu braço esquerdo, problema que ele tem desde a temporada passada; deve voltar antes do Jogo das Estrelas. Dustin McGowan também se recupera de uma cirurgia feita no ombro e também deve voltara antes do Jogo das Estrelas.

É evidente que nenhuma conclusão deve ser feita em Maio sobre se realmente uma equipe tem condições de chegar até o final no topo, entretanto este final de mês servirá como um teste para o Toronto. Será que a jovem linha de rebatedores e a esforçada rotação de arremessadores levarão os Blue Jays à pós temporada? Esta resposta virá com o tempo...


© 1 Matt Sullivan / Getty Images
© 2 Andy Lyons / Getty Images

Diferentes Comentários, Mesmo Tema: Denver Nuggets


Quem está acompanhando os playoffs da NBA sabe que o assunto do momento é o time de Denver; tendo como centro da discussão a capacidade real da equipe de vencer a conferência e chegar às finais da associação. Lembrando que é a primeira vez desde a temporada 1984-85 que o Denver chega às finais da conferência; perdeu na ocasião para o Los Angeles Lakers (4-1).

O “Grandes Ligas” traz nesta coluna opiniões de jogadores, técnicos e comentaristas sobre as qualidades do Denver Nuggets e o seu verdadeiro potencial.

Evolução da Equipe:Nosso time começou a atingir o auge da metade de Março pra cá passando a jogar melhor em casa. Decidimos que manteríamos o crescimento do nosso jogo nos playoffs e estamos conseguindo. Dou crédito a nossa defesa e ao nosso passe.” George Karl, treinador dos Nuggets

Karl evidencia algo interessante: desde a derrota para o Houston Rockets em casa no dia 9 de Março, os Nuggets venceram 16 partidas em Denver (incluindo os playoffs). Estas vitórias deram bastante confiança ao time para conseguir o segundo lugar no Oeste e fazer valer o mando de quadra na pós-temporada.

Força do Elenco:Dahntay Jones (foto à dir.) sem dúvida é um dos jogadores mais desvalorizados nestes playoffs. É um defensor de alta qualidade, traz movimentação no ataque e é um cara 'de grupo'." Bill Simmons, comentarista da ESPN.

Jones não é um puro cestinha, longe disso (média de 7,6 PPJ nesta pós-temporada), mas de fato contribui bastante com estas características que o Bill mencionou. O garoto, formado em Duke, iniciou 70 de 79 partidas na temporada normal e 10 de 10 nestes playoffs; e George Karl não pensa em mudar. Chris Andersen e J.R. Smith (16,3 PPJ nestes playoffs) são as forças reservas para auxiliar os titulares Kenyon Martin e Nenê (Andersen); Jones e Carmelo Anthony (Smith).

Agressividade:Não acho que alguém possa igualá-los quando o assunto é agressividade” Dirk Nowitzki, ala do Dallas Mavericks

Você quer saber quem vai vencer o campeonato? É só olhar para o time que é mais agressivo. Contra os Spurs nós fomos os agressores; contra o Denver fomos agredido” Jason Terry, armador do Dallas Mavericks

Esta “agressividade” é o estilo de jogo do time: ataque à cesta e defesa forte o tempo todo. O Dallas e o New Orleans sentiram bem isto e não conseguiram neutralizar o jogo físico do Denver. Com Martin, Nenê e Andersen o garrafão está bem protegido e os adversários pensam várias vezes antes de infiltrar ou de irem buscar um rebote.

Importância de Chauncey Billups:Imagina 300 (o filme) sem o Rei Leônidas I. Teriamos 299 guerreiros atléticos, correndo selvagemente e cortando quem aparecesse na frente sem ter um plano. Leônidas – ou no caso, Billups – trouxe um foco, liderança e propósito para um time atlético e talentoso. Agora existe uma meta e ele está levando a equipe até lá... Que venha Xerxes!” Scott Hastings, comentarista local da TV Altitude nos jogos dos Nuggets. Jogou de 1982 a 1993 na NBA e foi campeão em 1990 com o Detroit Pistons.

Que comparação esta de Hastings! E ele tem razão. Pra quem quiser um comentário mais simples sobre Billups (foto à esq.), eis Chris Paul, armador do New Orleans Hornets: “Ele está jogando tão bem quanto qualquer um da liga”. É a sétima final de conferência seguida que Billups disputa.

Chance de Título:Eu não só acho que eles (Denver) vão vencer Lakers ou Houston: acredito que eles vão passar pelo Cleveland Cavaliers também”. Charles Barkley, comentarista da TNT, rede de televisão a cabo (EUA). Jogou de 1984 a 2000 na NBA e fez parte do “Dream Team”. Ganhou um Emmy (prêmio para os destaques da TV americana).

Esta opinião do “Sir” Charles é mais comum do que se pensa, principalmente entre aqueles que vivem a NBA diariamente. Muitos concordam que os Nuggets passam no teste do “olhar”: eles parecem, se comportam e jogam como campeões. Esta definição não se mede com números e estas características não são mostradas nas estatísticas. Veja o que Rick Carlisle, treinador do Dallas, disse após enfrentar o Denver e ser eliminado em 5 jogos: “Se engana quem pensa o contrário: Denver é um legitimo candidato ao título. Esses caras estão jogando acima da média. Eles tem uma grande oportunidade, uma grande chance de verdade para vencer até o final”.



© 1 Garrett Ellwood / Getty Images
© 2 Mark Leffingwell / Reuters
PS: Leia "Em Busca de Um Líder", texto que traça um paralelo entre Chauncey Billups e Carmelo Anthony (publicado em 10/03/2009)

Se até Tony Soprano Precisa... A Terapia de Ron Artest


O personagem principal do premiadíssimo seriado da HBO “The Sopranos” (retransmitido pelo SBT) fazia algo no mínimo curioso: Terapia. Imagina um chefe da máfia se encontrando com uma mulher para falar dos problemas familiares e assuntos pessoais... Tony Soprano (interpretado por James Gandolfini) fazia isto porque o ajudava no seu relacionamento; ele percebeu que as conversas melhoravam sua maneira de ver a vida.

Na mesma situação está Ron Artest.

Não é de se estranhar que, no jogo 2 da série contra os Lakers pela semifinal da Conferência Oeste, após ser expulso devido a um desentendimento com Kobe Bryant, Artest tenha ido “apenas” falar com os árbitros e depois sair de quadra normalmente? E que no jogo 4, quando ele teve um pequeno entrevero (de novo) com Kobe, os dois apenas conversaram e seguiram com a partida?

Isto aconteceu porque Artest está com um comportamento mais calmo. Resultado das conversas.

O responsável por fazer este serviço terapêutico com Ron é o diretor do programa de jogadores do Houston Rockets, Shawn Respert. Ele é o mentor e confidente de Artest e está trabalhando especificamente com o ala desde o inicio do campeonato.

A evolução desta nova postura do jogador está impressa nos seguintes números desta temporada regular: 3 faltas técnicas, nenhuma falta flagrante e nenhum envolvimento perigoso fora de quadra. Dados que impressionam até o próprio jogador:

Foi ótimo. Apenas joguei basquete. Quando acabou a temporada e olhei pra trás, pensei comigo mesmo: ‘Uau! Consegui completar um campeonato pela primeira vez em um longo tempo’. Fiquei muito feliz” disse Ron Artest ao NY Times.

Esta surpresa não é demonstrada apenas por ele, mas pelos seus companheiros, pela imprensa e pelos torcedores, que agora estão conhecendo esta nova fase de Artest, diferente daquele jogador problemático da NBA.

A característica de um cara físico, tipo “durão” era mostrada porque assim era a sua personalidade. As atitudes dentro de quadra eram reflexos do que acontecia fora dela. Um garoto urbano, que passou pelos problemas de crescer na periferia e chega ao melhor basquete do mundo, leva consigo as experiências vividas na infância.

Ele estava na quadra em um incidente que chamou a atenção do mundo do basquete em 1991, quando um garoto de 19 anos foi morto numa quadra no Queens, New York. “Quebraram a perna de uma mesa, um cara pegou a madeira e estancou no coração do menino. Eu tava lá e vi o garoto morrer na quadra. Tudo era muito competitivo.” disse Artest sobre este incidente.

Queens, ou mais especificamente, Queesnbridge (QB), foi o bairro que Ron cresceu. O berço da música rap, QB sempre foi considerado um lugar extremamente violento e cheio de perigos. O ambiente a sua volta foi moldando Artest “Ron ao longo de sua vida foi um lutador, um guerreiro” diz Shawn Respert “Agora ele está mudando esta mentalidade, ou seja, aplicando estas características na dose certa”.

Alguns momentos foram decisivos para Ron Artest buscar ajuda para melhorar sua imagem. O mais marcante foi a fatídica briga entre Indiana Pacers (time dele na época) e Detorit Pistons no dia 19 de Novembro de 2004, que teve iniciou com ele e Ben Wallace (Pistons). Uma das piores imagens da história da NBA, quando os jogadores transferiram a briga dentro de quadra para a arquibancada, depois de um torcedor dos Pistons jogar um copo de cerveja em Artest. Sempre que este momento for lembrado, o nome de Artest será citado como grande responsável por tudo que aconteceu

Lidar com o câncer da sua filha de cinco anos, Diamond, também fez Artest mudar de atitude - ela está respondendo bem a quimioterapia. Uma viagem à África promovida pelo sindicato dos jogadores abriu a mente de Ron, que pretende voltar ao Kenya depois dos playoffs. Sobre estas situações, quem dá o testemunho é seu companheiro de time Dikembe Mutombo: “Lá ele viu o sofrimento do povo pobre, as doenças... fazendo com que ele relacione estes fatos com o que aconteceu com ele e sua filha. E você não encontra muitos jogadores que dizem: ‘Amanhã eu vou voltar para a Africa e fazer alguma coisa’.”

Estas experiências são com uma introspectiva para o jogador. Fez com que ele refletisse sobre sua imagem perante o público da NBA. Já é passado as inúmeras faltas técnicas, as brigas, a prisão por violência doméstica... Agora ele está se recuperando com o remédio terapêutico mais barato que existe: Conversa.

Ele expõe todas suas emoções apenas pelo ato de falar, conversar” diz o “terapeuta” Shawn Respert.

O mesmo aconteceu com Tony Soprano. O “poderoso chefão” temido por muitos, mas que toda semana estava lá no escritório da Dra. Jennifer Melifi (interpretada por Loarraine Bracco) apenas para conversar. Logo no primeiro episódio da série, Tony admite “Falar realmente ajuda...

Lição que Ron Artest já aprendeu.


© 1 Noel Graham / Getty Images
PS: Leia "O Desconhecido" artigo sobre Danny Granger, vencedor do prêmio de jogador que mais evoluiu da temporada 2008-09 (publicado dia 27/03/2009)

As 10 Rivalidades da MLB

Semana passada, a revista Forbes (especializada em economia), divulgou uma lista com as 10 maiores rivalidades da MLB, usando como critérios fatores financeiros e esportivos. A Forbes é conhecida por seus famosos rankings (a lista dos bilionários, os times mais ricos do mundo, e etc.).

Pela perspectiva esportiva, a Forbes calculou, desde 1950, quantas vezes os clubes terminaram em primeiro e segundo na divisão e por quantos jogos eles terminaram atrás na classificação um do outro.

Pela perspectiva econômica, o critério é interessante: quanto que um fã pagaria a mais por um ingresso para assistir um jogo contra seu rival e a diferença de preço de um ingresso para um jogo “normal” em comparação com um clássico. Somando a vontade dos torcedores em acompanhar os jogos de rivalidades e a margem de lucro que as franquias ganham nestas partidas, resulta numa movimentação financeira importante nestes tempos de crise econômica.

Esta organização diferenciada para os clássicos vai ser especialmente fundamental nesta temporada. Em comparação com o ano passado, as vendas de ingressos estão em baixa - 1 milhão a menos (até 6/05). Por isso que serão nos clássicos que os clubes vão ganhar um dinheiro com a venda de ingressos.

Veja a lista das 10 rivalidades da MLB, segundo a revista Forbes.

1 San Francisco Giants x Los Angeles Dodgers
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 12
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 44%

Rivalidade que vem do tempo de New York e teve o primeiro jogo realizado no dia 19 de Maio de 1883, quando os Giants eram New York Gotham e os Dodgers Brooklyn Atlantics. Muita história aconteceu nestes 126 anos de rivalidade e uma das grandes curiosidades foi o pedido feito, em 1957, pelo dono dos Dodgers (Walter O´Mailley) para o dono dos Giants (Horace Stoneham) que o acompanhasse na mudança para a California. Apesar de querer ir para Minnesota, Horace aceitou o conselho e foi para San Francsico e os Dodgers para Los Angeles, aumentando mais a rivalidade, que além de ser das franquias, passou a ser das cidades. Nomes como Wiilie Mays, Juan Marichal, Sandy Koufax, Roy Campanella, Duke Snider, Jackie Robinson, entre outros "hall da fama" participaram deste clássico.

2 New York Yankees x Boston Red Sox
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 11
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 22%

Esta série se encaixa aqui mais pelo ódio entre os torcedores do que pela competição em si. Há um longo domínio dos Yankees no confronto, com os Red Sox sendo competitivo apenas nos últimos 10 anos (primeiro jogo foi em 1901).

3 Detroit Tigers x Cleveland Indians
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 1
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 15%

A rivalidade foi renovada em 2006 e 2007 com ambos os clubes brigando pelo título da divisão central da Liga Americana, com os Tigers chegando a World Series em 2006 e os Indians vencendo a divisão em 2007.

4 Chicago White Sox x Cleveland Indians
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 8
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 0

Tudo teve inicio com a criação da divisão Central da Liga Americana em 1994. Curiosidade: em 15 de Julho de 1994, um juiz confiscou o taco do Albert Belle (Indians) por suspeita de estar com cortiça. O arremessador do Cleveland, Jason Grimsley, roubou o bastão e devolveu para Belle. Quando o roubo foi descoberto, Belle foi suspenso, mesmo Jason assumindo a responsabilidade. Albert Belle causou mais controvérsia quando assinou um longo contrato com Chicago em 1997.

5 Pittsburgh Pirates x Philadelphia Phillies
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 5
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 0

Nas décadas de 70 e 80 a rivalidade era mais intensa. Ela diminuiu quando os clubes mudaram de divisão e com praticamente uma década sem os Pirates ter um time competitivo. Hoje é uma rivalidade local (times do mesmo estado: Pensilvânia), ocorrendo partidas só nos encontros entra as ligas Americana e Nacional que acontece no meio da temporada.

6 Chicago Cubs x Saint Louis Cardinals
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 0
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 14%

O nível de competição é baixo, já que os Cardinals dominam a série sendo mais competitivo nos últimos anos e sempre marcando presença na pós-temporada. O duelo de 1998 entre Mark McGwire (Cardinals) e Sammy Sosa (Cubs) para quebrar o recorde de HR´s em uma temporada é considerado o momento chave do esporte, que estava em baixa desde a greve de 1994.

7 New York Mets x Philadelphia Phillies
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 3
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 4,5%

É uma nova rivalidade que cresceu nas últimas três temporadas. Fica na memória o ano de 2007 quando os Mets desperdiçaram uma liderança na divisão leste da NL de sete jogos nas últimas 17 partidas da temporada para os Phillies, o que muitos consideram o maior colapso de um time em toda a história da MLB

8 Hosuton Astros x Saint Louis Cardinals
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 2
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 8,5%

Já foi acirrada, mas como os Astros estão em processo de reconstrução, esta é mais uma série de domínio dos Cardinals

9 New York Mets x Atlanta Braves
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 4
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 0

Aqui a rivalidade é só do lado dos torcedores dos Mets. Nunca teve uma competição verdadeiramente equilibrada, basta os 14 títulos seguidos de divisão dos Braves como exemplo. Mesmo quando terminou em segundo lugar, os Mets não causavam preocupações para o Atlanta; em 1998, por exemplo, os Braves ficaram 18 jogos a frente dos Mets...

10 Oakland Athletics x Chicago White Sox
Temporadas com 1º e 2 º lugares na divisão: 1
Aumento atual dos ingressos para o clássico: 0

O problema desta rivalidade foram as mudanças dos times: de cidade (Athletics – Philadelphia, Kansas City e Oakland) e de divisão (Chicago – Liga Americana, Oeste da LA e Central da LA). Ela foi importante nos anos 70, com a dominação dos Athletics conquistando três títulos seguidos da World Series (72, 73 e 74)

Com reportagem da Forbes: Baseball´s Most Intense Rivalries

Super Bowl em Londres: Realidade ou Insanidade?


Desde 24 de Abril, quando a BBC (rede de televisão inglesa) colocou no ar uma reportagem sobre a possibilidade da cidade de Londres sediar a final da NFL, os mais diversos comentários surgiram sobre o assunto; torcedores e imprensa contra, NFL e Londres a favor.

Mesmo Roger Goodell, comissário da NFL, ter negado qualquer conversa “oficial” com Londres a respeito, muita gente dentro da liga apóia a idéia. O “não” dado por Goodell veio para responder aos fãs que criticaram com veemência a idéia do Super Bowl (SB) ser realizado fora dos EUA.

Porém, o negócio é mais sério do que parece. O interesse da capital da Inglaterra para ser sede do jogo é gigante e a liga também está interessada, já que estamos falando de negócios. Londres, representada por Frank Supovitz, está no processo de conversar com os organizadores de SB´s passados para preparar o caderno de encargos que, aliás, é mais caro e mais exigente do que o das Olimpíadas.

O plano é ser sede da final em 2014. Até lá os outros locais estão definidos: 2010 – Miami, 2011 – Dallas/Arlington, 2012 Indianapolis. A sede de 2013 será escolhida agora em Maio com as cidades de Nova Orleans (favorita), Miami, Glendale – Arizona e Tampa - Florida concorrendo à vaga.

O diretor-comercial do estádio Wembley, Jonathan Gregory, disse ao Daily TelegraphNós faremos de tudo para trazer este fantástico evento para Londres”. Esta confiança pode ser creditada ao sucesso dos dois últimos jogos válidos pela temporada regular da NFL que ocorreram no estádio inglês. Em 2007 a partida entre Giants e Dolphins teve 80.000 espectadores. No ano passado, 83 mil pessoas assistiram os Saints contra os Charges e os ingressos para a partida em Outubro deste ano entre Tampa Bay e New England foram vendidos mais rápidos do que para os outros dois jogos.

Nenhuma dúvida há em relação à venda de ingressos para o “suposto” jogo e nem sobre a capacidade de Londres em receber o SB. A cidade está se preparando para receber os jogos Olímpicos de 2012 e usará toda a infra-estrutura para recebe a decisão da NFL. Todas as instalações foram aprovadas pela liga que quebrou um tabu ao realizar o primeiro jogo de temporada fora dos EUA e terá que quebrar mais um porque o SB nunca foi realizado fora de uma cidade que não tenha uma franquia da NFL.

O nosso entendimento é que a NFL é uma propriedade global” disse Mark Walker, diretor de Vendas e Marketing da NFL “Temos uma grande audiência no mundo todo e Londres é uma incrível cidade dentro da perspectiva do torcedor. Não acho uma proposta tão irreal assim”.

Se os negócios ($) podem levar o SB para a Europa, a tradição pode mantê-lo em seu lugar.

As reações dos torcedores foram das mais variadas, contudo, a grande maioria contrária a idéia. Argumentos dos mais variados surgiram como “Imagina uma final de cricket em Detroit?” ou “E se a final da Champions League entre Manchester e Chelsea fosse realizada em Dallas?”. Estes são os argumentam dos tradicionalistas, dos que pensam: “O Super Bowl não pode sair da America”

Agora, apesar do horário do jogo mudar (seria a tarde nos EUA e não à noite) a audiência diminuiria? Será que o evento seria prejudicado pela mudança de local (pais)? Ou exatamente por ser um local diferente chamaria mais atenção?

Perguntas que serão respondidas ao longo deste debate que só está começando...


© 1 Matthew Childs / Action Images

Parece o Brasil


Existe um erro grave na imprensa esportiva (futebolística!) brasileira: mesmo após uma grande partida de futebol os comentários são, de forma excessiva, sobre impedimentos, faltas, pênaltis não marcados... destacando mais o árbitro do que os jogadores. Bom, nestes playoffs da NBA, a imprensa americana está seguindo esta mesma linha.

Nesta semana, Kenny Smith (comentarista da TNT) disse: “A arbitragem boa é aquela que não aparece. Aquela que ninguém se lembra dos nomes dos juízes”. Não é parecido com o que se escuta no Brasil nas noites de domingo?

As discussões sobre os árbitros e sua postura dentro de quadra estão ocorrendo também nos escritórios, nas escolas, nos encontros de amigos... Por exemplo: a cotovelada de Kobe Bryant no Ron Artest (Jogo 2 entre Lakers e Rockets) e uma possível punição para o camisa 24 de LA gerou mais debate do que sua performance de 40 Pontos...

Muitas jogadas polêmicas nesta pós-temporada aconteceu para alimentar ainda mais este debate. O pessoal da comunidade NBA Brasil no Orkut, fez observações importantes sobre estas jogadas:

Primeira Rodada – Jogo 5 – Chicago Bulls x Boston Celtics: O pivô do Chicago, Brad Miller, estava indo em direção a cesta no final do jogo e sofreu uma dura falta de Rajon Rondo, armador do Boston. Os árbitros entenderam como uma falta normal (dois lances livres). Porém, vendo as imagens pela televisão, se entende que Rondo fez uma falta flagrante (fot à dir. A boca de Miller sangrou na jogada). Vinny Del Negro, treinador do Chicago, disse após o jogo que Rondo deveria, também, ser punido com uma falta flagrante em Kirk Hinrich, no lance que o jogador dos Bulls bateu o rosto na quadra após um “agarra-agarra” com Rondo. Hinrich precisou de curativos no supercílio para continuar na partida.

Primeira Rodada – Jogo 5 – Orlando Magic x Philadelhia 76ers: Em uma disputa de rebote, Dwight Howard (pivô do Magic) acerta Samuel Dalembert (pivô dos Sixers). Howard recebeu uma falta técnica e a associação o suspendeu do jogo 6 (o Magic venceu sem ele e avançou). Mas, o lance não era para expulsão? Muitos argumentam que sim. Se tivesse saído do jogo 5, Howard não teria marcado 24 pontos e pego 24 rebotes, fator fundamental para a vitória do Orlando.


Segunda Rodada – Jogo 1 – Los Angeles Lakers x Houston Rockets: Shane Battier precisou de curativo após levar uma “braçada” de Sasha Vujacic em disputa por rebote. O lance foi tão forte que derrubou o jogador do Houston. A imagem que vai ficar marcada desta jogada é o rosto de Battier manchado de sangue (foto à esq.).


Segunda Rodada – Jogo 2 – Lakers x Rockets: Esta partida teve de tudo, até jogo de basquete. Dois Jogadores foram expulsos (Derek Fisher e Ron Artest) e cinco faltas técnicas foram marcadas. O grande ponto de discussão foi uma disputa por posição no garrafão defensivo do Los Angeles entre Kobe Bryant e Artest; para Artest, Kobe lhe acertou uma cotovelada. Os árbitros não viram, Ron ficou indignado e partiu pra cima de Bryant, sendo então expulso. Para apimentar mais este duelo, Kobe disse após esta partida: “Se você que jogar com contato (refrindo-se a Artest) você precisa também aceitar contato...”

Veja que os jogadores entram também neste debate. Quem não fica de fora também são os treinadores que, assim como (às vezes) acontece aqui em nosso país, são punidos por suas declarações, dependo claro do teor delas. Três treinadores foram multados em 25 mil dólares cada por criticas a arbitragem. O detalhe é que dois destes técnicos eram adversários e criticaram o mesmo trio de árbitros...

Outro tema comum entre nós brasileiros com o futebol e os americanos com a NBA e sobre os critérios. A história que ouvimos por aqui é a mesma de lá: que os juízes tomam controle do jogo logo no inicio, mostrando se são rigorosos ou dos que deixam o “jogo rolar”. Qual a modo ideal? Decida-se escolhendo um dos lados.

Lado “do deixa rolar”: Jeff Van Gundy, comentarista da ESPNNos minutos finais de um jogo, eu prefiro que os árbitros façam vista grossa e deixem os jogadores decidirem. Há momentos que é preciso deixar passar algumas faltas.”

Lado rigoroso: Rick Adelman, técnico do Dallas Mavericks e Presidente da Associação dos Treinadores da NBA “Se coloque como dono de um clube. Você investiu milhões para montar uma equipe competitiva e está nos playoffs. Você quer que os árbitros apitem de forma diferente, usando um critério para os três primeiros períodos e outro para o quarto? Esta é uma questão de ética: o jogo tem que ser apitado com o mesmo critério e que as regras sejam cumpridas”.

Será que Milton Neves tem razão? Existem faltas e FALTAS! como ele sempre diz? Os árbitros estão sobre os olhares de todos que acompanham a NBA para serem julgados como certos e/ou errados. Mas, por favor, (pedido às emissoras americanas) não coloquem comentarista de arbitragem nas transmissões da NBA! Dick Bavetta, 68, (foto acima) então encontraria um motivo para se aposentar...


© 1 Reuters
© 2 AP
© 3 Noah Graham / Getty Images

Jornada Premiada



O dia das recordações. Assim ficará marcado 4 de Maio de 2009 na vida de LeBron James, data que o jogador do Cleveland Cavaliers recebeu o prêmio de MVP (melhor jogador) da temporada 2008-09 da NBA. Antes de ir para a premiação, LeBron refez a rota que o levou ao estrelato; do menino de 16 anos (foto à esq.) para o grande destaque hoje da associação (foto à dir.).

Ele fez questão de ir até Akron, cidade vizinha de Cleveland (estado de Ohio) e visitar a escola que o colocou em evidência no basquete: St. Vincet – St. Mary (STVM). Lá, LeBron desenvolveu o seu jogo de tal maneira que muitos especialistas diziam que ele poderia entrar no draft 2002 da NBA aos 16 anos. Optou por não desafiar as regras da NBA, que permitia só jogadores acima de 18 anos para jogar na liga, e completou os quatro anos do ensino médio (2000-2003), ganhando todos os títulos possíveis, e fazendo a cidade de Akron e a escola católica famosas.

A popularidade de LeBron James era enorme. Em seu último ano na STVM, os ingressos para assistir um jogo da equipe de basquete chegavam aos 120 dólares. Nomes como Shaquille O´Neal e Michael Jordan iam assistir jogos do garoto. As finais do torneio estadual de Ohio de 2002 foram transmitidas pela ESPN2 e através do pay-per-view (nos EUA). Este sucesso já era uma prévia do que viria pela frente em sua carreira.

O adolescente ainda tinha que lidar com o assédio na cidade, típico de uma celebridade.

Certa vez, LeBron estava num restaurante em Akron e a garçonete chegou até ele perguntando: “É pra você que eu tenho que pedir um autógrafo?” James respondeu “Talvez... Acho que sim. Mas pra quem é?” A moça então deleta os “tietes” “Para os caras da cozinha...” E LeBron assinou um papel que iria para pessoas com o dobro da sua idade, algo que se tornaria bastante normal.

A chegada à NBA (foto à esq.) não poderia ter sido melhor: Cleveland. Jogar para o time local, que precisava de uma renovação, foi um alento para os fãs e para Gordon Gund, então dono da franquia, que comprou o clube por U$ 20 milhões em 1983 e vendeu para Dan Gilbert em 2005 por U$ 375 milhões. Conclusão do super lucro: Efeito LeBron. Assim que chegou nos Cavaliers, James não só transformou o time, mas colocou Cleveland de volta no mapa esportivo, se tornando uma marca particular do estado de Ohio. “Este é o lugar onde todos os meus sonhos se tornaram reais. Na verdade, não há melhor lugar” disse ele na entrevista coletiva da premiação.

Existe esta clara dependência entre LeBron James e os Cavaliers. Cleveland não chegaria ao nível da elite do basquete atual sem LeBron, que não conseguiria ao prêmio de MVP sozinho. Apesar de que LeBron se esforçou muito individualmente, desde a infância, para chegar neste status.

Muitos caras sabem jogar basquete. Mas muitos não entendem o jogo com um todo, sabe? Eles podem ser os cestinhas, porém eu vejo o jogo diferente, vejo as coisas antes de acontecerem... Sabe aquele jogador que faz o time todo melhor? Isto é algo que eu aprendi assistindo (Michael) Jordan” dizia LeBron James nos tempos de escola. Sempre com a mentalidade de evolução contínua do seu jogo e da sua equipe.

Exemplo de “evolução contínua do seu jogo”: de acordo com o NBA.com, LeBron James, na temporada passada, teve um aproveitamento de 37,1% nos arremessos de média distância (cabeça do garrafão e laterais). Na inter-temporada ele treinou este arremesso especifico por três horas diárias. Resultado: aproveitamento de 43,8% neste campeonato.

Exemplo de “evolução continua... da sua equipe”: tópico bastante interessante. LeBron tinha problemas de visão, que veio dos tempos de garoto até 2008. “Na escola eu sentava na primeira fila. Não enxergava direito um palmo a minha frente”. O curioso é que ele nunca usou óculos, mas fez cirurgias oculares nos últimos seis anos. No ano passado ele se submeteu a LASIK, uma das técnicas usadas (a laser) para corrigir definitivamente os problemas do olho. “Agora eu posso dizer como são as coisas a minha frente (risos). Definitivamente melhorei meu desempenho em quadra, principalmente em relação a armação e as assistências” disse à Sports Illustraded.

Não se engane, mesmo sendo um puro cestinha, LeBron gosta de passar a bola. Em 2003, entrevistado pelo USA Today ele respondeu assim a pergunta “Qual jogador da NBA que lembra o seu estilo de jogo?”. “Penny Hardaway no auge. Ele tem a capacidade de enxergar a quadra toda e ainda pode marcar. Ele é um dos meus jogadores favoritos”.

Hoje LeBron é o favorito de muita gente. Os torcedores o adoram, os técnicos e jogadores o admiram, assim com as empresas ($); ele tem contratos com a Nike, Sprite, Glacéau (bebida energética) e Bubblicious (chiclete conhecido no Brasil por “Babalu”). LeBron é uma das personalidades esportivas mais forte fora das quadras. Mês passado (Abril) ele foi capa da Vogue junto com a Gisele Bündchen (foto à esq.), sendo o primeiro homem negro na capa da conceituada revista de moda e apenas o terceiro homem a aparecer na capa da Vogue, depois de Richard Gere e George Clooney. A reportagem em questão fala sobre o corpo perfeito...

Perfeito... Parece que esta jornada de LeBron James é perfeita. Ou um sonho. Com a palavra LeBron:

Eu tenho 24 anos e recebi este prêmio (MVP). Nunca pensei que chegaria aqui tão rápido. Nunca sonhei em ser MVP, mas se eu disser que não estou gostando deste momento, eu estaria mentindo. A certeza é que trabalho duro e dedicação são recompensados e que sonhos, de fato, se tornam realidade”.



© 1 Atiba Jeferson / SLAM (Arquivo Pessoal)
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Agora Vai?


Como esta temporada será para Zack Greinke e para o Kansas City Royals? Aquela que o arremessador vencerá o Cy Young (prêmio para o melhor arremessador)? Ou será (também) aquela em que os Royals irão para os playoffs pela primeira vez desde 1985, quando conquistou a World Series? 2009 é o ano para as respostas destas perguntas.

A idade é pouca, 25, mas o principal jogador do Kansas City Royals já experimentou de tudo na MLB; de promessa a desacreditado, até chegar neste atual momento no qual ele é a peça chave para recolocar os Royals de volta à elite do beisebol.

No inicio desta década, promessa era a palavra que sempre acompanhava o nome Greinke. Ele foi um jogador acima da média na escola Apopka (Florida - High School, foto ao lado), em apenas uma temporada. Greinke só se tornou um arremessador titular no ano de veterano – 2002 - em um campeonato que ele teve um ERA de 0.55 118 strikeouts e só oito walks. Recebeu as honras de “Jogador Gatorade do Ano” (principal prêmio para os atletas do High School), recusou uma bolsa de estudos da Clemson e entrou no draft de 2002, sendo escolhido pelo Kansas City na 6ª posição - primeira rodada.

Além de passar pelas ligas de base (Minors), Zack jogou também na liga de Porto Rico antes da estréia na MLB, que aconteceu em 22 de Maio de 2004 contra o Oakland Athletics. Foram 24 jogos como titular e apenas 8 vitórias. Em 2005 foram 33 jogos como titular e apenas 5 vitórias...

Era esperado outro tipo de performance em campo, porém problemas fora dele estavam atrapalhando o jogo de Zack Greinke. Ele agora recebe o rótulo de “desacreditado”.

Em 2006 ele foi afastado da organização por um transtorno ansioso social, conhecido por sociofobia (ou fobia social). Esta é uma doença que a pessoa sente um desconforto e fica nervosa quando está exposta a uma avaliação por outras pessoas; no caso de Zack, a responsabilidade de desempenhar em alto nível frente a uma multidão. Esta fobia estava atrapalhando o jogador e a pessoa “Zack Greinke” e a decisão de afastá-lo dos Royals e o mandar para as ligas de base foi uma atitude correta.

Wichita Wranglers (Kansas) é uma das equipes de base dos Royals. Lá ele se viu com tranquilidade para achar o seu jogo dos tempos de escola e arremessar por prazer de novo. Sem querer (ou querendo) os Royals fizeram um grande trabalho de recuperação de um atleta que tinha o potencial, mas não estava conseguindo mostrar isto na MLB. O curto período em Wichita fez que Greinke reencontrasse a vontade de jogar beisebol e deixasse de lado a tal da sociofobia.

O retorno ao time principal do Kansas City em 2007, entretanto, foi gradativo. Passou um tempo no bullpen e só era titular em jogos mais “leves”. A comissão técnica fazia isto para dar mais confiança a ele e para que as performances de alto nível acontecessem naturalmente.

Após este processo de reabilitação, no ano passado Zack voltou a rotação dos titulares em 32 jogos, ganhando 13 e perdendo 10. Conseguiu os melhores números da carreira até então, com um ERA de 3.47 e 183 strikeouts. De fato Greinke estava de volta.

Um mês se passou da temporada 2009 da MLB e quem está com os melhores números entre os arremessadores? Zack Greinke. As 5 vitórias e nenhuma derrota no mês de Abril o colocam como um dos principais nomes da liga no momento. Mas isto não pode prejudicá-lo? Será que ele vai corresponder a esta responsabilidade?

Nada é motivo para preocupação agora. Zack mudou.

A questão não é o que eu posso fazer em um mês” disse Greinke ao Kansas City StarE sim o que eu posso fazer durante todo o ano. Preciso mostrar consistência”.

Apesar de no vestiário ele não ser o jogador mais carismático da franquia (o que é uma questão de personalidade) ele mostra um amadurecimento, mostra que ele está ciente da representatividade do seu nome para o clube e que ele pode contribuir para tornar os Royals novamente relevante para a liga.

Ele está fazendo com que o beisebol se torne importante mais uma vez na cidade de Kansas. É a melhor coisa que acontece a anos no nosso clube” disse Dayton Moore diretor de beisebol (GM) dos Royals.

Dayton tem razão. Zack é manchete em todos os lugares; está na capa da Sports Illustraded, em todos os sites e jornais e é tema de reportagens de TV. Todas as matérias mostram o seu perfil, mas destacam a qualidade dos Royals em geral. Isto alegra o arremessador que sorrindo diz que “pela primeira vez nosso time pode fazer algo relevante, o que contribui bastante para a motivação de todos”.

É questão de tempo ver quão longe vai Zack Greinke na disputa pelo Cy Young. Assim como é questão de tempo ver se de fato o Kansas City Royals estará na briga por uma vaga na pós-temporada.

Será que agora vai?



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