Dallas Cowboys ganha uma fortuna com suas cheerleaders. Elas se preocupam mais com a fama do que com o salário


Você tem ideia de quanto ganha uma cheerleader por jogo?

"X dólares para qualquer uma". Mas cheerleaders do Dallas Cowboys recebem mais – mesmo não sendo muito como imaginam.

Em média os clubes da NFL pagam 75 dólares/jogo por cheerleader; alguns pagam US$ 50. Em Dallas o contra-cheque é maior: 150 dólares/jogo. Você acha justo? É pouco ou tá bom?

Quando uma mulher enfrenta a extenuante série de testes para se tornar uma animadora de torcida, sua meta não é obter dinheiro do respectivo clube para o sustento diário. A maioria trabalha ou está na universidade. O reconhecimento que vem com o cargo vale mais, o que é possível adquirir com a função é vantajoso. Elas sabem que a franquia lucra muito em cima delas, o sistema é assim. O jeito é lidar com ele.

Para entender este mundo que atrai tanta atenção e fascina, o melhor exemplo vem do clube que fatura uma grana gigantesca com as meninas de pompom. As cheerleaders do Dallas Cowboys (DCC) estão em outra esfera, fazem parte de um grupo totalmente exclusivo. Ser membro da tradicional equipe é uma tarefa exigente fisicamente e precisa ter um bolso cheio de verdinhas para custear as etapas necessárias das avaliações.

A inscrição em 2011 custou US$ 25. São quatro etapas no processo de escolha (Dança livre, Dança combinada em grupos de 5, Entrevista e a Final – composta de teste escrito sobre a história da DCC, da franquia e da NFL; conhecimento de termos técnicos das danças; uma performance artística para os jurados como cantar, dançar, atuar ou interpretar; e outra dança combinada em grupos de 5).

Há um padrão a ser seguido nestas fases e as garotas podem aprender numa preparação que a própria DCC realiza (não obrigatório). O “mini curso” de três dias custa US$ 189 por candidata. Apesar de não ser necessário, quem não faz fica em desvantagem. Esta é apenas uma das indiretas exigências que a direção da DCC impõe com a finalidade de arrecadar fundos para a equipe e agradar patrocinadores. Estes que cuidam do corpo e da imagem delas, com uma ajudinha da organização.

Os exemplos são vários. Logo para o primeiro teste, no formulário de exigências, é pedido que as moças venham com uma roupa adequada para dançar e recomendam que usem artigos da marca GK, especializada em uniformes para cheerleaders e ginastas. Para o cabelo: produtos TIGI Bed Head e salão Premier Atelier. Para o sorriso: dentista Jack B. Siegrist. Para a maquiagem: cosméticos TIGI Bed Head. Para manter a boa forma física: Academia Boot Camp. Para manter o bronzeado no inverno: Planet Tan.

Todas essas marcas, junto com Dr. Pepper (refrigerante), principal patrocinador, rendem aos Cowboys mais de US$ 1 milhão por temporada. Sem contar o que o clube ganha quando elas realizam aparições extras: US$ 500/por apresentação – cada cheerleader que participa destes eventos recebe US$ 200.

Enquanto parte da equipe, as cheerleaders têm estes vencimentos (150 dólares por jogo e 200 dólares por evento). Fora isso não ganham mais nada, nem com os treinos semanais exigidos pela diretoria da DCC. Se faltar em um, não participa do jogo seguinte. Se a falta se repetir, está fora do grupo. Com a temporada em andamento, são 5 treinos por semana – duração de 3 horas (noturno). Nos dias de jogos é necessário comparecer no estádio 3 horas antes do kickoff. Esta rotina é só pros jogos no Cowboys Stadium, elas não viajam para as partidas fora de casa (o Super Bowl é a exceção).

Cerca de 600 candidatas se inscrevem por temporada querendo ingressar na DCC. O número de aprovadas oscila entre 38 e 32 - 2010 foram 34. Daí entram num seleto rol e podem dizer para onde for “Sou Cheerleader do Dallas Cowboys” ou quando sair do time “Fui Cheerleader do Dallas Cowboys”. Esta frase é cheia de poder e abre portas, tanto entre os artistas quanto nas corporações.


Bonnie-Jill Laflin (acima) foi cheerleader do Dallas Cowboys em 1996. Depois veio ensaios para revistas (Sports Illustraded, Maxim, GQ, entre outras); atuou em seriados e novelas (como “The Young and The Restless”); fez comerciais para Coca-Cola, McDonald’s, FedEx (especial para o Super Bowl), Nike, PETA, Wrangler, entre outros; scout (olheira) do Los Angeles Lakers; e repórter da ESPN e NFL Network.


Aurora Austin Pucciarello (acima) decidiu fazer faculdade de Economia na Universidade North Texas assim que saiu da DCC (1984). No ano de veterana abriu uma empresa de transportes (mudança). Ela dedica os primeiros contratos a DCC, pois por ser ex-cheerleader dos Cowboys facilitou a agendar as primeiras vendas do serviço, estímulo que fez da sua firma uma das mais bem sucedidas no estado do Texas.

Histórias assim existem de monte. Tudo graças a um grupo que revolucionou as equipes de cheerleaders na NFL: a DCC da temporada 1972-73. O primeiro time de cheerleaders dos Cowboys se apresentou em 1960, contudo 12 anos depois veio a grande mudança, com as meninas fazendo passos de danças exóticas e com uma roupa diferente (que até hoje só teve 6 adaptações, a última em 2002). Impacto que trouxe um enorme sucesso para o clube.

O Super Bowl X (10) fez o público da NFL se apaixonar pela DCC. Os Steelers, rival do Dallas na decisão, é uma das 6 franquias da liga que não tem cheerleaders (Giants, Browns, Lions, Packers e Bears) então as atenções fora de campo estavam em cima da DCC. A televisão que transmitiu o jogo, CBS, passou a filmar as garotas antes e depois dos blocos comerciais. Assim um estimado público de 57 milhões de telespectadores nos EUA viu a beleza das animadoras. O piscar de olho de uma delas se tornou um momento mágico e histórico. A loucura obsessiva pelas garotas teve seu início.

Em 1979 a rede ABC exibiu um filme exclusivo para TV que ganhou uma estupenda audiência quando foi ao ar em 14 de Janeiro. 60% dos EUA assistiram “Dallas Cowboys Cheerleaders” (veja começo do filme no vídeo abaixo). Conta a história dos bastidores da DCC pela perspectiva de uma repórter enviada por uma revista para produzir uma matéria sobre a popular equipe.



Hoje quem mostra as imagens dos bastidores da DCC é o canal CMT (Country Music Television) com um reality show sobre as candidatas que tentam entrar no restrito grupo de cheerleaders – são 5 temporadas, de 2006 a 2010.

As imagens da DCC estão por toda parte, inclusive no site da NFL que vende fotos das meninas. Elas ganham dinheiro com isto? Não. Quer dizer, a liga comercializa as imagens das cheerleaders e fica com todo dinheiro do negócio? Certo ou não, as próprias não entram muito neste grande detalhe, visto que no acordo com os clubes fica claro o compromisso direto com eles. Poderiam brigar, espernear para uma correta distribuição da renda provinda delas, porém preferem deixar isso de lado e ficar com as frases que poucas podem dizer, de um valor impossível de mensurar:

Sou cheerleader do Dallas Cowboys” ou “Fui cheerleader do Dallas Cowboys”.



(GL)
Escrito por João da Paz

Nenhum comentário:

Postar um comentário