O Cheiro da Bonança ao Abrir da Janela

A caminhada do Texas Rangers rumo à World Series 2010 teve um trajeto totalmente fora do padrão, com acontecimentos que normalmente levariam ao fracasso e a dias turbulentos. Porém jogadores, treinador e diretoria superaram as dificuldades apresentadas, chegam a grande decisão da MLB após 49 anos da fundação do clube (1ª vez na história) e estão preparados para repetir a façanha conseguida nesta temporada.

Se isto vier acontecer sem tantas adversidades, melhor.

Duas situações delicadas precisaram de muita serenidade para serem contornadas; atitudes que somente poderiam partir de membros tão chegados como se fossem família. Primeiro houve as divulgações de fotos desalentadoras do OF Josh Hamilton (saiba mais lendo o artigo “O 1 de 101%”). O jogador estava se recuperando de uma grave dependência química e um site divulga imagens dele num bar com outras garotas se divertindo além da conta... Hamilton prontamente se desculpou e o clube ficou do seu lado, lhe dando apoio e agindo de maneira correta, pois tal decisão só contribuiu para a recuperação do outfielder.

Durante todo campeonato Hamilton recebeu força e encorajamento dos seus companheiros para seguir firme na sua reabilitação. Entre tantas ações do tipo, uma ficou registrada em vídeo num gesto bem carinhoso e inteligente. Sempre que um time consegue uma classificação para os playoffs, ou decisão de Liga, ou World Series, os jogadores celebram a conquista estourando champagne. Os Rangers fizeram diferente só para incluir Hamilton na festa, já que ele é aconselhado a ficar longe de qualquer bebida alcoólica. Assim que o time conseguir passar pelo Tampa Bay Rays e avançar para a final da Liga Americana, Hamilton arrumou as suas coisas e se preparava para ir embora. Alguns jogadores o chamaram ao vestiário e o cercaram, dando um banho nele de... refrigerante! – a bebida utilizada foi a ginger ale (marca Canada Dry), que tem uma aparência similar com a do champagne.

Outro caso que foi preciso uma boa intervenção foi o doping por cocaína do treinador Ron Washington. Ele falhou num teste feito durante o recesso do Jogo das Estrelas de 2009, mas o resultado se manteve no sigilo até o site da revista Sports Illustraded publicar o resultado em Março deste ano. Prontamente Washington se dirigiu à imprensa e deixou bem claro o que realmente aconteceu, assumindo o uso da droga e reportando que estava cumprindo o programa de tratamento obrigatório pela MLB. Quando acabou suas horas de participação no programa, ele se apresentou voluntariamente até o final do campeonato; além de fazer vários testes durante este período.


Por a notícia ter sido divulgada antes do começo desta temporada, muitos ventilaram a possibilidade dele ser demitido, entretanto seus atletas não deixaram. Washington (foto acima), ainda na pré-temporada, reuniu todos do elenco e contou a história do doping. Cerca de 10 jogadores, liderados por Michael Young, mostraram apoio ao técnico. Um por um dos que se dispuseram a falar ficaram de pé entoando uma só mentalidade: união e comprometimento em prol do treinador. Assim foi durante a temporada, assim tem sido.

Fora esta força dada pelos atletas, o diretor de beisebol (GM) Jon Daniels foi o que mais energizou Washington, que em nenhum momento recebeu críticas ou julgamentos do gerente, pelo contrário, ganhou um amigo incondicional. Daniels mostrou ser um homem maduro e bem ciente de sua posição apesar da sua pouca idade (33 anos) para um cargo de enorme responsabilidade.

E olha que faz cinco anos que Daniels é GM dos Rangers. Com 28 ele assumiu o cargo e se dedicou a cumprir o plano que tinha em mente: construir um time forte com base no draft e em jogadores baratos via trocas. Esta não é uma filosofia de trabalho nova, mas é necessário ter competência para realizá-la com eficiência. Antes de tudo, ele montou uma forte equipe de olheiros e avaliadores para analisar com cuidado os jovens talentos dos times de base da franquia, os jogadores que poderiam chegar via draft e atletas adversários com potencial de se juntar ao clube.

Grandes nomes saíram da equipe como o 1B Adrian Gonzalez (Padres), OF Alfonso Soriano (Cubs), P John Danks (White Sox), 1B Mark Teixeira (Braves-Angels-Yankees) e P Edinson Volquez (Reds). Destas transações, só as duas últimas trouxeram bons resultados aos Rangers: os Braves (2007) cederam duas promessas (SS Elvis Andrus e C Neftali Feliz); e os Reds (2008) cederam o OF Josh Hamilton.

Conforme os anos passavam Daniels aprendia mais e, consequentemente, o time ficava mais forte. A base se moldava com uma juventude empolgante e a ela se juntavam veteranos adquiridos em posições chaves. Para o campeonato 2010 Daniels contratou o DH Vladimir Guerreiro, 35; no meio da temporada chegaram o catcher Bengie Molina, 36, e o P Cliff Lee, 32. Estes, junto com outros 5 jogadores, são os únicos do elenco acima dos 30 anos – são 25 atletas no total; média de idade de 28.6.


Os Rangers têm talento suficiente para ficar por muito tempo na elite da Liga Americana; e este é o plano de Daniels (foto acima). O elenco que ele criou é coeso, pronto para manter o alto nível de beisebol dentro do diamond e manter o alto astral longe dos uniformes, comportamento tão importante que aproxima mais todos os membros da organização. Mesmo rotulado de “pai da criança”, uma brincadeira com Andrus rendeu a Daniels um dia desagradável por "duvidar" da capacidade do seu time em vencer jogos.

Texas estava iniciando uma série contra o Milwaukee Brewers (11 de Junho). O primeiro jogo foi uma derrota e para a segunda partida Andrus aparece com um cabelo tingido de loiro, logo causando uma grande resenha por parte de Daniels. Andrus então pergunta ao seu chefe ”Quantos jogos precisamos vencer para você tingir seu cabelo de loiro?” Daniels, sem acreditar muito que tal sequencia fosse possível de ser atingida, responde “10 jogos”.

Pois bem. Do dia 12 de Junho ao dia 23 do mesmo mês os Rangers venceram 10 partidas seguidas – maior sequencia de vitórias desde 1991. Aí no dia 24 lá estava Daniels de cabelo loiro assistindo seu time vencer a 11ª partida em 11 jogos. Lá estava o diretor com um look de gosto duvidoso sendo alvo de gozação do elenco. Lá estava um time alegre e feliz por ter um ambiente bom e agradável todos os dias, sejam eles maus ou bons.

Porém tudo é mais gratificante quando o clima ameno paira no ar.




(GL)
Escrito por João da Paz


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Faz um 21

A espera foi longa, mas promete ser recompensadora. Em 2007, quando o San Antonio Spurs escolheu o pivô brasileiro Tiago Splitter na 28ª posição no draft, o clube já sabia que ele não iria largar rapidamente o basquete europeu para entrar na associação, situação que foi boa para os dois lados, pois a franquia da NBA recebe um jogador mais maduro, experiente e vencedor em comparação com aquele de três anos atrás.

Splitter, 25, está pronto para ser o presente dos Spurs, time que passa por um processo de transição dos jogadores experientes (Tim Duncan, Manu Ginóbili) para os jogadores mais novos (James Anderson, George Hill, DeJuan Blair). O brazuca será um novato diferente, trazendo da Europa uma bagagem cheia de vitórias, conquistas e glórias. Mais precisamente, ele chega na NBA com um prêmio de MVP (melhor jogador) da liga espanhola de basquete (ACB) e com um título da própria defendendo o Caja Laboral, seu time na Espanha desde os 15 anos de idade.

Assinou com o então Tau Ceramica (atual Caja Laboral) que o mandou para times das divisões de base. Tiago jogou na 4º divisão com o Araba Gorago (2000-01), 2ª divisão com Bilbao Berri (2001 a 2003) e integrou o elenco principal do Tau Ceramica em 2003. Todas estas etapas evolutivas colaboraram com o crescimento do seu jogo, acrescentando aspectos importantes para melhoras dentro e fora de quadra lhe dando uma boa noção do que é basquete de alto nível.

Pelo estilo de jogo de Splitter, não poderia haver uma melhor franquia para ele atuar na NBA. Sua movimentação em quadra é bem similar ao que o Greg Popovich, treinador dos Spurs, ensina aos seus pivôs. O Caja Laboral joga com uma tática bem próxima da qual o San Antonio desenvolve, o que é mais um facilitador para a adaptação do brasileiro ao modo de jogar do alvinegro.

A inevitável menção surge agora: Splitter tem uma postura em quadra que lembra Tim Duncan, ala-pivô símbolo dos momentos áureos dos Spurs, mas que no alto de seus 34 anos caminha rumo a aposentadoria. Contudo até chegar lá, ele indicará atalhos para Splitter aplicar suas habilidades e ser produtivo, em troca Duncan receberá minutos em quadra do camisa 22, descansando assim por mais tempo para acumular energia a ser gastada em momentos decisivos.

O contrato de três temporadas assinado entre o San Antonio e o Tiago terá uma duração de três anos (10.9 milhões de dólares/ano), período este que servirá de provação ao brasileiro, uma confirmação se ele pode e tem condições de assumir o garrafão dos Spurs e ser um dos líderes da equipe nesta ação de rejuvenescimento. Querendo ele ou não, esta é a expectativa que ronda ao seu redor, tanto por parte dos torcedores do time quanto da diretoria.


Aptidão para domar esta tarefa ele tem, resta aplicá-la ao pisar em quadra e encarar as feras adversárias sem intimidação. Evidente que sua contribuição em pontos não será uma das maiores do time, mas sua presença dentro das quatro linhas é que contará mais, levando em consideração suas características mais notórias.

O trabalho nos rebotes é destaque (especializado nos ofensivos). Se movimenta bem na transição, tem bom jogo de pernas e executa passes precisos. Uma jogada letal que ele fazia com frequência na Espanha e fará repetidas vezes agora é o pick-and-roll (o popular 1-2). Este lance já está presente no playbook de Popovich e o treinador ganha mais uma peça para as diversas variações da metódica tabelinha.

Tudo leva ao casamento perfeito entre Spurs e Splitter. Sua primeira temporada com a franquia se inicia amanhã e que ele atue não como um iniciante, mas como o vencedor que foi por 10 anos jogando no basquete espanhol. Lá ele aprendeu as nuances do esporte e as encaixou no seu repertório, que se baseava em um jogador famoso da NBA.

O número na camisa que ele usava não negava: 21. Uma lembrança daquele que foi sua principal inspiração e modelo para construir e elevar seu jogo. Com a camisa 21 Tiago fez história na Espanha e os torcedores dos Spurs aguardam que ele atue com todo o gás e determinação demonstrada com o Tau Ceramica / Caja Laboral.

Entretanto uma mudança foi necessária e o brazuca não usará seu número preferido. Por razões óbvias, no seu uniforme está grafado o número 22, opção que surgiu porque já há no clube alguém que usa a camisa 21... E os torcedores dos Spurs aguardam que ele atue como seu maior ídolo e faça jus ao número que ele usou e assuma a responsabilidade de ser uma das novas estrelas da vitoriosa franquia.



(GL)
Escrito por João da Paz


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Uma Diferente Atmosfera

Eu gosto de arremessar no grande palco. Estar na MLB é uma honra única, mas quando se tem a oportunidade de atuar na pós-temporada, se percebe que isto é que importa. É por esta razão que jogamos durante todo ano. Eu aproveito e procuro me divertir

Assim Cliff Lee (foto acima), arremessador do Texas Rangers, define como são os playoffs para o jogador que em 8 partidas no “grande palco” venceu 7 e perdeu 0. Suas performances em 2010 tem sido supremas, dignas de serem registradas na história da liga.

No jogo 3 da final da Liga Americana, Lee colocou o atual campeão New York Yankees no modo inativo. Durante oito entradas ele permitiu apenas 2 rebatidas e 0 corridas, com 13 strikeouts para completar a exibição de gala - ele se tornou o primeiro arremessador a ter 10 strikeouts ou mais em três jogos seguidos na mesma pós-temporada. Quem deve mais se preocupar com as brilhantes partidas dele nos playoffs é justamente NY, que por perder o jogo de ontem à noite, necessariamente terá que enfrentar Lee num potencial jogo 7; caso consiga se manter vivo e vencer os próximos dois duelos (um em casa e outro fora).

Os Yankees sabem o quanto é difícil conseguir produzir algo contra Lee. Na World Series do ano passado o time de New York venceu os Phillies por 4 jogos a 2 e estas duas derrotas foram para Lee, que então atuava no time da Philadelphia – o ERA do arremessador nestes dois jogos foi de 2.81. O gostinho que ele teve dos playoffs começou em 2009 quando venceu 4 jogos em 5 partidas.

Nos momentos mais críticos aparecem as estrelas principais, os que se adaptam melhor a enorme pressão e desenvolvem com uma tranquilidade ímpar seu melhor trabalho. Lee, ao longo da careira, mostrou ser um cara que gosta de ultrapassar barreiras e superar obstáculos ditos intransponíveis; porém não deu certo no grande desafio vivido em Seattle. Sua saída era notória e tudo estava caminhando para uma aterrissagem em NY para defender os Yankees, mas no limite do fechamento da janela de transferências apareceram os Rangers.


Uma vantagem para Lee em ir para Texas é estar perto da sua casa, que fica em Arkansas, estado vizinho. Porém, cadê o “grande palco”? Muitos analistas, principalmente os locais, questionavam se o arremessador estava se sentindo a vontade em jogar pelos Rangers. Baseado nos jogos que ele foi titular desde que chegou no clube, a impressão é que havia pouca motivação. Foram 4 vitórias e 6 derrotas com a camisa texana, mas as críticas iam além destes números, pois nem nas partidas mais importantes e apelativas Lee foi bem.

Agosto foi seu pior mês (1v-4d e ERA de 6.35). Titular em dois grandes jogos, um contra os Yankees (dia 11) e outro contra o Tampa Bay Rays (dia 16), foi péssimo em ambos cedendo 4 corridas contra NY e 6 contra TB. Acrescentando partidas ruins contra times fracos (Kansas City Royals e Baltimore Orioles), a dúvida crescia acerca se realmente Lee estava confortável em ser um Ranger e se seria um fator decisivo nos playoffs.

É. No momento decisivo ele respondeu com propriedade. Abriu a série divisional contra os Rays (em Tampa) vencendo com alto estilo – 10 strikeouts e apenas 1 corrida cedida. Em certa parte do jogo ele eliminou 16 de 17 rebatedores na sequência.

No decisivo jogo 5 (também em Tampa), lá estava Lee para conseguir a primeira vitória em uma série de playoffs para a franquia Rangers. Foram 11 strikeouts no jogo e novamente cedeu apenas 1 corrida.

Definitivamente ele prova que uma de suas especialidades é ser dominante quando é necessário, na hora mais relevante. Lee não é simpatizante do estilo “é tudo ou nada” e não considera o beisebol como sendo um caso de “vida ou morte”. Devido ser desse jeito é que seu desempenho em campo flui naturalmente e as emoções florescem em sua totalidade. Os anos passaram e ele foi aprendendo a administrar tudo isso.

Antes de chegar ao Cy Young em 2008 (defendendo o Cleveland Indians), o jogador passou por tensas provações. 2007 marcou a carreira do arremessador, pois foi o ano que teve o pior ERA da carreira (6.29) e momentos esquecíveis. Numa partida contra os Rangers, que estavam homenageando Sammy Sosa pelo home run de nº 600, Lee acertou o rebatedor na cabeça. Na partida seguinte ele foi vaiado em Cleveland pelos torcedores locais e logo depois foi mandado para as divisões de base. No purgatório do beisebol ele corrigiu algumas falhas em sua mecânica de arremesso, ouviu quem tinha algo a lhe dizer, aprendeu a usar sua melhor habilidade e no ano seguinte venceu 22 jogos (perdeu 3), levando pra casa o troféu de melhor arremessador da Liga Americana.


Sua trajetória seguiu caminho em Philadelphia, depois Seattle, depois Texas... É engraçado perceber que um jogador do calibre de Lee passou por quatro clubes num período de 15 meses. Entretanto suas andanças pelos EUA não deve parar agora, visto que ele será agente livre após este campeonato e as ofertas para adquiri-lo serão altas – resta saber quem irá duelar com os Yankees num provável leilão do jogador.

Enquanto isto ele defende o tricolor do Texas e seu presidente, o lendário Nolan Ryan, desfruta desta passagem. Ryan, membro do Hall da Fama e líder em toda a história da MLB em strikeouts (5.714) é considerado um dos melhores arremessadores do esporte. Sabe que o atual adversário das finais da Liga Americana podem levar seu principal jogador, mas isto só acontecerá, porventura, depois que a temporada acabar. Ainda há tempo de admirar o que Cliff Lee vem realizando e Ryan entende bem o que ele está vendo: um jogador que orbita numa atmosfera diferente.

Ele é simplesmente um fenômeno. É chato dizer que é isto que esperávamos dele, porém é deste jeito mesmo; porque ele é tão consistente... Ele é o arremessador mais consistente que já vi. Veja que ele permitiu apenas um walk em 24 entradas: é incrível

Nolan Ryan


(GL)
Escrito por João da Paz



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Tolerância, Conivência e Seus Tinos


Conhecer o privilégio tem suas desvantagens; a maior delas é se esquecer de si. O status de ser grande e famoso leva o sujeito a exercer a “carteirada” utilizando o cargo que ocupa para conseguir apagar uma sujeira feita ou alcançar o que deseja. Big Ben agia desta forma e a função de Ben Roethlisberger é deixar que o verbo agir permaneça no passado – assim como tantas outras coisas.

Liberar o perdão não é fácil, mas há uma distinção entre esta ação com alguém próximo versus alguém distante. Se for o erro de uma pessoa com a qual se tem um relacionamento mais restrito, a tendência é ser mais tolerante. Agora se a pessoa for distante, mesmo que esteja tão longe quanto o vizinho ao lado, o julgamento moral começa e o cidadão errôneo é rotulado como escória.

Por quê? É mais fácil ser conivente com alguns e rápido para condenar com outros? Passa despercebida a realidade que todos são propensos a serem alvos do não perdão. Doar perdão não necessariamente significa que o mesmo chegará quando for necessário, porém é algo importante a ser feito para não ficar preso numa armadilha que cega e leva a escuridão, onde há o tropeço e não se sabe em o que tropicou.

Roethlisbeger, quarterback do Pittsburgh Steelers, volta a campo neste domingo após 4 jogos de suspensão imposta pela NFL. Punição esta que originalmente seria maior (6 jogos), mas a redução veio por bom comportamento. O QB passou este início de temporada por constantes avaliações psicológicas para se ter a certeza de que ele não iria repetir comportamentos que colocariam não só ele mas o clube e a liga em péssimas notícias.

Quando estava dentro de um processo respondendo uma acusação de estupro – além de denunciar a garota, que fez a acusação, por difamação e extorsão –, Roethlisberger se envolveu em um caso tenebroso com uma jovem dentro de uma boate. Mais uma vez o sexo é assunto e ela diz que foi embriagada, levada a um banheiro e forçada a ter uma relação com o atleta. Ambos os casos aconteceram dentro de um curto período (8 meses) – apesar de que no primeiro a garota só revelou a acusação um ano depois do ato ter acontecido.

Em nenhum deles Roethlisberger foi condenado e/ou preso. Só que isto somente não basta, pois ao estar nas manchetes policias, seu nome leva consigo o clube e a liga junto, afinal a menção é sempre esta: Ben Roethlisberger, jogador do Pittsburgh Steelers, time da NFL...


Por estas e outras que a liga puniu o QB baseado em seu Código de Conduta Pessoal, entregue a todos que trabalham para a NFL, já que há tópicos importantes a serem respeitados por cada indivíduo sob a tutela da entidade. Nele há uma passagem que justifica a punição:

Não é suficiente escapar de ser culpado de um crime. Você [jogador] está num alto patamar e espera-se de ti uma conduta responsável, promovendo os valores lícitos que a liga se baseia. [A disciplina virá sobre circunstâncias] que coloquem em risco a integridade e reputação da NFL, clubes da NFL e jogadores da NFL.
NFL Personal Conduct Policy, 2009


Após sofrer esta sanção, Roethlisberger está de volta aos gramados que o transformou em Big Ben. Este apelido serviu para ele se vestir de outra pessoa e esta tomou conta do cotidiano da versão original. Ao sair nas ruas ele era abordado por torcedores que o chamavam de Big Ben e aquilo o fazia se encher de fama, sucesso e gozar de privilégios...

Aí ele não soube lidar com a boa vontade e utilizava o tratamento especial que tinha para corrigir erros que porventura cometia. Achava que era só dizer: “Eu sou o Big Ben” e tudo seria esquecido; o apelido, dentro da sua mente, lhe permitia ser arrogante e pretensioso. Roethlisberger se deixava levar e se colocava em situações delicadas nas quais o resultado final não seria nada bom. Precisou de duas graves acusações, repúdio da sociedade e descaso para cair na real e virar adulto, crescer.

Esta última palavra foi usada pelo procurador que cuidou do caso “sexo consensual dentro do banheiro” – que ocorreu no estado da Geórgia; o outro foi no estado de Nevada. Roethlisberger se esquecia da sua representatividade e da idade que tinha quando agia sob o holofote do famoso “Big Ben”. Sua função é não carregar a fama que conseguiu dentro de campo (ganhou dois Super Bowls antes dos 27 anos) para fora dele. Quando não estiver com capacete e a camisa 7 for pendurada no armário do vestiário, ele precisa ser Ben Roethlisberger.



Como tantos outros atletas da NFL, ele não soube administrar o repentino sucesso adquirido. Um passado sem mãe numa cidade do interior se chocou com um presente glorioso e um contrato de US$ 102 milhões (assinado em 2008). O contraste agudo lhe tirou do prumo e infelizmente somente depois de comportamentos duvidosos e repugnáveis que ele retornou a ser o filho do papai.

Em recente entrevista a uma filiada de Pittsburgh da rede ABC, Roethlisberger admitiu fazer essa diferenciação de personalidades. Ele percebeu isto quando conversava com seu pai e o velho disse: “...é bom ter meu filho de volta...” A simples frase bateu fundo no coração do jogador que se não puder se controlar por si, deve lembrar do que seu pai lhe falou.

Os que chamam Roethlisberger de idiota têm uma porcentagem de razão. Realmente é estúpido agir de uma forma tão intransigente e pensar que iria sair são e salvo. Entretanto é necessário saber o porquê tantas coisas aconteceram para tomar uma posição tão firme perante comportamentos comuns na vida de muitos. O cuidado deve ser praticado sempre, visto que pode enfrentar algo parecido com alguém próximo. Será então usado a artimanha do dois pesos duas medidas? Por que não utilizar constantemente o ato de perdoar? Que não significa concordar com o que foi feito, mas reconhecer que todos estão sujeitos ao erro e que é necessário ajuda para superá-los.

Existe um limite para o perdão? Do que adianta perdoar e a pessoa continuar errando? A resposta para estas perguntas é o resultado de uma simples conta:

70x7.



(GL)
Escrito por João da Paz


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Graduação Revista

Quem tem a chance de escolher uma profissão, uma carreira, encara um dia corriqueiro de trabalho com paixão, com dedicação. Kevin Garnett, ala do Boston Celtics, expõe este seu lado ao passar pelas quadras da NBA energizando seus companheiros com palavras de encorajamento que canalizam a adrenalina do momento para explodir quando houver necessidade de um “turbo extra”. Ele também usa da mesma energia para travar as ações do adversário com falas psicológicas para tirá-lo do prumo e desabilitar as ações contrárias.

Esta imagem os fãs da NBA conhecem bem. Quantas e quantas vezes Garnett é flagrado pelas câmeras de TV no mais alto do seu grito agindo como se fosse um motivador / desmotivador ambulante. Sua participação em cada jogo ultrapassa os limites da quadra e tem uma sensível responsabilidade fora dela. Ao observar seu papel longe das quatro linhas se percebe o quanto ele é fundamental para muita gente.

Em 1997, uma das mais importantes revistas semanais dos EUA (Newsweek) projetou quem seriam as 100 pessoas mais influentes da década que iria iniciar (2000-2009). Garnett estava na lista entre grandes celebridades e seu perfil foi definido da seguinte forma:

Kevin Garnett, 20 anos. Um dos únicos sete jogadores a sair do ensino médio direto para a NBA, Garnett se posiciona para ser o melhor atleta da sua geração. E mais: ele é um cavalheiro

Newsweek, “The Century Club” Ed. Abril 1997


O que é preciso notar é que a publicação estava falando das pessoas mais influentes e não de atletas. Foi uma projeção correta, pois KG já fazia muito pelo próximo e sua natureza o levava a fazer cada vez mais e mais.

O começo de tudo foi dentro do lar. Criado somente pela mãe, Garnett, assim que atingiu a maioridade, assumiu a paternidade da sua irmã mais nova. Um ano depois ele entrava no basquete profissional e a vida o levou à Minnesota para jogar pelos Timberwolves. Lá ele abraçou o clube se tornando a cara da franquia.

Ao firmar um longo contrato com Garnett em 1998 (126 milhões de dólares por 6 anos), os Timberwolves ficaram numa situação delicada já que não havia mais condições de manter outros talentosos jogadores do elenco ou contratar outros atletas de alto nível. Na época ele disse: “Muitos tendem a fugir quando as coisas estão ruins. Eu não sou assim”.


Por anos ele era o responsável por todas as coisas em Minnesota; não havia ajuda, era o que chamam do “show de um homem só”. Depois de muitas primaveras, os Timberwolves adquiriram dois bons reforços para o campeonato 2003-04, os armadores Latrell Sprewell e Sam Cassell. O “monstro de três cabeças”, apelido do trio, levou a equipe até as finas da Conferência Oeste (perdeu para o Los Angeles Lakers) e KG ficou com o troféu de MVP da temporada regular.

Neste período, o então veterano Cassell experimentou novos ares. Depois de ter conquistado dois títulos com o Houston Rockets, o armador não hesitava em falar que os Wolves tinham um dos melhores entrosamentos em toda associação e que o responsável por isso era Garnett. Cassell conta que tanto ele quanto Sprewell foram extremamente bem recebidos no elenco e ambos viram como é que se lidera um time. Cassell depois se juntou a KG nos Celtics da temporada 2007-08 quando foram campeões da NBA. O armador credita o renascimento da paixão pelo basquete à Garnett. Vê-lo treinar e empregar tudo de si para o esporte fez com que Cassell criasse dentro de si o desejo de ser treinador – hoje ele é assistente de Flip Saunders no Washington Wizards.

Quem convive com KG se contamina mesmo. Ele tem um poder de persuasão enorme e mesmo rodeado de potenciais membros do Hall da Fama como Paul Pierce, Ray Allen e agora Shaquille O´Neal, o líder do grupo é KG, peça essencial para o sucesso dos Celtics. Nesta pré-temporada da NBA Pierce já afirmou que para o time avançar com competitividade ao longo do campeonato, é preciso ter um Garnett saudável, mais presente em quadra do que no departamento médico.

Quando sua condição física está ideal, ele é uma força no garrafão de difícil marcação. Tem habilidade no jogo de costas para cesta, recebendo dupla marcação, no jogo individual, no arremesso de média e longa distância, no controle da bola... Sem mencionar seu jogo defensivo, um dos melhores da associação.

Até que ele pode não ser o melhor ala de força da sua geração; títulos dão a virtual honraria a Tim Duncan do San Antonio Spurs. Porém esta é uma eterna, ríspida e agradável discussão que os torcedores da NBA travam. Não tem problema, outras honrarias ficam com Garnett.


Ele não fez faculdade, não tem diploma. Só que a vida lhe deu uma graduação: a de viver pelo outro e ajudá-lo nas ocasiões que preciso for. A projeção da Newsweek acertou e ele passou +10 anos influenciando quem está ao seu lado, quem está longe, quem está distante... Em situações nas quais ele não pode jogar, sua participação no banco de reservas e tão intensa – ou maior – do que se ele estivesse em quadra. O fato de estar com terno ao invés de regata não o impede de motivar seus jogadores e desmoralizar os adversários. A paixão não o deixa calar.

A idade chega, é inevitável. Hoje ele tem 34 anos e talvez o apelido “The Kid” (“O Garoto”) não lhe sirva mais. Engano. Garnett põe suas forças e empenho ao nível máximo nos Celtics para conseguir sempre mais um resultado positivo. Se não forem vitórias, que seja ao menos uma derrota digna de quem lutou e não se entregou. Em recente entrevista à rádio WEEI de Boston, Garnett definiu em algumas palavras seu pensamento e quem ele é deveras:

Eu me sinto velho, mas apenas pelo fato de ter jogado por muitos anos. Quando se trata em competir, estar em forma, ter paixão... nada destas coisas faltam em mim




(GL)
Escrito por João da Paz


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Nada de Novo



Tentaram por muitas vezes colocar um rótulo escrito “O Novo Moss”; não cola. Randy retorna ao seu primeiro time na NFL (Minnesota Vikings) sendo praticamente igual àquele que deixou o clube em 2005. Só não 100% o mesmo porque algumas coisas mudaram: está mais velho, mais experiente... pode ter perdido algum pedaço da sua habilidade pelo caminho, mas a capacidade de fazer grandes recepções está com ele, assim como a mágica trivial de ser ele ao extremo.

Moss é do tipo que não guarda sentimentos, não esconde frustrações. Profissionais da mídia procuram delinear uma cronologia de fatos que culminaram com sua saída do New England Patriots; nunca chegarão ao centro da questão. Seja qual for o ponto de vista, uma coisa é certa: Moss sabe como funciona o football, conhece a franquia para a qual estava trabalhando e se jogou antes que fosse tarde.

Um desses fatos foi sua entrevista após o jogo contra o Cincinnati Bengals (semana 1). Mostrando traços de um exímio analista de RH, Moss destrinchou para quem quisesse ouvir sua visão das diretrizes que regem a organização Patriots. Por já perceber que seria uma carta fora de jogo, expôs seu descontentamento que o levou de volta aos Vikings. Sua declaração foi a seguinte:

Se você faz um bom trabalho, e eu acho que estou fazendo um bom trabalho, você quer ser reconhecido. Eu realmente acho que não sou reconhecido aqui. Quero ser um Patriot, amo estar aqui. Mas olhando pelo lado dos negócios, este provavelmente será meu último ano com a camisa dos Patriots

Ele previu o que aconteceria nos jogos seguintes, onde seria pouco utilizado e nulo no sistema ofensivo. Seu grande ano em New England foi 2007, primeira temporada com o time. Anotou o recorde de passes recebidos para touchdown numa única temporada (23), a equipe terminou o campeonato invicta, chegou ao Super Bowl e... perdeu para o New York Giants. Esta foi a grande oportunidade dele conseguir o anel de campeão da NFL. Depois até que teve boas temporadas, passando de 1000 jardas recebidas nos dois anos subsequentes, porém não dava mais. A saída era iminente.

Iminente porque os Patriots não ficariam com o veterano por um longo tempo. A filosofia deles é outra: ter muitas escolhas nos drafts e montar um elenco com base na juventude – e um ou outro veterano. Dentre os mais experientes, o número 84 não seria o escolhido. Por isso ele falou o que pensava, arcou com as consequências – passando em branco no seu último jogo – e conseguiu o que queria.


Seu regresso ao Vikings é bom para ele, pois lá sua função será primordial para o sucesso do time que precisa de um alvo para receber passes longos do braço de Brett Favre, conhecido na NFL por gostar de fazer tais lances. O ataque dos Vikings é completo com bom jogo corrido (Adrian Peterson), bom alvo nos passes curtos (Percy Harvin) e boa opção nos passes no meio de campo (Visanthe Shiancoe). Faltava essa arma para um ataque mais profundo.

Seus 7 anos anteriores com os Vikings foram problemáticos e cheios de distrações. Mas Randy não guarda rancor de nada do que ocorreu e procura ver sua passagem por Minnesota como uma coisa boa. Sua perspectiva é que se hoje ele tem uma vida financeiramente saudável, pôde jogar em principais times da NFL (teve uma curta passagem com os Raiders) e aos 33 anos de idade ainda é produtivo, tudo se deve ao que foi aprendido e vivido com os Vikings.

A franquia está sob uma nova direção, diferente daquela que lidou com Moss. Talvez Zigi Wlif, dono, tenha uma missão mais próxima da realidade acerca do que fazer com sua mais recente contratação. A montagem do elenco desta temporada, tendo em vista o que aconteceu no campeonato passado, indica que é tudo ou nada para os Viknigs em 2010. Se conseguir o título: a glória. Se não... Se não...

O time fez de tudo para trazer de volta o QB Favre, porém ele perdeu seu alvo preferido (Sidney Rice, cirurgia no quadril) que, provavelmente, não volta neste ano. A diretoria se movimentou buscando um WR de elite para seu paparicado jogador. Não conseguiu Vincent Jackson (Chargers), entretanto trouxe Moss. Interessante que quando ainda estava com os Packers, Favre fez um enorme lobby, em 2007, para que seu ex-time adquirisse o controverso receiver – que foi para NE e a história já é conhecida.

Quem sabe, para Moss, as performances de 2007 não se repitam? Uma lembrança daquele ano ele terá na próxima segunda, seu primeiro jogo com os Vikings. O adversário será o New York Jets, mesmo time contra o qual ele estreou com os Patriots em 2007. Na ocasião Moss fez uma excelente partida, com 9 recepções para 183 jardas e 1 TD. Quem o marcou foi um garoto novato chamado Darrelle Revis, hoje um dos melhores cornerbacks da NFL.




Revis, em 2010, se lesionou num jogo contra os Patriots ao correr buscando impedir o magnífico TD de Moss registrado no vídeo acima. Esteve de fora por duas semanas, porém volta contra os Vikings. O duelo entre os dois será a principal atração da próxima rodada.

Pegando 2007 como exemplo os Vikings, dependendo das atuações de Moss, não devem firmar um compromisso a longo prazo com o atleta. Após esta temporada o receiver será agente livre e algum clube irá lhe oferecer milhões de dólares por um contrato. Só que no atual momento é nítido que é pouco rentável se comprometer a longo prazo com o veterano. Mas pode ter certeza, é um grande trunfo por apenas uma temporada.

Wlif sabe que não terá um Moss diferente. Nada de novo será apresentado nas partidas dos Vikings, mas o que se verá é um jogo de alto nível de um dos melhores receivers da história da liga. Frustrante para ele será não conseguir nada (de novo) e ficar mais uma vez sem o título, sabendo que não só ele, mas o time como um todo é capaz de ganhar o Super Bowl. O objetivo da franquia é manter Randy centrado e focado em jogar football, controlando o vetor complexo que volta ao lugar onde tudo começou.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Jim McIsacc / Getty Images

1-2 e o Closer

Sou adepto daqueles que acreditam ser necessário ter arremessadores de elite para qualquer clube ser bem sucedido nos playoffs da MLB. Indo mais além, se uma equipe não tiver bons jogadores na posição de número 1 e/ou 2 na rotação, é provável que não irá longe. Quem ocupa estas vagas tem um papel crucial porque abrem e fecham uma série. Tão importante quanto esses citados são os closers (C), responsáveis por assegurarem os resultados construídos ao longo de sete, oito entradas.

O Grandes Ligas selecionou os melhores arremessadores de cada time participante da pós-temporada 2010; não necessariamente serão os primeiros a começarem as partidas destes playoffs. Confira um resumo* dos trios que incluem os dois melhores titulares e o closer; com uma nota avaliando o quanto são eficientes.





Tampa Bay Rays

1 – David Price
2 – Matt Garza
C – Rafael Soriano

Price é um dos favoritos a levar o Cy Young e terminou a temporada em um bom momento, com 1.67 ERA em 49 entradas no mês de Setembro. Foi o primeiro jogador da Liga Americana a vencer 10 jogos e titular no Jogo das Estrelas. A dúvida é quem manterá a alta produtividade depois dele... Garza é a melhor opção pela experiência e pela boa temporada que fez. Conseguiu um no-hitter (jogo que o arremessador não cede rebatidas) no dia 26 de Junho contra o Detroit Tigers, se tornando o primeiro jogador da história da franquia a realizar esta façanha... Já Soriano é o melhor closer da LA nesta temporada com 45 jogos defendidos. Ele também conseguiu um feito raro neste ano, ao eliminar três rebatedores numa única entrada com apenas nove arremessos (o mínimo possível) contra o Los Angeles Angels no dia 23 de Agosto – se tornando o 15º arremessador desde 1900 em toda MLB a conseguir esta marca.





Texas Rangers

1 – Cliff Lee
2 – CJ Wilson
C – Neftali Feliz

A esperança da franquia avançar nos playoffs e vencer a primeira série na história (único clube da MLB que ainda não ganhou uma série em pós-temporada), reside em Lee, adquirido no meio do campeonato para justamente liderar o time. Apesar de ter tido más apresentações – cedeu 10 rebatidas em uma partida contra os Orioles e outras 10 contra os Royals –, ele tem boas apresentações nos playoffs, com 4v e 0d ano passado defendendo os Phillies. Com a camisa dos Rangers foram 4 v e 6d... Wilson é capaz de acompanhar Lee, basta ser consistente e procurar não inventar muito. Se atuar com simplicidade, usando seus três principais arremessos (bola rápida, bola lenta e a slider), pode ir longe nas partidas... Feliz é um novato espetacular e suas 40 defesas de resultados é a melhor marca na história da MLB para um jogador em seu primeiro ano. Não cede uma corrida desde o dia 22 de agosto (16 jogos).





New York Yankees

1 – CC Sabathia
2 – Andy Pettitte
C – Mariano Rivera

É uma rotação que chega aos playoffs num momento bem diferente do que aconteceu ano passado quando eles venceram a World Series. A trinca de ases não existe mais e a única certeza é CC, jogador com mais vitórias neste ano na LA (21)... O treinador Joe Girardi fica numa situação complicada para escolher quem será o arremessador depois do seu único ace. Entre Phil Hughes e Pettitte, este último é a melhor opção, mesmo com uma temporada 2010 prejudicada por uma lesão na coxa que o deixou inativo por dois meses. Fora isso tem que lidar com uma dor nas costas que apareceu nos seus últimos dois jogos do campeonato, onde ele cedeu sete corridas... Rivera é outro que não esta na melhor fase, desperdiçando jogos importantes na reta final. Porém ele é um veterano que conhece os atalhos dos playoffs e ainda pode ser dominante. Sua temporada não foi a melhor da carreira, mas em Junho quebrou um recorde pessoal ao eliminar 24 rebatedores seguidos.





Minnesota Twins

1 – Francisco Liriano
2 – Carl Pavano
C – Matt Capps

Liriano teve uma temporada de altos e baixos, mas pelo menos em Abril foi consistente e ganhou o prêmio de melhor arremessador do mês na LA. É o 5º na LA em strikeouts e teve cinco jogos com 10 ou + strikeouts. É um cara que não tem receio em ser agressivo, computando ao longo do ano 10 arremessos longe do catcher e 10 arremessos que atingiu os rebatedores... Pavano tem experiência em playoffs, mas arremessando em um lugar quente (campeão com o Florida Marlins em 2003). O clima em Minnesota pode ser um fator importante se o clube avançar, visto que os Twins estão jogando em um novo (e descoberto) estádio... A perca do closer Joe Nathan, que passou pela cirurgia Tommy John, causou caos ao clube. Foram buscas internas para uma solução, mas a diretoria preferiu ir atrás de um jogador da posição e contratou Capps (ex- Nationals e Pirates). Em 27 entradas com os Twins, cedeu apenas 6 corridas, desperdiçando somente 2 jogos.





Philadelphia Phillies

1 – Roy Halladay
2 – Roy Oswalt
3 – Brad Lidge

É fantástica a rotação dos Phillies, que ganhou o apelido de H2O dado pelos torcedores (Halladay, Hamels e Oswalt). Hamels tem experiência (e um MVP de World Series), mas será o terceiro arremessador. O primeiro é Halladay, disparado o favorito a levar o Cy Young da LN. Sua primeira pós-temporada vem seguida de uma boa performance em Setembro, vencendo os 5 jogos que disputou. Contra times que estão nos playoffs, ele só venceu os Braves (3 vezes) e perdeu para os Twins, Yankees e Giants. Teve um jogo perfeito contra os Marlins em Maio e é o arremessador com mais jogos completos na LN (9), ficando na frente até do segundo time no quesito: os Mets com 8... Oswalt se adaptou bem aos Phillies, com 7v e 1d desde que chegou (vindo dos Astros). Fez uma boa campanha com seu ex-time nos playoffs de 2005 (MVP da LN). Sua carreira no Citzens Bank Park, estádio do Philadelphia, é formidável, não perdendo nenhum jogo: 6v e 0d... Lidge parece ter colocado a desastrosa temporada 2009 no vale do esquecimento. Na verdade é preciso que seja assim, pois nada adiantará ter ótimos arremessadores titulares se não houver alguém para garantir o resultado.





Cincinnati Reds

1 – Johnny Cueto
2 – Bronson Arroyo
3 – Francisco Cordero

Cueto começou a temporada como terceiro na rotação, entretanto foi ganhando espaço. No final de Julho tinha apenas 2 derrotas (10 vitórias) e fechou o campeonato com o melhor aproveitamento em três anos com os Reds... Arroyo não é uma segura opção, mas tem habilidades para vencer na pós-temporada, usando sua experiência adquirida com os Red Sox em 2004. Suas 17 vitórias é a melhor marca na carreira e terminou a temporada regular com 3 vitórias seguidas... Cordero, em 2007, assinou com os Reds o maior contrato (até então) de um reliever. Só que nesta importante temporada ele tem sido bem irregular: é o terceiro na LN em defesas (40) e o segundo em desperdícios (8).





San Francisco Giants

1 – Tim Lincecum
2 – Matt Cain
3 – Brian Wilson

Muitos consideram esta temporada uma das menos produtivas das quatro que Lincecum disputou na MLB. O detalhe é que uma delas foi a de novato, em outras duas levou o Cy Young e nesta ele lidera a LN em strikeouts (231) mesmo sendo esta sendo sua pior marca desde o primeiro ano na liga. Mostrou poder de recuperação após ter um péssimo mês de Agosto com 5 derrotas em 5 jogos (ERA de 7.82), já que em Setembro teve 5v e 1d (ERA de 1.94)... Cain participou dos jogos mais importantes da carreira neste ano, um pelo lado positivo outro pelo negativo. Venceu o Los Angeles Dodgers no dia 1º de agosto, primeira vitória dele contra o arqui-rival (tem 8 derrotas). Perdeu para o San Diego Padres (dia 1º/10) jogando em San Francisco, numa partida que poderia assegurar a vaga aos playoffs – que veio dois dias depois. Neste confronto foram 88 arremessos em 4 entradas, permitindo 9 rebatidas e cedendo 6 corridas... Wilson é o líder em jogos defendidos na LN (48), marca igual ao recorde da franquia que pertence à Rod Beck.





Atlanta Braves

1 – Tim Hudson
2 – Derek Lowe
C – Billy Wagner

Hudson fez uma fantástica temporada 2010 após passar pela cirurgia Tommy John, vencendo 17 jogos com um ERA de 2.83. Teve a melhor marca de strikeouts (13) da carreira contra os Marlins no dia 28 de Agosto. Seu mês de Setembro foi fraco com 1v-4d e um ERA de 5.35... Com Lowe a história é outra, pois o último mês foi o seu melhor, com 5v-0d e um ERA de 1.17. Esta performance lhe rendeu o prêmio de melhor arremessador do mês de Setembro da LN. A seu favor ainda vale sua brilhante performance nos playoffs de 2004 com os Red Sox quando foi o arremessador vitorioso nos jogos decisivos das séries contra os Angels, Yankees (titular do jogo 7) e Cardinals... Wagner chegou aos Braves já prevendo qual seria seu futuro: aposentadoria ao final do campeonato. Os excelentes números que conseguiu não serão suficientes para reverter a posição tomada. Terminou a temporada regular com um ERA de 1.43 e uma ótima marca de 13.5 strikeouts por nove entradas. Passou todo o mês de Junho e Setembro sem ceder uma corrida sequer.



(GL)
Escrito por João da Paz


*Todos os números aqui apresentados são referentes a temporada regular 2010; a não ser quando mencionados em diferentes ocasiões.

Investir, Rezar, Lucrar


Negar o ócio é com Mikhail Prokhorov. Isto ele faz com devoção.

O hoje multibilionário, número 39 do mundo segundo a revista Forbes (edição 2010), era um simples russo que além de enfrentar dificuldades financeiras e sociais, teve a perda do pai e da mãe cedo em sua vida, lhe dando poucas alternativas de como sobreviver sem eles por perto.

Antes da tragédia, Prokhorov já tinha caminhado pelas estradas do trabalho e dinheiro ganho. Sua família vivia num complexo de apartamentos muito comum na União Soviética, no qual várias casas compartilhavam um só banheiro e uma só cozinha. Qualquer grana era bem vinda e ele, adolescente, começou a descarregar vagões cargueiros de trens para ajudar na renda dos seus pais. Pouco tempo se passou e amigos de escola passaram a auxiliar o “pequeno administrador” que desde cedo percebeu o dote de gerenciar pessoas – estes amigos trabalhavam para ele.

As primeiras economias se computavam e Prokhorov entra na faculdade. Um dos cursos no Instituto Financeiro de Moscou era sobre negócios internacionais, algo inviável no regime socialista soviético. Quando ele finalizou a graduação em 1989, a Perestroika estava em ação, um projeto político/econômico de reconstrução de uma nova nação – teve início em 1985. Neste período, em 1988, Prokhorov perdeu os pais, bem quando ele começou seu segundo emprego, dando passos largos rumo à independência financeira. A sacada foi fabricar roupas jeans, aproveitando a abertura do mercado soviético de então a produtos ocidentais. A população vivia extasiada por poder consumir produtos antes por lá proibidos e Prokhorov lucrou com isto.

O que mais Prokhorov encontrou na sua carreira foram favores e oportunidades. Sua experiência desde novo em tratar com empregados, ter um estudo e praticar a teoria escrita na lousa, fez dele um agente único e importante na Perestroika. Seu conhecimento era vasto para ficar numa fábrica, então ele abraçou a primeira chance que teve em trabalhar num banco, depois foi administrar uma importante organização financeira e neste vai e vem conheceu um cara (Vladimir Pontanin) que viu nele a capacidade de um puro empresário, o chamou para ser sócio e compraram uma média indústria de metal. Sob as mãos de Prokhorov, esta média indústria (Norilsk Nickel) se tornou uma das maiores corporações do mundo.


Aí os milhões foram se acumulando, se acumulando... Aí os bilhões foram se acumulando, acumulando... Sobrava uma graninha para gastar em suas paixões e o basquete russo se deu bem nessa. Prokhorov passou gerenciar o CSKA Moscou, que debaixo da sua administração se tornou uma potência na Europa, tanto dentro quanto fora de quadra. Ganhou duas EuroLiga (2006 e 2008), quebrando um jejum de 35 anos; participou constantemente do Final Four do torneio; e colocou o basquete do seu país em evidencia. Mas aquilo não foi nada, pois o controle principal do clube pertencia a um grupo de empresas e Prokhorov largou seu “passatempo”, vendendo sua parte porque não iria conseguir lucrar.

Mais uma vez a vida lhe proporciona uma renovação de ânimo e reapresenta a oportunidade. Ao mesmo tempo em que ele saiu do CSKA, um amigo americano lhe informou sobre um time da NBA que estava à venda, chamado New Jersey Nets. Este foi o mesmo período (ano de 2008) que ele se desentendeu com seu principal sócio – Pontanin – por um episódio obscuro protagonizado por Prokhorov na França. Mikhail vendeu sua parcela da Norilsk e se deu bem, já que a recessão da economia mundial veio, atingiu a Rússia com toda a força e as ações da empresa caíram 79%. A pessoa que comprou a parte de Prokhorov (Oleg Deripaska) perdeu cerca de US$ 24 bilhões e Pontanin viu bilhões saírem da sua conta bancária. Sobrava Prokhorov com bilhões parados, esperando a oportunidade mais uma vez lhe encontrar.

Atualmente ele é dono de um fundo privado de investimento chamado ONEXIM Group, tem uma mineradora e metalúrgica de ouro (Poylus Gold), uma empresa de seguros (IFC-Bank), empresa de nanotecnologia e uma empresa no setor imobiliário. Nisto tudo falta sua paixão, aí entram os Nets.

Com um “dinheirinho de nada”, 200 milhões de dólares, Prokhorov comprou 80% da franquia e 45% da companhia que está construindo a nova arena – fora que ele já tem sociedade com corretores que agem na área do Brooklyn onde o ginásio será erguido, lugar conhecido por Atlantic Yards. Quem manda por lá é Bruce Ratner (ex-dono dos Nets) que tem os outros 55% de controle sobre a arena.


O russo não vai se intrometer nas operações do basquete, para isto ele irá designar pessoas competentes e especialistas, cobrando delas resultados e eficiência. Esta e a próxima temporada será um aprendizado, pois ele está num território estranho e precisa aprender como funcionam as coisas na NBA em relação a produtividade dentro de quadra. Ele, entretanto, já lançou um desafio aos seus jogadores: playoffs neste ano e final de campeonato (no máximo) daqui a cinco anos. Mesmo sendo algo, digamos, inatingível aparentemente, isso cria um compromisso em atingir metas, gerando doses de crença e confiança.

No que diz respeito aos reforços para o elenco, Prokhorov se movimentou. Ofereceu propostas aos jogadores LeBron James e Carmelo Anthony, assim como ao treinador Mike Krzyzewski – todos destaques em suas posições. Os três recusaram e o russo não se dobrou, deixando bem claro que não irá implorar para que pessoas venham fazer parte do seu clube. Sabe que no futuro os papéis se inverterão e pessoas vão implorar para estarem com os Nets. Esta é uma das lições que ele já aprendeu.

Quando a franquia se mudar definitivamente para o famoso bairro de New York (habitada em parte por 330 mil imigrantes russos), ela será a sensação da NBA. Prokhorov chegou na associação não só para praticar um “passatempo”, mas para lucrar e criar um clube totalmente diferente. Ele não só estipulou metas para seus subordinados, fez uma para si, dizendo que irá transformar, em 5 anos, os 200 milhões de dólares investidos em, ao menos, 1 bilhão de dólares, valor que planeja para sua franquia ao final desse prazo.

Não se turbe caso veja poucas movimentações nestes próximos anos; apesar que o russo não ficará quieto. O investimento é a médio tempo e tudo será feito, administrativamente falando, para colocar a franquia/time Nets na elite da NBA. Prokhorov não entrou nesta por brincadeira e seu investimento – seja por sorte, reza ou competência – dará lucro. Não esqueça:

Negócio é com Mikhali Prokhorov. Isto ele faz com devoção.


(GL)
Escrito por João da Paz


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