A Dieta do Desafio


Chegar ao topo não é fácil. Ao longo do caminho existem obstáculos e barreiras que estão lá para serem ultrapassadas. Alguns tentam desviar destes impedimentos chamados de desafios, enquanto poucos vão de encontro com a instigação, como se fosse um alimento necessário para sobreviver, uma substância vital na condução rumo ao bom trabalho.

Aqueles que necessitam de desafios são geralmente os mais ousados e triunfantes. Pois além de servir como combustível motor, dá experiência para próximas tarefas que virão pela frente. Russell Westbrook, 21 anos, armador do Oklahoma City, é partidário da dieta do desafio que faz parte do seu dia-a-dia desde quando decidiu jogar basquete. Nestes playoffs, o primeiro de sua carreira, logo surgiu outro estímulo para ele se dedicar a superar a si próprio: passar pela defesa de Kobe Bryant, armador do Los Angeles Lakers.

Quando Westbrook diz que gosta de desafios, ele está afirmando que gosta de vencer, independente das dificuldades impostas pelas circunstâncias ou pelas pessoas. Na High School (ensino médio) seu treinador propôs à Russell um duelo gigante: disputar rebotes contra jogadores mais altos. Então, lá estava o pequeno armador entre pivôs brigando por bolas vindas do aro e da tabela. Ele sempre teve uma boa envergadura e se dava bem contra os grandalhões, aprendendo a se posicionar e ter uma noção mais exata do tempo da bola.

Hoje, a principal característica do jogo de Westbrook é justamente o rebote. Nada vem por acaso. Junto com Deron Williams (Utah Jazz), foram os únicos armadores que terminaram a temporada normal 2009-10 entre os 10 primeiros em pontos, rebotes e assistências (médias por jogo).

A transição para a NCAA foi árdua. O garoto californiano não recebeu boas propostas de universidades, até que a UCLA (Universidade de Califórnia, Los Angeles) cedeu uma bolsa para o armador em 2006, mas só porque Jordan Farmar (Lakers) escolheu ir para a NBA. Não foi chamado para jogar na sua posição, seria reserva de Darren Collison (New Orleans Hornets) ou jogaria como armador-arremessador. Russell não hesitou e aceitou, afinal era mais um desafio.

Nas duas temporadas com UCLA, a tradicional universidade chegou ao Final Four em ambas. Atuar na posição número 2 foi bom para Westbrook, que pôde aprimorar mais o seu arremesso e adicionar outro fundamento ao seu repertório. Em 2007 ele jogou como armador, o que aconteceu somente porque Collison se lesionou. Depois de dois campeonatos, Russell decidiu ir para a NBA, mesmo com os scouts (olheiros) não lhe dando muito ibope, pois não sabiam a sua real posição/estilo de jogo.


Mais um desafio. Westbrook sempre foi armador. Ponto final. A questão de ter jogado como chutador só acrescentou mais qualidade a sua forma de tomar decisões, se sentindo confortável, caso o passe não for possível, em arremessar a bola com precisão. Na preparação para o draft de 2008, ele se juntou com Derrick Rose (jogou na Universidade de Memphis e está no Chicago Bulls) no centro de treinamento do BJ Armstrong, tri-campeão da NBA com os Bulls (1991, 92 e 93). As franquias consideravam Westbrook uma escolha intermediária e só o Memphis Grizzlies (5ª escolha) e o Thunder (4ª) mostraram um verdadeiro interesse nele.

Sam Presti, diretor de basquete do então Seattle SuperSonics, pegou Russell na 4ª posição. O time tinha Kevin Durant e Jeff Green, outras duas estrelas da NCAA, e precisava de um comandante que fosse imperativo, tanto em quadra quanto fora dela. Todos estes aspectos Westbrook trouxe ao profissional, se tornando o líder da equipe.

A impressão que se tem em relação ao Thunder e de que “o time é do Kevin Durant”. O cestinha desta temporada descarta esta idéia e diz quem de fato manda por lá. “Westbrook é o líder. Basta assistir um dos nossos treinos ou jogos, ele nos mantêm unidos.”

O exemplo também é dado quando estão longe dos uniformes. Embora tenha largado a faculdade restando dois anos para a graduação, Westbrook estuda nas férias, vai à sala de aula e só irá parar quando conseguir o diploma. Num tempo que jovens atletas não se importam com a educação, despreocupados com o que fazer ao se aposentar do jogo, Westbrook deixa mais um desafio para trás e mostra que é possível se dedicar aos livros mesmo com milhões de dólares garantidos na conta bancária.

A NBA exigiu muito de Russell logo na sua temporada de novato e Scott Brooks, treinador, estabeleceu como meta corrigir uma falha do seu armador titular: erros. A estupenda evolução do Thunder e a ascensão de Brooks (vencedor do prêmio de Melhor Treinador da temporada 2009-10) não foram meras coincidências, veio de mãos dadas com o carinho maior que Westbrook teve com a bola, errando menos e vencendo mais um desafio.

Nestes playoffs ele fez partidas memoráveis, principal razão por a série está 3 a 2 (melhor de sete) a favor dos Lakers. Nos quatro primeiros jogos ele foi destaque, principalmente no jogo 4, quando atuou por 29 minutos, marcou 18 pontos, 6 assistências, 8 rebotes e cometeu 0 erro. Tudo ia muito bem até aparecer Kobe Bryant.


A média de Westbrook nas quatro primeiras partidas foi de 22 pontos por jogo, convertendo mais de 50% dos arremessos de quadra. Phil Jackson, treinador dos Lakers, contou ontem após o jogo cinco (LA 117 x 87 OKC) uma conversa que ele teve com Kobe: “Na segunda [26] estávamos na sessão de vídeos estudando o Thunder. Aí Bryant disse pra mim ‘Quero marcar Westbrook’ e eu disse ‘Tá bom’”.

Kobe, um dos melhores defensores da liga, anulou Russell, que converteu apenas 4 de 13 arremessos e cometeu 8 erros – foram 6 erros nos quatro primeiros jogos somados.

Depois de tudo o que passou, não é possível dizer que Russell Westbrook tem uma missão impossível de ser realizada. Não será fácil, porém ninguém disse que seria diferente. Foram tantos os obstáculos deixados pra trás e é inevitável ver qual será a resposta do armador do Thunder perante Kobe.

O desafio está na mesa.



(GL)


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Leia Também: Contrates do Eu (Kevin Durant) - artigo publicado dia 23/11/2009

O Problema em Saber Demais


Prioridade é aquilo que se busca com toda a dedicação e vontade; algo de interesse fundamental em um determinado período de tempo. Todos os jogadores que entram na NCAA recebem o nome de estudante/atleta e muitos deles estudam, mas tem como foco principal o esporte. Estes têm grandes chances de brilharem na NBA, NFL, MLB...

E se o atleta concentrar mais nos estudos, quer dizer que ele não será um jogador de destaque? Myron Rolle, o melhor jogador do High School da classe de 2006, entrou para a universidade – Florida State – para jogar, porém acabou fazendo a mais concorrida pós-graduação do mundo conhecida como Rhodes Scolarship na Universidade de Oxford, Inglaterra.

Este dúbio interesse deixou os clubes da NFL em dúvida. Rolle não completou o ciclo de quatro anos em Florida State porque concluiu o curso de Ciência Física – que estuda os movimentos da ciência no corpo humano, via esporte – em apenas 5 semestres. Mesmo sendo titular do time durante três anos (Rolle joga de safety), ele optou ir para Oxford e foi um dos seletos 32 alunos que recebem a bolsa de estudos Rhodes anualmente.

Ele se manteve no caminho da medicina social e fez um mestrado de Antropologia Médica – que estuda aspectos da medicina nas áreas humanas da sociedade. A decisão de escolher Oxford ao invés do football fez com que os scouts (olheiros) se tornassem céticos quanto ao real desejo de Rolle em ser um jogador da NFL. Sendo assim, sua cotação no draft deste ano caiu bastante.

Mesmo na Inglaterra e distante da bola oval, Rolle fazia treinos diários, físicos e técnicos, com a ajuda do seu irmão. Isto lhe rendeu um convite para participar do Combine (avaliação pré-draft), uma oportunidade para os scouts das franquias verem de perto como estava o safety. Até que ele não foi mal nos treinos, mas a descrença permanecia com poucos acreditando que ele pudesse se tornar o grande jogador que foi um dia.

O questionamento surge desta forma: no HS ele foi o melhor porque o football era sua principal atividade; já na Florida State, a atenção era dividida entre os estudos e o esporte, com Rolle recebendo críticas da comissão técnica por passar muito tempo com os livros... O que era para ser louvado recebe uma opinião inconsistente, deixando a mensagem que o estudo para o atleta universitário não é tão importante como aparenta ser.


Apesar de tudo, o que Rolle precisava era que um clube tomasse uma atitude sábia e madura, se posicionando na defesa de que pessoas inteligentes e dotadas de um conhecimento acima da média podem atuar na NFL. O Tennessee Titans, com a tutela do treinador Jeff Fisher, aposta em Myron ao escolhê-lo no final da sexta rodada (207ª posição). Em um momento que a NFL passa por uma séria crise de imagem com atletas se envolvendo em escândalos extra campo, Rolle refresca um pouco o clima, mostrando que alguém que usa terno, toca saxofone e piano pode jogar football de alto nível.

Com os Titans ele encontra um sistema que irar ajudá-lo. O fato de ter o safety Chris Hope (formando de Florida State) ao seu lado será um auxilio fundamental para dar dicas de como se portar na defesa da equipe. Outro fator importante é que os Titans escolheram outro safety neste draft – Robert Johnson, Utah – o que alivia a pressão sobre Rolle, que deverá participar do time de especialistas e com o tempo irá conquistar seu espaço.

Como inspiração, Myron pode olhar para outro jogador que foi um bolsista Rhodes e atuou com êxito na NFL; curiosamente recebendo as mesmas baixas avaliações. Pat Haden, QB do Los Angeles Rams de 1975 a 1981 foi draftado na sétima rodada (176ª posição) porque os scouts acreditavam que ele não tinha a NFL como sua preferência pessoal ao escolher ir para Oxford. Haden era o terceiro QB no elenco, mas logo na sua primeira temporada teve que assumir a titularidade porque os outros dois QB´s se machucaram. Aos poucos ele foi ganhando mais confiança e ficou com a vaga. Levou os Rams a duas decisões da NFC e foi ao Pro Bowl em 1977 - atualmente é comentarista dos jogos da Universidade Notre Dame na rede de TV americana NBC.

Antes do draft, surgiu diversas opiniões sobre se a decisão de ir para Oxford foi a mais sábia por parte de Rolle. Pessoas argumentaram que ele deveria esquecer o football e se dedicar a medicina. Outras diziam que ele deveria esquecer a medicina e se dedicar ao football. Por ser perspicaz, ele não dá muita atenção a estes tipos de comentários; caso fosse relevar, não saberia o que fazer e ficaria confuso.

Myron soube desde cedo que tinha uma inclinação para a aérea médica. Livros que leu na adolescência criaram um fascínio sobre a matéria. Escolheu a parte de medicina social para aproximar mais o conhecimento científico do povo e fazer este elo de exatas-humanas. Esta curiosidade surgiu de forma natural e Rolle só fez seguir o que ele acredita ser o certo.

O receio de cogitar que ele passará lendo teses e cadernos científicos em detrimento do playbook defensivo, é totalmente equivocado. É tudo uma questão de prioridade.


Ao ser aprovado no teste da Oxford, seu pensamento mudou e ele se concentrou em estudar e não perder uma oportunidade singular e especial. Quando recebeu o diploma de conclusão, seu pensamento mudou de alvo, direcionando todo seu tempo se preparando para o draft.

Como é hora de aprender, esta será uma fase fácil para Rolle. Na sala de aula, nunca foi adepto de notebooks ou vários cadernos. Prefere prestar atenção, arquivando os dados na mente e depois passando para o papel. A tendência é que ele fique no banco em sua temporada de novato, porém não estará distraído e sim olhando para o campo, estudando todos os detalhes de como se tornar um jogador sólido na NFL.

Os Titans estão de parabéns por dar a si mesmo a chance de ter um cara diferenciado no elenco. Afável e benevolente, prontamente conquistará os companheiros de time, passo importante para uma boa adaptação na liga. Os invejosos rangerão os dentes, por assistirem um rapaz esperto, atleta e camarada desfrutando do sucesso.

É tudo questão de prioridade. Enquanto uns tem como passatempo cuidar da vida dos outros e pensam que sabem o suficiente para determinar o que é correto ou o que é errado para o próximo, os mais sagazes agem com personalidade e fazem com amor o que entendem ser importante, não deixando escapar oportunidades e nem desperdiçando o dom recebido. Estas pessoas são conhecidas como felizes.



(GL)


© 1 G. Fiume / Getty Images

Jovem com Skate na Terra de Outrora


Apto em mudar o jogo sem mudar o esporte, Tim Lincecum continua sua caminhada na tradicionalíssima MLB andando na contramão dos padrões estabelecidos. Numa liga que tem uma raiz no passado só comparada ao que acontece com o futebol e mantém os pés no chão frente a qualquer avanço tecnológico, um dos seus ícones anda flutua no ar; não que seja um sonhador contumaz, são apenas os ollies e varial*.

Ele está trazendo para o beisebol cada vez mais jovens torcedores, que tem fotos em cadernos, pôsteres nos quartos... Se ele estiver em uma foto sem o uniforme do San Francisco Giants, alguém perguntará: “Em qual banda de rock ele toca?” ou “Este cara vai estar no filme Eclipse da série Crepúsculo?”. Indagações estas são normais e surgem aos montes. Bem que Lincecum poderia andar com uma carteira de filiado ao sindicato dos atletas da MLB com os dizeres: Vencedor do Cy Young em 2008 e 2009.

Caso tal documento existisse, seria bastante útil, pois são muitos os que duvidam. Como um magricela com um rosto de adolescente atua na MLB? Esta descrença é comum e foi exposta pelos seguranças dos Giants em 2007, sua temporada de novato. Os brutamontes não deixaram Lincecum entrar no campo de treinamento, questionando a autenticidade da frase: “Eu sou o novo arremessador titular dos Giants”. A resposta veio num irônico: “Ah tá. Sei...”

O jeitão despojado de ser não será deixado de lado só porque ele é o que é. Quando acabam os treinos e os jogadores do time entram nos carrões que “falam europeu e japonês”, Lincecum coloca um skate no pé e vai de contra o vento e deixa seu cabelo estilo emo vibrar no ar; um cenário perfeito para um grafiteiro inspirado.

Os simples prazeres da vida ainda fazem parte da rotina de Timmy. Certa feita, ele estava junto com seus amigos em um movimentado parque da cidade de San Francisco. Do nada veio uma estúpida idéia (mas ao mesmo tempo divina): “Vamos brincar de arremessar bolas?”. Numa dessas, o valioso braço direito de Lincecum poderia sofrer sérios danos, contudo o sol ensolarado foi irresistível. Então lá estavam os garotos jogando bolas de beisbol para lá e para cá. Os que passavam por perto olhavam, paravam e falavam consigo: “Este não é aquele cara que joga no time da cidade?” Se não fosse pela cabeleira, reconheceriam pela inusitada maneira de arremessar – a perna direita esticada no ar não nega a identidade.


Respeitado pelos amantes do clube, Lincecum é o exemplo fiel de uma pessoa que se diverte, mas reconhece a sua responsabilidade; aquele que entra em campo, veste a camisa e representa. Não gosta de viver em casas de shows, boates e afins; prefere um PlayStation. Os fãs entendem Timmy e a reação sobre a notícia das acusações sobre posse de maconha foi hilária: “Lincecum com uma erva natural no seu carro? Mentira!!!!”. Em novembro de 2009, o carro dele foi parado pela polícia por excesso de velocidade. Ao fazerem uma revista rotineira no automóvel, os homens da lei acharam uma irrisória quantidade de maconha. Pagou uma multa de 513 dólares e as acusações sobre porte ilegal de drogas foram arquivadas; respondeu só por infração de trânsito.

A diretoria deu uma bronca no garoto, mas não foi tão severa assim. Furor mesmo aconteceu quando o veterano outfielder Aaron Rowand viu Lincecum cravar um perfeito kickflip* nas dependências do clube. A bronca desta vez foi grande, com ordens do tipo “imagina se você caísse”, “olha a falta de compromisso”... Timmy ouviu atentamente as admoestações, uma advertência amigável.

Somente as coisas relacionadas com ele em campo que serão mudadas, porque o seu estilo especial fora de campo não será alterado. Em relação ao modo de jogar, a sua bola lenta está na melhor fase, o que faz valorizar ainda mais a bola rápida, que apesar de ter diminuído um pouco a velocidade, continua sendo letal. Até hoje, foram três partidas neste campeonato 2010 e três vitórias. Foram 312 arremessos no total e os adversários conseguiram rebater apenas 13 vezes contra Timmy. O crescimento do seu jogo se mostra constante (o que é assustador).

O contrato com a equipe foi renovado por mais dois anos, num valor total de US$ 23 milhões – em 2009 ele recebeu US$ 650 mil. Houve alguns impasses, mas deu tudo certo e o acordo, fechado em Fevereiro deste ano, foi bom para ambas as partes. A cidade ganha também, visto que Lincecum é admirado pelos habitantes; alguns o elevam a um status de mega estrela. A franquia realiza periodicamente um evento chamado Giants FanFest. No mais recente, Timmy marcou presença, assim como suas amadas seguidoras, que fizeram a promoção parecer uma recepção hollywoodiana.


Tradicionalismo à parte, Timmy vem fazendo seu trabalho e dirigindo uma revolução (sem saber ao certo do que se trata). Ele cria um campo magnético poderoso ao seu redor, atraindo até os mais ortodoxos, criando um elo entre os extremos opostos. Joe Torre, treinador do arqui-rival Los Angeles Dodgers e veteraníssimo na MLB, está na lista dos admiradores de Lincecum:

Sua personalidade é ótima para o esporte. Ele é extrovertido, mas não recebe atenção apenas por isso e sim porque ele consegue combinar esta descontração com performances de alto nível e sérias dentro de campo”.

Com ralação e dedicação, Tim Lincecum ganhou milhões merecidamente. Para balancear o astral, ele precisa descansar e relaxar. Os fãs dos Giants podem ficar tranquilos, já que o skate será deixado de lado por uns instantes, isto porque, como ele disse para seu empresário após assinar o novo contrato, vai comprar uma perua antiga da Volkswagen, daquelas que tem suporte para colocar pranchas de surfe.

Aí ele experimentará o que significa a expressão “E eu tiro é onda!”



(GL)


* ollie, varial e kickflip são básicas manobras feitas com o skate

© 1 Jeff Roberson / AP

NFL Draft 2010 - As Apostas

Quinta dia 22, no Radio City Music Hall na cidade de New York, marcará o início da 75ª edição do Draft da NFL. Será a estréia do evento em horário nobre, dividido em três etapas: a rodada número 1 na quinta, a número 2 e 3 na sexta e de número 4 a 7 no sábado – a ESPN fará a transmissão ao vivo dos dois primeiros dias.

Desde o coroamento do New Orleans Saints como campeão da temporada passada, houve muita movimentação no mercado de jogadores e a cada negociação concretizada o panorama do draft mudava. A mais significativa delas foi a ida do QB Donovan McNabb para o Washington Redskins. O time da capital federal americana tem a quarta escolha e inclinava-se a favor de QB Jimmy Clausen (Notre Dame), mas com a chegada do veterano jogador (ex-Philadelphia Eagles), Mike Shannahan, treinador do Washington, deve optar por um bloquador (Trent Williams - Oklahoma ou Russell Okung – Oklahoma State). Desta forma, Clausen pode ser uma opção do Seattle Seahawks (6ª escolha), Cleveland Browns (7ª) ou Buffalo Bills (9ª).

Como feito no ano passado (veja: NFL Draft 2009 - As Apostas), o Grandes Ligas traz aos leitores seis destaques com potencial de brilhar na liga, incorporando fichas técnicas, curiosidades e vídeos sobre cada um. Três jogadores não estão presentes neste especial por terem sido tema de artigos ao longo da temporada universitária do ano passado, mas você pode reler os textos clicando nos links a seguir:

O Popular (Tim Tebow) – publicado dia 02/09/2009
Os Olhos do Texas (Colt McCoy) – publicado dia 25/11/2009
Único e Raro (Ndamukong Suh) – publicado dia 11/12/2009


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Natural de: Faiburn, Georgia
Idade: 21
Posição: Safety
Universidade: Tennessee Volunteers (Junior)
Curso: Psicologia
Curiosidade: Grand Theft Auto (GTA) é seu favorito jogo de vídeo game. Só não gosta de ser pego pela polícia, apertando o start ao invés de se entregar.

Sua habilidade na corrida vem dos tempos de high school (ensino médio) quando ele fazia parte da equipe de atletismo. Berry deverá voltar as origens do HS, não para retornar a correr na pista emborrachada, mas lembrar de como se joga de CB, sua posição no time escolar. Os olheiros da NFL entendem que marcando o WR homem-a-homem ele será mais produtivo que jogando atrás na defesa.

Esta mudança não deve afetar muito o jogo de Berry que, no sistema defensivo de Tennessee, ficava responsável em marcar o TE ou o WR 3 (slot). Sua carreira na NCAA foi muito bem sucedida e ele ficou a 7 jardas de igualar o recorde de 501 jardas em retorno para touchdown depois de interceptação. No campeonato passado, liderou a NCAA em interceptações, interceptações por jogo, jardas depois da interceptação e touchdowns depois de interceptação. Titular desde seu primeiro ano na universidade, sua jogada mais memorável não poderia ser outra: em seu terceiro joga na NCAA (em 2007), contra Florida de Tim Tebow, ele interceptou seu primeiro passe e retornou 96 jardas para marcar seu primeiro touchdown.




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Natural de: Lake Butler, Flórida
Idade: 22
Posição: Running Back
Universidade: Clemson Tigers (Veterano)
Curso: Sociologia
Curiosidade: Tem como mentor Marshall Faulk, um dos melhores running backs dos últimos tempos. Spiller faz inusitados exercícios direcionados por Faulk e estuda vídeos do tempo que Marshall corria com a camisa do Saint Louis Rams.

Spiller é um RB versátil, com uma boa habilidade em receber passes. Não é um cara ideal para ser titular logo de cara, tem características de um corredor funcional, participando do jogo de forma estratégica. Ele é bem veloz e pode fazer parte do time de especialistas, retornando punts e chutes iniciais.

Em 2009 ele conseguiu um feito singular com Clemson: foi o único RB de toda a NCAA a marcar um touchdown correndo, outro recebendo e outro passando no mesmo jogo (contra North Carolina State) - foi o Jogador do Ano na conferência ACC. Ele foi o único a marcar pelo menos um touchdown em cada um dos jogos da temporada 2009: 21 no total. Jogou quatro anos seguidos e não ficou de fora de nenhuma partida, mostrando boa durabilidade.



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Natural de: Decatur, Alabama
Idade: 20
Posição: Linebacker
Universidade: Alabama Crimson Tide (Junior)
Curso: “não declarado”
Curiosidade: Possui a Doença de Crohn, uma inflamação crônica no intestino. Nick Saban, seu treinador em Alabama alerta: “Qualquer um que não o escolher por isto está cometendo um grande erro

Líder. Mclain assumiu este posto assim que chegou em Alabama e teve que liderar veteranos enquanto era novato. Na campanha que rendeu o título para a universidade no ano passado, esta liderança se sentiu bastante forte, com Mclain tendo a responsabilidade de ser o quarterback da defesa, orientando as jogadas e improvisações. Ele é o LB que joga pelo meio, uma posição bastante desvalorizada em tempos que times querem jogadores que pressionem o QB – apenas quatro puros LB centrais foram escolhidos na primeira rodada nos últimos 10 anos.

Foi eleito o Melhor Defensor da SEC em 2009. Receber este tipo de prêmio é uma honra pra quem joga na conferência SEC, a que mais produz jogadores de defesa com qualidade para a NFL. Nick Saban é adepto de um agressivo esquema com quatro linebackers, logo McCLain se encaixará melhor e rapidamente num time que atue assim.




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Natural de: Oklahoma City, Oklahoma
Idade: 22
Posição: Quarterback
Universidade: Oklahoma Sooners (Junior)
Curso: Economia
Curiosidade: Lê a história de Davi & Golias antes dos jogos.

O melhor QB do draft. Esta manchete seria verdade também em 2009, mas ele optou por ficar mais um ano em Oklahoma e o pior aconteceu: lesionou o ombro direito (ele é destro) e as questões surgiram sobre se seria capaz de se recuperar a tempo. No seu treinamento particular para os times da NFL, dia 29 de Março deste ano, Ele mostrou que seu braço está tão bom quanto antes, com uma ótima mecânica de arremesso e força no passe – errou só um de 63 e mostrou um bônus: 9 kg a mais de massa muscular peitoral em relação ao ano passado.

Provavelmente será a escolha número 1. Se caso o Saint Louis Rams não lembrarem, a mídia e os torcedores recordaram os episódios recentes dos últimos dois drafts quando os Rams deixaram passar batido os QB´s Matt Ryan (em 2008) e Mark Sanchez (em 2009). Por mais que Suh seja o melhor atleta disponível, não deve ser desperdiçada a chance de escolher um QB que tem condições e capacidade de estar a frente da franquia durante anos; foi o vencedor do Troféu Heisman (MVP) do campeonato 2008 da NCAA.




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Natural de: Oklahoma City, Oklahoma
Idade: 22
Posição: Defensive Tackle
Universidade: Oklahoma Sooners (Junior)
Curso: Relações Humanas
Curiosidade: No Combine, série de treinamentos físicos e psicológicos que antecipam o draft, McCoy teve que responder a seguinte pergunta feita por um scout: “O que você usa nos jogos: tanga ou colhoneira?” (O quê!?)

O grande debate deste draft é sobre qual o melhor DT: Suh ou McCoy? O especialista da NFL Network, Mike Maycock, prefere o jogador de Oklahoma “... por ser mais agressivo contra o passe”. Realmente, contra o jogo corrido McCoy mostrou um pouco de dificuldade no ano passado, o que aconteceu pela sua postura na linha de scrimmage, mais alta que o ideal, facilitando o bloqueio da linha ofensiva.

Nunca foi letal em relação à tackles, mas estudos dos jogos de Oklahoma destes últimos três anos irão ajudar McCoy a melhorar nesta questão, lendo melhor a jogada de ataque. Pegando 2009 como exemplo, ele destaca a forte marcação que recebeu, constantemente sendo bloqueado por dois caras. Ajustando este parte do seu jogo, McCoy poderá se tornar um dos melhores DT´s da NFL nos próximos anos.




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Natural de: Hendersonville, Tennessee
Idade: 21
Posição: Wide Receiver
Universidade: Notre Dame Irish (Junior)
Curso: Sociologia
Curiosidade: Foi selecionado no draft da MLB de 2007 (42ª escolha) pelo Arizona Diamondbacks. Ele estava saindo do HS e preferiu ir para a universidade – era outfielder.

Tate diz que o beisebol lhe ajudou em vários aspectos, mas o principal deles é a destreza de pegar a bola no ponto mais alto possível. Além de uma ótima impulsão, é bem veloz nas rotas ofensivas. Quando está com a bola em mãos, tem uma grande capacidade de desviar dos defensores, parecendo mais um running back.

Ao final do campeonato de 2009, Tate recebeu o mais importante prêmio dado a um WR na NCAA: o Prêmio Biletnikoff – se juntando a um seleto grupo de atletas que já levaram o troféu (Randy Moss, Larry Fitzgerald, Calvin Johnson, entre outros). Durante os três anos em Notre Dame, ele pegou passes de Jimmy Clausen, um QB pronto para a NFL e que lhe ajudou bastante. Embora não tenha completado a carreira na universidade, Tate está no topo em várias estatísticas de WR´s na tradicional história de Notre Dame.




(GL)


© 1 Volunteers Media
© 2 Boyd Ivey / SMI
© 3 Tim Heitman / US Presswire
© 4 Lyfe Photography

Ginga Canadense


Existe uma palavra mais brasileira que ginga?

Está lá, no título do documentário que define a habilidade do brasileiro em jogar futebol (com Falcão e Robinho). Faz parte do cotidiano dos que precisam se desdobrar para sobreviver com um mísero salário. Ginga é um substantivo tão poderoso que até ele próprio... ginga; talvez daí tenha surgido o bom jeitinho brasileiro.

Embora seja algo tipicamente da terra brasilis, ginga ás vezes aparece nos gringos e o Canadá apresenta um cara que é a concretização do significado de gingar. Tudo bem que ele joga basquete, mas o futebol é sua principal paixão.

Steve Nash, armador do Phoenix Suns, não só gosta de futebol; faz parte da vida dele. Seu pai foi jogador profissional na Inglaterra e o lar que ele cresceu tinha como centro o esporte mais popular do mundo – por isso que o primeiro som emitido por Nash não foi mamãe e nem papai: foi um grito de gol.

Agora com mais idade, 36 anos, ele mantém vivo o amor pelo soccer e nos seus negócios extra quadra o futebol se envolve. Nash, junto com Jeff Marlett (ex-presidente do site Yahoo! e amigo pessoal) são um dos investidores da WPS, liga americana de futebol feminino. O armador também é sócio do Vancouver Whitecaps, time canadense que vai se juntar à MLS em 2011. A relação de Steve com o futebol é de gratidão, pois ele credita grande parte da sua habilidade com a bola nas mãos aos movimentos feitos com a bola no pé.

O basquete é jogado com os membros superiores, porém o posicionamento das pernas é fundamental para se ter um bom controle com a bola laranja, principalmente naquilo que Nash faz de melhor: correr com a bola e passá-la. Ele cita a importância do futebol sobre proporcionar uma melhor condição física, algo que o esporte fez com o tenista Roger Federer, que também tem como base de treinamento o futebol, dando à mega-estrela mais forças nas pernas – o que é igualmente fundamental no tênis.

Se Leandrinho,um dos seus melhores amigos em Phoneix, não lhe explicou ainda o que é ginga, basta dizer para Nash que é exatamente o que ele faz em quadra. Numa fração mínima de segundos, dentro de um curto espaço, o armador faz o que ninguém imagina. Do nada ele cria jogadas, passa por espaços desafiadores, tudo para deixar os companheiros de time livre para marcarem cestas. Ou seja: ele dribla.


Poderia se colocar nos dicionários americanos e ingleses uma ilustração de Steve Nash ao lado da palavra drible. O resultado da ginga + drible = improvisação. Toda esta mistura caracteriza Nash tanto dentro quanto fora de quadra. Não é por nada que um dos hobbies dele é cinema, mas não assistir filmes e sim fazê-los.

Este lazer de Steve mostra que o gênero que ele mais gosta é comédia. Vez ou outra ele posta no site YouTube sátiras feitas, algumas incluindo jogadores dos Suns. A grande maioria dos vídeos se torna viral, como aconteceu com a paródia do Avatar (Leandrinho no papel principal), com o vídeo auto-promocional para os fãs votarem nele no Jogo das Estrelas 2010...

O lazer acabou se tornando algo rentável. Nash passou a fazer comercias para dois de seus patrocinadores (Nike e Vitaminwater – bebida energética). Os vídeos mantêm o humor sagaz e inteligente, sempre com atuações simpáticas e hilárias de Steve. As promos tiveram um sucesso tão grande que agora ele pode ser chamado de armador/ator, porque irá fazer uma participação na comédia romântica Life as We Know It, estrelada pela Katherine Heigl (de Ligeiramente Grávidos e Verdade Nua e Crua) – o filme será gravado no meio do ano e lançado, nos EUA, em Dezembro de 2010.

Além do mais, Nash pode ser chamado de armador/diretor, porque esses comerciais estrelados por eles e os curtas são todos produzidos pelo jogador, que não só deram uma chance para improvisar em Hollywood, mas também para fazer parte de um especial importantíssimo organizado pela ESPN.

A rede esportiva americana completa 30 anos e para comemorar está produzindo 30 documentários sobre fatos que marcaram nesta última década. São famosos e premiados diretores convidados para filmarem os especiais (que já mostrou Allen Iverson, Reggie Miller, entre outros). Nash foi convocado (e aceitou) fazer um curta sobre a história de Terry Fox, um mártir do esporte do Canadá. Fox foi vítima de um câncer aos 21 anos de idade que lhe tirou uma perna. Com uma prótese, ele começou a correr por todo o país em busca de fundos para pesquisas. Foram 143 dias de corridas, até que o câncer atingiu a outra perna e o fez parar. Depois de centenas de quilômetros percorridos, morreu e se tornou um herói.

Próximo de encerrar a carreira na NBA, o duas vezes MVP (2005 e 2006) tem uma promissora carreira quando sair da associação. Será deixado de lado a bermuda larga e a regata grande, mas o estilo despojado permanecerá. Sem tatuagens, Nash possuiu um estilo único e comum ao mesmo tempo, um visual que o aproxima mais ainda dos fãs, porque a impressão que se tem é de que ele é mais um rapaz em meio à multidão, e não um astro com uma roupa espalhafatosa e metais no pescoço. O básico para Nash funciona bem, suficiente para conquistar o coração de uma paraguaia (Alejandra Amarilla) com quem está junto desde 2001, casado desde 2005 e com duas filhas gêmeas de 5 anos.


Por mais que seja usando farda de executivo e chapinha no cabelo, Steve Nash tem ginga. A mistura de gostos, pensamentos e atitudes formam uma personalidade sem igual. O momento é favorável para mostrar o poder da ginga, já que os Suns começam os playoffs 2010 atrás, após perder o primeiro jogo da série melhor de sete contra o Portland Trail Blazers.

Fomos apenas uma sombra de nós. Temos que melhorar bastante se quisermos avançar” disse ele após a partida deste domingo (18/04). Tradução: precisa de mais desenvoltura (e acertar um arremesso de três no fim do jogo também não seria má idéia).

Nada que uma genuína ginga canadense não resolva.



(GL)


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Legalmente Estonteante - A Fã nº 1 do NY Giants

Acompanhar um clube esportivo serve como um escape. São tantas as preocupações diárias que dedicar um tempo do dia para se informar sobre o que está acontecendo com o time do coração funciona como uma terapia. O mesmo pode ser dito sobre uma ida ao estádio, ou mesmo acompanhar os jogos pela TV ou rádio. Alguns torcedores, porém, extrapolam e viram fanáticos e aquele passatempo corriqueiro vira uma obsessão. Isto acontece por diversos motivos e um deles é o desejo de se tornar o fã número 1.

Este pensamento dominou a mente de Rebecca Victoria Reyes, 23 anos, conhecida como Reby Sky, que se autodenominou A Garota do NY Giants e recebe o apreço dos amantes do clube por isso. Ela é modelo, musicista, dançarina... e há quatro anos assiste todos jogos dos Giants em New York. Como a franquia não tem mascote oficial e nem time de cheerleaders, Reby acabou assumindo o papel de torcedora principal; contando com a sua beleza, é claro.

Tudo começou quando um amigo pessoal tirou uma foto dela com a camisa oficial da equipe. Ao postar no seu perfil do MySpace, o sucesso foi instantâneo, com pedidos de bis. Por já trabalhar com isto, Reby resolveu fazer um site que mostrava suas experiências como torcedora fiel dos Giants e com fotos sensuais usando roupas do seu amado clube.

nygiantsgirl.com ficou tão famoso que chamou atenção da NFL. Um problema então surgiu.

Reby lidou com esta questão junto com o público da MTV americana. A grife “True Life” permaneceu três meses gravando o cotidiano dela para o episódio I´m a Sports Fanatic*. Num belo dia, Sky recebe uma carta da NFL dizendo que um processo seria instaurado contra ela por usar irregularmente os logos da liga e dos Giants. Prontamente tirou do site tudo o que estava incomodando a NFL e não perdeu o domínio e nem precisou se defender na justiça – a NFL não prosseguiu com o caso por entender que ela se adequou ao exigido no processo.

Esta não foi a primeira vez que ela teve problemas judiciais. Em Abril de 2008, Reby foi multada porque seu carro estava com um defeito nas lanternas traseiras. Por achar um absurdo, se indignou de uma forma muito excessiva, chegando a xingar os policiais. No tribunal de pequenas causas da cidade de Tampa, ela foi sentenciada a pagar US$ 500 e cumprir 48 horas de serviços comunitários. Nada que manchasse sua carreira.

Ela estava desfrutando o sucesso que foi seu ensaio para a Playboy (edição Julho 2007). Também teve uma boa repercussão os trabalhos feitos com as revistas Maxim, Esquire e GQ. Nem tudo envolvia os Giants, mas Reby não perdia a oportunidade de falar sobre a sua principal paixão, embora poucos soubessem seu nome, reconhecendo-a mais pelas fotos nas revistas e por aquelas que mostravam sua fantasia de fada na arquibancada e que era publicada nos jornais de segunda-feira após um jogo dos Giants – recentemente ela adotou o visual de “Super-Mulher”, com uma capa vermelha e uma camisa que lembra o uniforme secreto de Clark Kent, mas com as letras “NY” no lugar do “S”.


A exposição significativa que Reby tem lhe dá dois sentimentos distintos do público: amor e inveja. Quantas vezes disseram a ela que tudo o que faz é para “aparecer”, ou que consegue tal status por “só ter beleza”. E se assim for, qual o problema? Algumas pessoas podem, outras não. Algumas pessoas conseguem o que querem, outras não. Algumas pessoas fazem aquilo que lhe interessam sem se importar com o que pode acontecer (contanto que sejam felizes), enquanto outras vivem de forma medíocre, criando limites para si próprio e não suportando o sucesso e felicidade do próximo.

Forças negativas sempre agiram contra Reby e por isto que ela leva em consideração somente o amor que seus admiradores têm – mesmo valor dado pelos torcedores dos Giants. A aproximação com o time não foi por acaso; Reby precisava de um escape. A carreira de modelo não foi por um acaso; Reby precisava de um motivo para “sair de casa”. Ela, levando consigo a sua natureza humana, foi em busca do sonho de fazer o que gosta e ganhar dinheiro com isto.

Equivoco pensar que Sky é “mais um rosto bonitinho”. Estudante de piano clássico desde os 8 anos de idade, ela é dançarina profissional e já estreou peças importantes em New York como Secrets of the Desert no requintado “Dicapo Opera Theatre”. Ela foi a principal atriz do espetáculo que fez uma turnê por todo os EUA devido ao grande sucesso.


Reby também tem uma vasta experiência em rádio. Em NY ela participa constantemente de programas esportivos, fazendo parcerias com os apresentadores mais populares da cidade – similar com o que acontecia em Tampa. O assunto da conversa: football.

Claro que é inevitável falar do trabalho de modelo, torcedora nº 1..., mas ela é sempre testada quando alguém pergunta sobre como está jogando tecnicamente os Giants, qual é o melhor sistema defensivo para equipe... Reby se sai bem nestas situações porque ela conhece o esporte e principalmente como joga o seu time, trazendo uma perspectiva feminina para o football.

Nesta próxima quinta (dia 22/04) ela estará no Radio City Music Hall na cidade New York, provavelmente com sua fantasia personalizada, torcendo para que os Giants façam boas escolhas no Draft 2010. Dificilmente as câmeras de TV deixarão de registrar a “Super Garota” no meio de um monte de marmanjos no setor disponibilizado para as torcidas. Ao ver uma menina com uma roupa estilo super-homem, saiba que além de ser uma torcedora louca, ela é a fã número do NY Giants.



(GL)


© 1 Cortesia nygiantsgirl.com

*A MTV Brasil não tem previsão de quando o episódio será transmitido por aqui.


Leia também: Especial - Bonito e Perigoso (Cheerleading) – publicado dia 08/08/2009

Contra a Ordem Estabelecida

Deron Williams, Greg Miller, Carlos Boozer e Jerry Sloan - da esq. para dir. em sentido anti-horário

O Utah Jazz vive numa dimensão diferente das outras franquias da NBA. Passam-se os anos, e a mesma filosofia de trabalho permanece. Passam-se os anos, e o mesmo estilo de jogo permanece. Passam-se os anos, e o mesmo treinador permanece. Passam-se os anos, e o time se classifica mais uma vez para os playoffs. Passam-se os anos, e o clube supera adversidades e não sucumbe (como muitos esperam).

Esta será a quarta pós-temporada seguida que o Jazz participará. Depois de um hiato de três anos – que interrompeu uma fantástica sequencia de 20 aparições consecutivas nos playoffs – , o time avança embora tenha tido dificuldades ao longo do caminho. Enfrentando o descrédito, chega forte na segunda fase do campeonato e aquilo que serviu (serve) de crítica, sustenta a franquia.

São diversas as coisas que ocorreram com o Utah, todas vencidas pela certeza no embate com a dúvida. Carlos Boozer, Deron Williams, Jerry Sloan e Greg Miller fazem parte do sucesso da equipe, aqueles que se fincam em convicções e ideais que não serão mudados facilmente; por mais que haja uma força maior torcendo pelo fracasso.

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Ordem Estabelecida: Carlos Boozer será um problema na temporada 2009-10

Na pré-temporada, o ala deixou explícito que almejava sair de Utah e ir para Miami ou Chicago. A questão envolvia dinheiro e ele pedia um aumento salarial. A decisão estava com ele em não renovar com o Utah ou, caso a diretoria consentisse, ser trocado.

A celeuma criou um clima pesado e o Jazz já pressentia que Boozer não faria mais parte do elenco e renovou o contrato do seu reserva, Paul Milsap, que jogou grande parte do campeonato 2008-09 como titular devido a uma lesão de Carlos.

Por mais que ele seja uma super estrela e medalhista olímpico (ouro em 2008), a torcida ficou contra, não concordando com sua postura perante as negociações e lembrando o fato de que ele não atuou em 137 jogos dentro de 6 temporadas...

...Mas... Mesmo vaiado, Boozer logo reconquistou o apreço dos fãs

Ele optou por aceitar o que estava previsto anteriormente (US$ 12.7 milhões/ano). Será mais um espetacular jogador que estará disponível no mercado neste próximo meio de ano, mas ele não fala em Miami ou Chicago, quer permanecer com o Utah.

Diferente do esperado, Boozer vem fazendo uma ótima temporada e não está sendo o fator de discordância que imaginavam que fosse. Os setoristas (jornalistas locais) reportam o bom ambiente entre os jogadores e Boozer é um elo de conexão entre eles.

A resposta veio a galope, já que Carlos adora este tipo de situação: precisar mostrar em quadra seu valor. Foi assim quando entrou na liga na segunda rodada do draft 2002 (34ª escolha)... Foi assim quando foi cortado da sua primeira seletiva para a seleção americana (e disse depois que seria o melhor jogador da Universidade Duke na NBA )... Foi assim neste campeonato... Ao invés de responder com palavras, Boozer escolhe as performances em quadra para se justificar.

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Ordem Estabelecida: Estranho habitat = Deron Williams em Utah

Depois de ganhar apenas 26 jogos, a temporada 2004-05 só trouxe uma boa notícia ao Jazz: uma escolha alta no draft 2005. No sorteio eles ficaram com a 6ª posição, mas o objetivo era mais acima e então duas escolhas de draft foram postas num pacote junto com a 6ª posição e o Portland Trail Blazers aceitou, cedendo em troca sua 3ª escolha.

Assim o Utah ficou numa situação confortável para escolher o jogador ideal e necessário ao elenco. Então foi pego Deron, vindo da Universidade Illinois. Faltava exatamente um armador no esquema e a diretoria previa Williams se adaptando mais rápido ao estilo de jogo da equipe do que Chris Paul; escolhido na 4ª posição (New Orleans) vindo da Universidade Wake Forest.

A questão seria se Deron realmente se enquadraria ao time e a cidade Salt Lake.

Mas... Depois de quatro temporadas, pode se dizer que deu tudo certo

Deron é um cara relaxado, bem na dele. Segue à risca o que é dito pelo treinador Jerry Sloan e não é muito chegado em estar nos holofotes da mídia. A temporada de novato foi de adaptação ao jogo e como funcionam as coisas em Utah. Desde então, do campeonato 2006-07 pra cá, foram 339 partidas com a camisa do Jazz e em todas foi titular. Se tornou uma espécie de John Stockton versão 2.0 beta.

Diferente do esperado, Deron se encaixou perfeitamente dentro do elenco e hoje é uma figura essencial no clube e assume isto com responsabilidade.

...


Ordem Estabelecida: Mudança, renovação, modernidade!

Não tão rápido assim. A tendência de renovação não é muito a cara do Jazz. Basta olhar para o banco de reservas e ver um senhor de 68 anos lá sentado. Numa postura que deixa uma aparência mais jovial, Jerry Sloan aniquila todo e qualquer argumento de atualização ao que está acontecendo ao seu redor e já computa 22 anos seguidos comandando em quadra o mesmo clube.

O livro de jogadas de Sloan é conhecido por todos da associação, porém ele o executa com tanta eficiência que poucos conseguem pará-lo, mesmo sabendo o que vão enfrentar.

A questão é até quando ele ficará no clube...

...Mas... Nem é preciso se preocupar tanto, afinal, vai demorar pra Sloan sair do Utah.

Isto porque seu trabalho é vitorioso, consistente e respeitado. Nestes 22 anos com o Jazz, só em 3 deles que o time não foi aos playoffs. Esta é uma marca considerável, principalmente levando em conta as atuais quatro aparições seguidas, mostrando que a era “Malone-Stockton” é história e que ele merece ganhar o prêmio de Melhor Treinador, troféu que ainda não recebeu; se não for por esta temporada, seja por tudo o que ele fez.

Estar no Hall da Fama do basquete, porém, já é um feito e tanto (entrou ano passado na classe do Michael Jordan). Sloan sobrevive ao tempo mantendo os velhos hábitos, pois foi assim que ele conseguiu manter-se tanto tempo no cargo. Não deixa os jogadores tomarem conta da situação e acaba sempre tendo a última palavra em qualquer decisão acerca do time – com o aval do dono.

Segundo pessoas próximas à NBA, o Jazz é o único clube que limita as saídas dos jogadores quando o time joga fora de casa. Um posicionamento que parece simples, mas é uma tarefa extremamente complicada deixar “de castigo” no hotel adultos que ganham milhões de dólares. Contudo, o respeito prevalece e a autoridade é obedecida.

...


Ordem Estabelecida: Sem dinheiro não dá.

Um mistério? Nada. A saúde financeira do Jazz é tida como um grande segredo perante os donos de franquias da associação, mas Greg Miller, dono, diz que não há complicações em fazer um time competitivo numa cidade pequena.

Os clubes maiores e ricos vivem gastando dinheiro e formando elencos milionários. Porém, fazem gastos sem planejamento e acabam ficando desestruturados. A filosofia puramente empresarial é implantada na administração da franquia, com resultados em quadra sendo um dos fatores (e não O fator) para o sucesso.

Outros times fazem o mesmo...

...Mas... Não reconhecem os pontos negativos/positivos

Exemplo: o time não tem uma renda alta, logo não pode gastar muito. Greg, junto com seu diretor de basquete (Kevin O´Connor), tiveram que tomar atitudes radicais para diminuir o gasto com a folha salarial desta temporada, acima do limite permitido. Isto aconteceu porque houve a renovação com Milsap e Boozer optou ficar no clube. Assim, o Jazz teve que dispensar alguns jogadores, entre eles o titular Ronnie Brewer, para aliviar mais o gasto com os atletas.

Fora isso, grande parte do elenco são de jogadores escolhidos na segunda rodada do draft, alguns vindo da NBDL (liga de base) e outros que nem sequer foram draftados. Daí surgem nomes como Sundiata Gaines, Wesley Matthews, Ronnie Price, CJ Miles, Milsap, entre outros.

O time trabalha com o dinheiro que vem do público da cidade que é fiel e acompanha o time religiosamente. O ciclo segue com uma forte gama de patrocinadores que valorizam mais a marca. Greg vai com estes ativos administrando e mantendo o Utah na elite da NBA.

A astúcia e perspicácia trazem bons resultados em quadra e o futuro é promissor: o Jazz tem o quinto elenco mais jovem da NBA e possui a primeira escolha do New York Knicks no draft de 2010 (tende a ser uma posição alta).



(GL)


© 1 Arte gráfica por Celebpappers / Logo pertence à franquia Utah Jazz
© 2 Noah Graham / Getty Images
© 3 e 4 Melissa Majchrzak / Getty Images

Brilho Inerente


Estrela é um astro que tem luz própria... Assim é Hideki Matsui, jogador do Los Angeles Angels e a mais nova estrela em Hollywood. De uma personalidade única, o japonês não será ofuscado pelo brilho que lá existe, pois já está acostumado a lidar com esta situação por ter experimentado a altura do firmamento em seu país natal e na “capital do mundo”: New York.

Enquanto muitos questionavam a opção dos Yankees em não renovar com o MVP da última World Series, Arte Moreno, dona da franquia Angels, não pensou duas vezes e logo contratou Matsui para ser o rebatedor designado do time (e eventual outfielder). Esta foi uma das melhores ações feitas pelo time de LA nos últimos tempos e os mais velhos comparam esta negociação com a que trouxe Reggie Jackson, lendário jogador da MLB, do mesmo Yankees para LA em 1982.

O frenesi que Matsui trouxe ao clube é digno de uma pessoa diferenciada das outras. Ao ver dezenas de fotógrafos o rodeando e jornalistas próximos dele não deixando de registrar nenhum detalhe, logo se chega à conclusão que se trata de um ser capaz de atrair atenção por motivos além dos meros esportivos.

No Japão, ele é um objeto de admiração dos fãs; e de fascinação dos marqueteiros. Para se ter uma vaga noção, foram exatos 104 (!) jornalistas japoneses credenciados para cobrir a estréia de Matsui com a camisa dos Angels contra o Minnestoa Twins. 40 deles já estavam com a equipe desde o começo da pré-temporada e alguns se mudaram de NY para acompanhar esta saga histórica de Hideki.

Pelo primeiro jogo, valeu o esforço dispensado. Todos os presentes no Angel Stadium testemunharam o home run número 1 do japonês em Los Angeles. Quando ele jogou a bola na arquibancada, o êxtase que contagiou os que lá estavam foi enorme, misturado com um sentimento que uma parceira de sucesso está se construindo. Os fãs dos Angels já criaram uma seção no estádio, no lado direito, chamada de Matsuiland (para rivalizar com o outro time da cidade, os Dodgers, que tem em seu estádio, no lado esquerdo, a Mannywood, em homenagem a Manny Ramirez).

O japonês mostra indícios que vai se dá bem na “cidade dos anjos”. Pra isso, basta ele manter o que vem sendo até agora: humilde, centrado e competente. Estas são suas marcas registradas em 17 anos de carreira. Os feitos dele são de toda forma memoráveis, mas ganha um ar notável quando realizado em Tóquio (Yomiuri Giants), New York e agora em Los Angeles, locais onde as estrelas brilham e refletem mais poderosamente.


Tudo começou com o Yomiuri, que o fez um astro na Nippon Professional Baseball, Lá ele ganhou três títulos e liderou a liga em home runs e RBI´s por três vezes. Suas atuações chamavam a atenção dos olheiros da MLB e a mais bem sucedida franquia o contratou. A concretização do acordo dele com os Yankees foi motivo de comemoração no Japão. Um ícone do esporte nacional partia, porém para impactar o nome do país internacionalmente.

O primeiro jogo com os Yankees foi expressivo. Ele anotou um grand slam (home run com as bases lotadas) na primeira vez que pegou no bastão, deixando uma excelente primeira impressão (que dizem por aí que é a que fica). Depois disto foram 7 temporadas com NY e um título da World Series no ano passado (e o prêmio de melhor jogador da decisão).

Mesmo tendo todo esse impacto, Matsui mantém fortemente as tradições e costumes da cultura oriental, se comportando perante o público e a mídia de modo bem recatado. Apesar de estar desde 2002 nos EUA, ele só fala a língua inglesa com seus companheiros de time, o que não distancia o contato com os torcedores, já que ele só dá entrevistas com um intérprete ao lado - seja dito de passagem que é o mesmo desde 2003.

Roger Kahlon está com Matsui em todos os lugares e serve também como um conselheiro, indicando se a hora é certa (ou não) de falar sobre determinado assunto. O intérprete tem um bom entrosamento com o jogador e isto faz com que as entrevistas não sejam tão robotizadas, conseguindo até expor o senso de humor que Matsui tem.

Em um amistoso que serviu de preparação para o campeonato 2010, os Angels estavam jogando contra o Kansas City Royals. Matsui estava no ataque e rebate uma bola fora do campo de jogo (que acabou acertando o carro de Arte Moreno, uma Mercedes CL 600) - ainda com o bastão, na sequência ele consegue um home run. Ao ser informado que o carro do dono da franquia foi atingido pela bola fora, ele disse (via intérprete): “Sua raiva provavelmente caiu em 50% [pelo HR]. Contanto que eu não seja demitido [risos]”.

Roger vai ter bastante trabalho amanhã. Será a primeira vez que Matsui retornará à New York e o jogo contra os Yankees será o da entrega dos anéis de campeões. A expectativa é de como será a recepção dos torcedores, vendo um dos seus principais fatores da conquista de 2009 com a camisa de um adversário recebendo uma premiação tão importante. A cobertura da mídia será em massa porque vai ser o primeiro jogo no Yankee Stadium desta temporada e a abertura não poderia ser mais especial.


Hideki não deverá externar emoções, mas por dentro ele sentirá um prazer incomparável. Quando ele ficou sabendo que levara o prêmio de MVP da World Series (foto acima), deu um abraço apertado em Arn Tellem, seu empresário. Isto pode ser considerado um alto grau de emoção, porque não faz parte da cultura japonesa este tipo de contato com outro (um gesto respeitoso de reverência resolve). Tellem diz que se sentiu especial neste dia e viu Matsui extravasar a alegria que experimentava naquele instante.

13 de Abril vai ser uma data que Matsui recordará com carinho, um momento de flashback em sua mente vai passar, mostrando todas as façanhas atingidas em sua carreira. Um anel de diamante servirá como mais um objeto que fortalecerá a didática frase:

Estrela é um astro que tem luz própria...



(GL)


© 1 Jeff Gross / Getty Images
© 2 Agence France-Presse
© 3 Elise Amendola / AP

Milagre no Vale de Ossos Secos


Se forem colocadas 100 pessoas em salas separadas e pedissem a elas que descrevessem o significado da palavra milagre, provavelmente o resultado seria 100 respostas diferentes. Independente disto, uma certeza se tem: milagre anda, corre e joga basquete.

A foto acima captura o rosto de um milagre. Shaun Livingston, armador do Washington Wizards, está na NBA graças a uma intervenção divina, superior ao alcance do ser humano. O garoto que entrou na associação sendo uma das principais promessas dos últimos tempos, sucumbiu por sofrer uma das piores lesões já registradas em vídeo e agora mostra traços que a sua recuperação foi bem sucedida. A esperança não trouxe confusão para ele.

Livingston fez parte do draft de 2004, uma classe com fantásticos cinco jogadores vindo do high school (ensino médio): Al Jefferson, Dwight Howard, Josh Smith, Sebastian Telfair e Livingston. Howard foi o primeiro a ser escolhido entre eles na posição número 1 (Orlando Magic). Livingston foi o segundo a ser escolhido da classe na posição número 4 (Los Angeles Clippers). Não foi uma escolha injusta, pois ele era considerado um armador excepcional, futura estrela da NBA.

Alto para jogar na posição (2,01m), Shaun possui uma qualidade intrínseca de controlar a bola como se suas mãos não estivessem tão longe do chão. A visão de quadra vem adicionar mais qualidade ao seu jogo, se tornando assim um exemplar raro. Numa fase do basquete quando se vê mais e mais jogadores híbridos, Livingston é um armador puro.

Na sua segunda temporada, ele experimentou o gosto dos playoffs com os Clippers. Com 20 anos de idade ele ganhava seu espaço a cada jogo, sendo o principal reserva do time. Sob a tutela de Sam Cassell, armador titular, Livingston aprendia um pouco mais sobre os segredos da posição, as malícias necessárias para se dar bem no profissional. Ele absorvia as instruções e em quadra os efeitos do ensino eram vistos, com o jovem amadurecendo cedo e chegando próximo de despontar.


Os fanáticos pela NBA sabem da sina que ronda os Clippers, uma maré (ou melhor, tsunami) de azar que atinge as potenciais estrelas do clube (vide Blake Griffin). No dia 26 de Fevereiro de 2007, num jogo em Los Angeles contra o Charlotte Bobcats, Livingston foi fazer uma simples bandeja. Quando ele finalizou a jogada, aconteceu a cena chocante: uma gravíssima torção no joelho. A imagem do lance é forte, dolorosa até pra quem assiste.

(Nota: apesar do vídeo da contusão de Livingston ser útil para melhor entendimento do texto, decidi não incorporá-lo porque não é recomendável. Quem, contudo, quiser ver, basta acessar o site YouTube. Lembre-se que é preciso ser muito forte para assistir. Não veja se possui alguma aversão à imagens de lesões)

Existem duas maneiras de informar o que aconteceu com a perna de Livingston: a médica e a popular. Numa linguagem medicinal, parecida com o que é visto nos livros didáticos, ele rompeu/quebrou praticamente todas as partes do joelho esquerdo: ligamento cruzado anterior (conhecido como ACL), ligamento cruzado posterior, menisco lateral, patela, ligamento colateral lateral e ligamento colateral medial. Numa linguagem popular: sem chance de uma recuperação.

Jogar basquete? Nada. Correr? Não. Andar? “Só se amputar a perna e colocar prótese” afirmavam os médicos na época – a lesão foi tão grave que chegou a este ponto. Sem exagerar, o joelho esquerdo de Livingston teve que ser reconstruído e surgiu “uma nova coisa” entre o fêmur e a tíbia. Podia chamar aquilo de qualquer nome, menos de “joelho”.

Existem casos, inclusive na NBA, de atletas que superam contusões das mais sérias e perigosas. Jonathan Bender, por exemplo, joga sem ter cartilagem nos dois joelhos (leia mais no artigo: 0-0-0). Agora, no caso de Livingston, é o total extremo: o joelho original desmontou, os médicos duvidavam se ele iria conseguir voltar a andar e ele pensava em jogar basquete... na NBA?!

Talvez seja isto o que chamam de fé.


Ele tinha a certeza daquilo que esperava e a prova do que não se enxergava. Um dos processos básicos de qualquer recuperação é esquecer o passado e focar no futuro, atitude que Shaun teve e lhe ajudou consideravelmente. Os críticos o rotulavam de “a promessa que não vingou”, mas ele não aceitava este atestado, visto que se assim fizesse, sua mente estaria no o que poderia ter acontecido se... Ele colocou em mente a missão de voltar, mostrar que é possível e que seu talento ainda existe.

Quando já estava andando e fazendo exercícios de fisioterapia, sua terapeuta comentou, em 2008, que ele até poderia arremessar umas bolas, porém não teria condições de fazer isto em alto nível e nem constantemente.

Pois bem, se milagre não se explica, pelo menos ele anda, corre e joga basquete.

Ao o ver atuando tão bem com a camisa do Washington, uma única palavra vem à boca: inacreditável. Depois de ser dispensado pelos Clippers e antes de chegar nos Wizards, passou pelo Miami Heat e pelo Oklahoma City Thunder – 22 jogos em duas temporadas, mesma quantidade que ele tem agora com o Washington desde sua chegada no dia 26 de Fevereiro deste ano.

Nestas 22 partidas, foram 14 como titular. Flip Saunders, treinador, acreditou em Livingston e apostou na habilidade do garoto (agora com 24 anos): “Ele veio porque acreditamos no seu potencial e na sua capacidade mental de jogar na posição” diz o técnico. A ida dele para Washington teve um lobby forte de um dos assistentes de Saunders: Sam Cassell. Ele conhece como poucos o talento de Livingston e hoje relembra o trabalho tutorial que fazia com Shaun em LA. Este vídeo abaixo é apenas um exemplo do carinho e atenção que Cassell, veterano de 16 temporadas, dedica ao seu armador, lhe ensinando truques para se dar bem contra os grandes na associação.



A “nova coisa” entre o fêmur e a tíbia não alterou o jeito calmo e suave de jogar de Shaun Livingston. Ele continua tendo uma velocidade peculiar, controle de bola excepcional e visão de jogo acima da média. Se algum dirigente estiver prestando atenção, o jogador receberá um novo contrato para jogar na próxima temporada, de preferência num clube de renome e que saiba reconhecer um talento natural.

Nem precisa acreditar em milagre, basta entregar a caneta a ele e pedir para assinar no canto esquerdo inferior do papel timbrado. Depois é só apertar a mão de Livingston e concretizar o negócio. Lembrando um detalhe: quando surgir numa conversa o assunto milagre, concorde com todos e diz que de fato não tem como explicar, mas mencione que é possível tocá-lo.

Ah! Também cite que ele anda, corre e joga basquete.



(GL)


© 1 Larry Busacca / WireImage
© 2 Christina House / LA Times
© 3 Eric Ogden / ESPN

Jamais Sozinho


No momento de maior delírio da sua carreira, Nolan Smith ficou confuso. Procurava alguém para abraçar... mas cadê? Não que seus companheiros de Duke, atuais campeões da NCAA, não são especiais; ele estava à procura de alguém mais especial. A busca não foi longa e rapidamente ele a achou: “Ver minha mãe no meio da multidão foi difícil, porque ela é pequenininha” disse o armador dos Blue Devils após a conquista do título. “Eu tinha que abraçá-la e lhe dar um beijo”,

Ele tinha outra missão também: dizer a ela que a amava. Foi desta mesma forma que seu pai, Derek Smith, fez 30 anos atrás quando venceu a decisão da NCAA com a Universidade Louisville; coincidentemente o Final Four de 1980 foi em Indianápolis.

Tudo isso é gratificante para o jogador de Duke, que consegue seguir os passos do seu pai. Sua mãe, Monica, é o apoio angular dele desde 1996, ano que Derek faleceu quando Nolan tinha apenas 8 anos de idade.

Nesta época, Derek já tinha completado uma carreira de 9 temporadas na NBA e era um dos assistentes técnicos do Washington Bullets (hoje Wizards). Num cruzeiro promocional realizado pela franquia, um infarto o pegou e ele não resistiu. Depois da tragédia, Monica percebeu a dificuldade que teria pela frente e a responsabilidade de criar Nolan e sua irmã Sydney. O garoto não se intimidou e disse para sua mãe: “Agora eu serei o homem da casa”. Declaração sincera e corajosa de uma criança de 8 anos, mostrando que não deixaria as mulheres da sua família desamparadas.

E Nolan? Quem iria ampará-lo? Num gesto nobre, o elenco dos Bullets se propuseram a zelar o garoto – isto mesmo, o elenco todo. Liderados por Tim Legler e Chris Webber, os membros da equipe cuidavam de Nolan e o menino era considerado mais um componente do time. Ele participava de treinamentos, jogos, viagens... Um compromisso assumido pelos atletas para honrar Derek, aliviando um pouco a dor da perda do garoto. Quando estava com os Bullets, Nolan tinha mais de uma dezena de “tios” prontos para alegrá-lo e trazer um sorriso ao seu rosto.

Conforme ele foi crescendo, as amizades foram se diferenciando. Nolan precisava de uma companhia adolescente e ele encontrou numa quadra de basquete em Maryland. Michael Beasley, atual ala do Miami Heat, se tornou seu grande amigo, tão chegado que mais parece um irmão. Os dois se tornaram estrelas do basquete escolar americano e jogaram juntos em importantes high schools (Oak Hill Academy e Mouth of Wilson).

A conexão entre eles foi natural, o curso da vida estava fazendo nascer uma conexão mágica. Beasley enfrentava sérios problemas na sua casa e para fugir deles ia para o lar dos Smiths, aparecia com tanta frequência que Monica passou a ser chamada de mãe pelo melhor amigo do seu filho. Ela nunca se importou com isto, percebia que esta união de ambos era uma ajuda mútua. O elo foi criado e permanece firme até hoje, com o quarto de Beasley ainda conservado na casa dos Smiths.

Quando chegou o tempo de ingressar na universidade, cada um partiu para um lado. Beasley foi para Kansas State e Nolan para Duke. Muitos pensavam que Nolan iria para Louisville, porém ele não gostava da possibilidade que lembranças do seu pai viessem à memória – sua irmã, Sydney, sofreu com isto (ela escolheu Louisville). Johnny Dawkins, um dos melhores amigos de Derek, foi o responsável pela ida de Smith à poderosa universidade da Carolina do Norte. Assim sendo, Dawkins era mais uma companhia para o novato.

Johnny hoje é o treinador da Universidade Stanford (Califórnia), mas foi durante dez anos (1998-2008) assistente em Duke. Ele é mais um “tio” que Nolan ganhou, um relacionamento que vem desde metade da década de 90. Dawkins cuidou com carinho do seu “sobrinho” e procurou moldar o já talentoso jogador em um futuro profissional de sucesso.


Nolan é bastante versátil em quadra e mostra isto sendo capaz de jogar em três posições diferentes. Ele é atlético e habilidoso, porém sempre jogou na sombra de Kyle Singler e Jon Scheyer. No Torneio da NCAA deste ano, Nolan teve uma atuação primorosa e seu pai tem a ver com isto.

Na manhã de domingo do dia 28 de Março, Nolan estava descansando no hotel, em concentração para o jogo contra a Universidade Baylor (quartas de final). Seu aparelho celular começa a tocar e ele atende. A voz do outro lado diz para sintonizar na ESPN que algo do seu interesse ia ser transmitido. Ao ligar a TV no canal, Nolan se depara com uma reportagem sobre a história do seu pai e um olhar penetrante começa a focar no que é mostrado. A matéria acaba, ele se torna pensativo, quieto.

A tarde chegou, o jogo iniciou e uma energia inexplicável sai de Nolan. A partida termina e ele foi o cestinha com 29 pontos – o melhor jogo da sua carreira – , uma performance magistral que colocou Duke no Final Four. Ao tentar explicar o que aconteceu, ele diz que seu pai o inspirou mais uma vez, dando lhe força para atuar bem e jogar a grande final na mesma cidade que Derek conquistou o título há três décadas.

O feito de Nolan já está na história. Junto com Derek, eles são apenas a quarta dupla de pai e filho a conquistar títulos da NCAA como jogadores: os outros três são Henry (com UCLA em 71, 72 e 73) e Mike Bibby (com Arizona em 97; hoje está no Atlanta Hawks); Marques (com UCLA em 75) e Kris Johnson (com UCLA em 1995; hoje está aposentado); e Scott (com Indiana em 76) e Sean May (com North Carolina em 2005; hoje está no Sacramento Kings).

Esta é mais uma marca que liga Nolan com seu pai e que ficará eternizada na história. Há outra marca permanente ligada a Derek e está dia-a-dia com seu filho. Com a permissão da mãe, Nolan queria prestar uma homenagem ao seu pai, algo que estivesse com ele aonde quer que fosse. Monica autorizou e ele fez uma tatuagem no seu antebraço direito com o idêntico rosto do seu pai.


Assim Nolan tem a sensação de não estar sozinho, que seu pai está sempre ao seu lado “Eternamente Observando”.



(GL)


© 1 Duke Blue Planet
© 2 Brett Davis / US Presswire

Leia mais: artigo sobre Jon Scheyer, armador de Duke: Aí Sim! (Não) Fomos Surpreendidos Novamente (publicado dia 18/01/2010)

Paralelo ao Tempo


O mundo esportivo é sondado por uma praga que arruína o prazer de simplesmente desfrutar os grandes atletas: mania de comparação. Basta alguém se destacar na sua categoria que surgem debates sobre se este atleta é melhor do que outro, se merece ser rotulado de melhor da história... Aí aparecem estatísticas comprovando uma tese, números e mais números...

Será que não se pode apenas sentar em frente à TV (ou computador) e desfrutar o momento?

Hoje marca o início da temporada 2010 da Major League Baseball e a atual geração tem uma oportunidade única de ver um jogador fazendo performances na mais alta excelência, mas que constantemente é alvo de comparações e dúvidas em relação a “pureza” de seu jogo. Albert Pujols, 1B do Saint Louis Cardinals, está mostrando sua excepcional habilidade à todos, mesmo que muitos não aproveitem a ocasião para admirar o seu trabalho, preferindo criar pontos de interrogações ao invés de exclamações.

O apelido de Pujols, The Machine (A Máquina), é bem apropriado. Quando ele está no campo de beisebol é clara a impressão que ele nasceu para jogar. Os movimentos com o bastão e com a luva são tão naturais que parecem ser... mecânicos. Entre tantas características de um bom rebatedor (rebater colocado, rebater com força, rebater e correr e etc.) uma depende mais da mente do que do porte físico: a paciência.

Os arremessadores que o enfrentam se deparam com um dilema crucial, pois precisam decidir qual é a bola que mais trará dificuldade. Agora, e se esta jogada não existir? Ou seja, não há bola difícil para Pujols rebater. Então quem o enfrenta deve acreditar bastante em si e fazer o seu melhor; pode avançá-lo para a primeira base intencionalmente se a situação assim for favorável, problema resolvido.

Quando não há possibilidade de escape, o jeito é encarar a fera. A tática usada contra os grandes rebatedores não afeta muito Pujols. As bolas arremessadas perto dele (dentro da zona de strike) não lhe incomodam: ele tem capacidade de rebater a bola dentro de campo e impulsionar corridas. As bolas arremessadas longe dele (fora da zona de strike) não lhe incomodam também: ele tem calma suficiente para não fazer um swing ao vento. Estas coisas são fundamentais, pois por mais que ele seja um cara com força e hábil para rebater longe, não existe em Pujols a ânsia de ir com tudo em qualquer bola arremessada.

O número de walks dele por campeonato, de 2001 pra cá, é crescente: 69 no ano de novato; 115 em 2009.


Albert é um excelente selecionador de rebatidas e esta qualidade vem com muito estudo e treinamento. O técnico da primeira base dos Cardinals, Dave McKay, é o treinador pessoal do jogador quando o assunto é rebatidas. Durante a temporada, Pujols pede que McKay faça uma sessão de arremessos longe da zona de strike, para que a sua leitura de bolas seja aprimorada – nesta pré-temporada, Pujols se lesionou e foi poupado de alguns jogos, mesmo assim ele participou dos treinamentos de rebatidas, mas não fazia contato com a bola, ficava parado no home plate só lendo os arremessos para não perder o timing do jogo.

O Busch Stadium, estádio dos Cardinals, tem um sistema de vídeos que auxilia os rebatedores. São câmeras que filmam exclusivamente o ataque e depois servem para que os atletas vejam como está sendo os swings contra determinados arremessos. Pujols usa este recurso para evoluir mais seu jogo.

Outro fator importante de mencionar são as intensas horas de academia que Albert faz, ganhando massa muscular e resistência. Sempre depois do treinamento de rebatidas, ele faz um exercício específico para os pulsos e antebraços, aumentando e mantendo o seu condicionamento.

Esta dedicação de Pujols com o jogo é necessária, porque se fosse de outra maneira ele não estaria neste status atual de ser um ícone da MLB. Tudo isso que ele alcançou veio com muita luta e suor, esforço do 402º jogador escolhido no draft de 1999. Ser pego apenas na 13ª rodada fez com que ele quase largasse o esporte para cuidar da sua família recém formada.

Neste período, Pujols conheceu sua atual esposa, Deidre. Quando eles se encontraram, ela já tinha uma filha fruto de um antigo relacionamento. Pujols fez questão de adotar Isabella, atitude nobre de um garoto que assumia a responsabilidade de cuidar de uma criança especial – Isabella é portadora da síndrome de Down. O problema na época era que ele não conseguia impressionar os olheiros da MLB e passava parte do dia senda a babá de menina enquanto Deidre trabalhava em três empregos. Ela até conseguia alguns bicos para seu marido e Pujols abraçava prontamente. Lá ia a futura estrela do beisebol trabalhar em padaria, em bufê...

Ele pensava seriamente em desistir da MLB e se dedicar a sua família. Ele pensava em pegar um ou dois empregos e ajudar Deidre a cuidar da sua filha e assim ser um homem comum. Ele pensava, pensava... Pensava porque foi escolhido numa posição tão baixa; pensava que a chance dada pelos Cardinals não valeria a pena; pensava...

Enquanto isso ele jogava nas minors (ligas de base) e desenvolvia seu jogo esperando uma chance. Entre 2000 e 2001 as portas se abriram milagrosamente e Pujols passou da terceira divisão das minors para titular do Saint Louis Cardinals. Veio o prêmio de Novato do Ano na Liga Nacional (2001); o começo de uma carreira cheia de sucesso e de troféus.


O elo que conectou Pujols ao grande palco chama-se Deidre (foto acima). Naquelas situações corriqueiras nas quais um pensa que tá ajudando o outro, na verdade é o outro que tá ajudando o um. Nos momentos que Pujols estava cuidando da Isabella, sua esposa estava do lado lhe apresentando o cristianismo verdadeiro, longe de costumes e imposições doutrinárias de homens. Ensinamentos simples e puros serviram de alicerce para ele se manter de pé e criar forças para avançar. Até hoje, José Alberto Pujols Alcântara não se esquece destes dias e sempre após um home run aponta pro céu num gesto singelo, porém de grande significado.

A caminhada do rapaz que veio da República Dominicana e que hoje é cidadão americano foi cheia de obstáculos e dificuldades. Assim sendo, ele pouco se preocupa com as críticas destrutivas e assume fielmente o papel de ser referência para muitos fãs do beisebol no mundo todo. Qualquer pergunta e comparação que se tenha sobre Albert Pujols, o tempo trará as repostas. Por ora, que se admire o talento de um jogador acima da média.

Ponto final.


(GL)



© 1 Robert Beck / SI