O desserviço da Revista ESPN

Na atual edição de Agosto, a Revista ESPN traz uma matéria sobre a NFL, liga que começa a temporada 2012-13 no próximo mês. Assinada pelo jornalista Paulo Mancha, a reportagem tem o título de “Futuro Mal-Assombrado” e, conforme está na chamada da capa que traz o Felipão, técnico do Palmeiras, tem como destaque:

“NFL: tragédias põem em risco o esporte mais popular dos EUA”.

Há diversos erros em todo este material, sendo o menor deles creditados ao autor do texto, que apenas expôs sua opinião do que achou mais importante sobre a liga de futebol americano no mês de julho deste ano, quando um dos editores da revista, Rodrigo Borges, pediu um texto daquilo que estava em evidência.

O jornalista, freelancer, escreveu o que achava relevante, um texto válido se fosse posto como uma coluna ou artigo opinativo, e não como chamada em capa – sem contar as veiculações na TV ESPN Brasil e Internacional, reverberando as ditas "tragédias e escândalos que abalam a NFL".

Tudo isto passa uma imagem da liga extremamente longe da realidade, entregando ao desavisado uma dúvida fútil. “Será que a NFL está realmente correndo perigo?”. Mesmo a revista tendo uma irrisória tiragem e circulação, é preocupante esta abordagem pela sigla que estampa a capa: ESPN, um nome que tem credibilidade.

A matéria “Futuro Mal-Assombrado” ganhou este título da revista, pois o Mancha enviou seu texto com o título “Sucesso e Perigo”. Com este último título, a matéria teria mais razão, já que o jornalista descreve que a NFL passa por um bom momento. O “perigo” é ressaltado nos processos que a liga sofre de ex-jogadores acerca das concussões, no suicídio de um jogador de renome, Júnior Seau, e no caso bounty envolvendo o New Orleans Saints, que consistia em recompensa financeira que jogadores do time recebiam por lesionar adversários.

Sim, todos os tópicos são de apreço, porém nada que mereça valor de ser destaque e ecoado da forma que é vista.

No Grandes Ligas, o assunto concussões (lesões cerebrais) sempre esteve em pauta. No mais recente artigo sobre o tema, “O inferno são os outros e a culpa não é minha – Maio 2012”, é discutida a farra que está sendo estes processos contra a liga, envolvendo inclusive punters, kickers... Lá tem um dado notório que mostra o exagero que esta questão ganhou:

Para exemplificar, note a repercussão que um estudo científico divulgado ontem (dia 09/05) gerou. O NIOSH (Instituto Ocupacional de Segurança e Saúde Nacional) é uma agência federal americana, pertencente ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Gabinete de Governo dos Estados Unidos, e tem como campo de atuação o levantamento de pesquisas sobre prevenção de doenças e acidentes de trabalho. Fizeram um acompanhamento com 3.439 jogadores aposentados da NFL e descobriram que a taxa de morte neste grupo foi menor do que a dos homens americanos. Proporcionalmente, para ficar dentro da média, se esperava que deste número, 625 jogadores falecessem, enquanto o número de mortos foi de 334.

O “sucesso” da NFL é infinitamente maior que o “perigo”, e o comissário (chefe) da liga, Roger Goodell, estabeleceu medidas drásticas para diminuir o contato dentro de campo com o objetivo de diminuir as tais concussões. Está sendo tão rígido que alguns envolvidos com o esporte dizem que o jogo está ficando muito leve, cheio de não me toque.

O “sucesso” da NFL é infinitamente maior que o “perigo”, visto os últimos contratos com emissoras de TV que a liga assinou:

#Entre 2014 e 2022 (valores anuais)
- NBC: US$ 950 milhões
- CBS: US$ 1 bilhão
- FOX: US$ 1.1 bilhão

#Entre 2014 e 2021 (valor anual)
- ESPN: 1.9 bilhão

Uma propaganda no jogo de domingo à noite nos Estados Unidos (Sunday Night/NBC) custa 400 mil dólares; na segunda à noite (Monday Night/ESPN) um reclame vale 300 mil dólares.

Segundo The Wall Street Journal, a Nike (fabricante de material esportivo) firmou um contrato com a NFL para os próximos cinco anos valendo US$ 1.1 bilhão pelo período.

Se “tragédias põem em risco o esporte mais popular dos EUA”, por que tanto investimento na NFL a médio e longo prazo? Quem iria se associar com uma marca em risco, injetando milhões e bilhões de dólares?

A NFL goza de um sucesso ímpar. Na Fall Season 2011 das emissoras americanas, 18 dos 20 programas mais assistidos foram jogos da liga. E Mancha disse isto ao responder (via e-mail) as perguntas que lhe fiz, afirmando que “... o texto [Futuro Mal-Assombrado] diz que a NFL passa por um momento de esplendor, como a liga mais rica e popular dos Estados Unidos”.

Então por que a ênfase no “perigo” ao invés do “sucesso”?

Entrei em contato com a revista ESPN para ouvir a opinião deles sobre a matéria. O editor Rodrigo Borges está de férias. Não obtive retorno do Gian Oddi, editor-chefe. As respostas que consegui foram com o diretor de redação da revista, Caio Maia.

Porém, a pessoa mais importante da revista, supostamente a que deveria demonstrar um bom exemplo como líder, respondeu com indelicadeza as questões.

Por exemplo, fiz a mesma pergunta para o Paulo Mancha e Caio Maia: Quem teve a ideia da pauta? Mancha respondeu cordialmente e de forma correta: “A revista entrou em contato comigo e pediu uma matéria sobre NFL”.

Esta foi a resposta do Caio Maia para a mesma pergunta “Quem teve a ideia da pauta foi o Capitão América, em conversa com o Carmelo Anthony. O Mancha é da Disney, a gente só se relaciona com a Marvel”.

Chega a ser engraçado, mas a ironia desnecessária mostra o tom de desrespeito.

Perguntei para o diretor da redação: “Por que o título [da matéria] foi mudado?”. Ele respondeu: “O título foi mudado para te sacanear. Toda edição tem uma reunião para saber como sacanear pessoas como você”.

Este comportamento não compete a alguém que exerce um cargo tão importante numa revista. A ESPN, tanto a americana como a brasileira, precisa ter cuidado com sua marca, para não ficar manchada desta maneira.

Ao lado do final da reportagem tem uma publicidade de página inteira do site Extra Time, que se acha “o melhor site em português de esportes americanos” - a imagem da propaganda é uma bola de futebol americano. Quem conhece a mídia, seja profissional ou o grande público, sabe que este status é mentira. Na parte esquerda da página, no canto superior, tem uma sigla que desvenda o porquê desta propaganda: F451.

F451 é uma editora que assumiu a publicação da revista ESPN em janeiro de 2012. A F451 também responde pelos sites Trivela (futebol), Tazio (automobilismo) e... Extra Time (esportes americanos).

Caio Maia faz parte da Globalway, uma empresa de investimentos. A Globalway comprou a Spicy Media, rebatizada de F451 Mídia. Servindo como diretor de conteúdo da F451? Caio Maia.

Hum!

Problema. Se fosse uma promo de plataforma da ESPN, tudo bem. Mas, se aproveitando da matéria da NFL, é veiculada uma propaganda de um site ligado ao grupo do diretor de redação da revista ESPN.

A emissora deveria ficar mais atenta a isto. Seria melhor sair deste projeto e abrir espaço para que a publicação passe a ser chamada de Revista F451; sendo assim muito mais apropriado.

Não se relacionaria com decisões errôneas, com comportamento indigno de uma pessoa que exerce um cargo importante e não se envolveria com hipóteses de matérias equivocadas.


(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Reprodução Revista ESPN

As rimas de Jay-Z e o Brooklyn Nets


4 de Dezembro de 1969.

Nasceu Shawn Corey Carter no distrito de Brooklyn, New York. Infância numa periferia tensa, seguia o ritmo do ambiente. Vendia crack nas ruas do bairro e tinha um esconderijo secreto para seu produtos; aí a polícia só fazia "(..) o seu papel, dinheiro na mão, corrupção a luz do céu". Nesta época entrou no mundo do rap e ganhou o apelido de Jay-Z. Passou a rimar o que via diariamente, seu cotidiano nas letras.

Sucesso seguiu. Músicas de destaque, álbuns bem sucedidos e recordes. É o artista, fora os Beattles, que teve mais discos na primeira posição dos mais vendidos da badalada lista da revista Billboard, vendeu mais de 45 milhões de álbuns e coleciona dezenas de Grammys.

Dinheiro ganho, dinheiro investido. Entre tantos negócios, Jay-Z decidiu colocar uma grana na franquia Nets da NBA, 1 milhão de dólares há nove anos. O russo Mikhail Prokhorov comprou 80% do clube e a participação do rapper nas ações dos Nets reduziu a 1/15. Mas sua influência só aumenta conforme os dias giram.

E todo este universo da NBA está nas rimas de Jay-Z, em suas próprias músicas ou em participações em faixas de outros MC´s. A grande vitória do marido da Beyoncé (ainda tem isto pro cara, né? Poxa vida...) é ter tirado os Nets de New Jersey, cidade vizinha de New York, e instalá-lo no Brooklyn – que se fosse uma cidade, seria a nona em população nos Estados Unidos: 2.6 milhões de habitantes.

Ainda mais por construir a arena dos Nets próximo de sua casa, próximo ao esconderijo secreto daquele seu produto comercializado na adolescência. Na letra da música Empire State of Mind (participação de Alicia Keys – álbum Blueprint de 2009) Jay-Z diz onde muquiava o flagrante:



I used to cop in Harlem,
All of my dominicanos
Right there up on broadway,
Brought me back to that McDonalds,
Took it to my stash spot,
Five Sixty Stage street,

Catch me in the kitchen like a simmons whipping pastry

568 Street. Rua próxima do Barclays Center, local que receberá os jogos dos Nets a partir da próxima temporada da NBA. Contudo, quem irá inaugurá-lo é o próprio Jay-Z, lógico. Serão oito shows, todos com ingressos esgotados.

Foi um traficante. Agora ajudou erguer uma arena da NBA lá no seu gueto. Disto Jay-Z fala no música 3 Kings (do Rick Ross, com participação do Dr. Dre – álbum God Forgives, I Don’t de 2012):



I ran through that buck fifty Live Nation fronted me
They workin' on another deal, they talkin' two hundred fifty
I'm holdin' out for three
Two seventy five and I just might agree
Ex-D-boy, used to park my beamer
Now look at me, I can park in my own arena
I only love her if her weave new
I'm still a hood nigga, what you want me to do?

Do lixo para o luxo. Esta trajetória do rapper incomoda. Desconforto que ultrapassou o limite do bom senso numa coluna do jornalista Phil Mushnick no tabloide New York Post (no dia 4 de Maio de 2012). Uma crítica sobre a reformulação feita nas cores e logo dos Nets, mudanças realizadas por Jay-Z:

“Enquanto os Nets permitirem que Jay-Z continue dando ordens – que surpresa a escolha das cores preta e branca para conectar ao clima urbano da nova casa do time – por que não entregar tudo para Jay-Z e aplicar na franquia o tratamento do rapper?  Por que Brooklyn Nets quando pode ser chamado de Brooklyn Niggers (Os Crioulos do Brooklyn)? As cheerleaders podem ser as Brooklyns Bitches ou Hoes (As Cachorras/Putas do Brooklyn). Símbolo do time? Uma 9mm com cápsulas de munição em volta. Quer estar com Jay-Z? Então vai com tudo!”

Estas palavras foram reforçadas por Mushnick em entrevistas posteriores a publicação do texto. Ele até questionou como a NBA permite que alguém com uma fonte de renda baseada em músicas cheias de conteúdo impróprio pôde atingir o status de dono. Mushnick fez seu ponto de vista ser discutido nos quatro cantos. Diz que não é racista, mas que o rapper sim.

Independente do quanto falem, Jay-Z é isto: dono. E na música On to the Next One (álbum Blueprint 3 de 2009) ele diz:



Traded in the gold for platinum Rolexes
Now a nigga wrist match the status of my records
Used to rock a throwback
Ballin on the corner
Now I rock a tailored suit
Lookin like a owner


Sim, Jay-Z construiu sua fama usando palavras como niggas, bitches, hoes... Se ele pode usar estas palavras e Mushinck não, é tema para outro artigo. Mas quem é das ruas ou passou por elas, deixando para trás as dificuldades e podendo agora descansar em Paris sem preocupação, é condicionado a fazer uma música chamada Niggas in Paris (com Kanye West – álbum Watch The Throne de 2011):


So I ball so hard mothafuckas want to fine me, first niggas got to find me
What's 50 grand to a mothafucka like me, can you please remind me?
(Ball so hard) This shit crazy, y'all don't know that don't shit phase me
The Nets could go 0 for 82 and I look at you like this shit gravy

Levou um time da NBA para a periferia e coloca um nome de bairro em evidência. Nos esportes americanos, Brooklyn já teve um time, os Dodgers da MLB (hoje em Los Angeles). O então Brooklyn Dodgers quebrou a barreira da cor na liga de beisebol – que não tinha negros; eles jogavam em ligas exclusivas, criadas devido à segregação. Em 1947 Branch Ricky, executivo dos Dodgers, assinou com Jackie Robinson. Ricky ganhou destaque também por escolher via draft o primeiro hispânico que se tornou uma superestrela na MLB: Roberto Clemente.

Assim Jay-Z brinca com as palavras do parágrafo acima na música Brooklyn Go Hard (single):



I father, I Brooklyn Dodger them
I Jack, I Rob, I sin
Awww man, I'm Jackie Robinson
Except when I run base, I dodge the pen
Lucky me, lucky we, they didn't get me
Now when I bring the Nets I'm the Black Branch Ricky


Dono de um time, dono de uma arena, dono de um império. Através da música Jay-Z criou seu mundo e entrou legitimamente em tantos outros. O dos negócios é um destes, corroborado com a capa da revista Forbes ao lado de Warren Buffett (terceira pessoa mais rica do planeta em 2011).


O Hip-Hop salvou a vida de Shawn Corey Carter. Com inteligência soube usar seu talento e dinheiro para multiplicar ambos. O resultado não poderia ser outro: estampado em capas de revistas ao invés de estar em cartazes nas ruas de New York com o rótulo de “Procurado pela Polícia” em baixo da sua foto.

No lugar do infame tag, tem “Rei da América”, “Sucesso Pessoal”, “Magnata” e derivados.


(GL)
Escrito por João da Paz

O rico, o mimado e o desiludido


Demorou, mas era uma vez Dwight Howard (foto acima) com a camisa do Orlando Magic, que na próxima temporada estará vestindo dourado e roxo na Cidade dos Anjos.

E a ladainha que o rico fica mais rico ganha força.

Com as cores da nobreza, o Los Angeles Lakers agrega outro superstar ao seu elenco e se candidata, novamente, ao título da NBA; e desfrutar os ventos confortantes que o topo do basquete proporciona.

O poder que os Lakers têm é usado de forma primorosa. Quem não tem poder e/ou não é rico reclama da supremacia do time californiano, ao dizer que “roubam” jogadores de times menores – Pau Gasol via Memphis Grizzlies, Dwight Howard via Magic, por exemplo.

Não é isso. Time grande não tem este rótulo por acaso, simplesmente usa a inteligência que os menores não sabem utilizar.

Sem fazer muito esforço, só na persuasão, os Lakers adquiriram o 3 vezes melhor jogador defensivo da associação e forma um quarteto bom suficiente para derrotar o atual campeão Miami Heat:

PG: Steve Nash
SG: Kobe Bryant
SF: “Quem quer que seja”
PF: Pau Gasol
C: Dwight Howard

Após o título do Heat, disse que a equipe para derrotá-lo teria de ter um armador e pivô elite classe A+, posições que Miami é mais carente. Logo, o lugar ideal para Howard era Brooklyn, seu destino preferido conforme dito aos quatro cantos. Uma dupla com Deron Williams seria algo magic.

Porém a franquia Nets não quis bajular um mimado (Howard) e nem alimentar o desiludido (Orlando). Resolveu renovar com o pivô que estaria envolvido numa possível troca, Brook Lopez, decidindo fazer a fila andar.

Do outro lado dos EUA, o rico Lakers traçou caminhos e após alguns telefonemas ficou mais rico. Usou o poder para ficar mais poderoso. Howard vem para reforçar o time em quadra, engrandecer o quinteto titular no objetivo de destronar o Heat. Se Howard é um pivô elite classe A+, Nash seria o armador na mesma categoria? Dava pra afirmar com certeza se estivéssemos em 2005, mas em 2012, com 38 anos de idade, o canadense não está mais neste hall. Difícil afirmar isto do segundo lugar em assistências do campeonato passado, mas...

Num fictício duelo Heat x Lakers, vantagem para quem tem LeBron James...

Rico, poderoso e popular, os Lakers ficam mais famosos com Dwight no elenco. O legal é que o clube não precisa dele para atrair público, muito menos audiência televisiva. Importante salientar que os Lakers tiveram, em média na temporada 2011-12, 97% do Staples Center preenchido como mandante e que a próxima é o primeiro ano do bilionário contrato assinado com a Time Warner Cable (US$ 3 bilhões/20 anos).

Howard capta recursos fora de quadra com seu nome atrelado à Los Angeles. O contrato com a Adidas aumenta por estar numa grande metrópole, e vai lucrar muito nos acordos de patrocínios, sejam os novos ou dos que serão renovados. Causou um reboliço em Orlando, “bateu o pé”, “fez biquinho”, esperneou e acabou lucrando no final das contas.

Recebeu um presente de luxo, mesmo perdendo outro do mesmo naipe. É o garoto que age inconsequentemente por pedir pro papai um Xbox e tem que acabar se contentando com um PS3.

Uma situação crítica de nível elevadíssimo, não?

Nada de New York-New York, da glamourosa vida na capital do mundo, defendendo uma franquia remodulada num alicerce moderno e ousado, que se transformou para criar uma personalidade original e diferente. Restaram as praias e clima veraneio de Los Angeles. Tipo é o que tem pra hoje.

O Magic abraçou esta ideia do é o que tem pra hoje depois de recusar uma ótima e boa proposta. Teve a qualidade de jogadores oferecidos caindo a cada vez que a franquia não flexionava suas exigências. Tinha esperança de receber algo melhor após deixar morrer negociações vantajosas e o medo de não ganhar nada em troca por Howard acabou vencendo.

Primeiro foi oferecido Brook Lopez (Nets), mas o comportamento cheio de nove horas enfureceu o time de New York. Depois teve Andrew Bynum (Lakers), mesmo comportamento e nada feito. A coisa ia de mal a pior, até o brasileiro Anderson Varejão (Cleveland Cavaliers) foi oferecido para o Magic por Howard.

O nível abaixou a tal ponto que o Magic optou por não sofrer mais constrangimentos e receber uma oferta de troca do Charlotte Bobcats oferecendo Tyrus Thomas pelo pivô camisa 12.

Embora a saga Howard não tenha dado um desfecho bom para Orlando. A troca envolveu 4 times e o Magic ficou com o resto da sobra. Os três melhores jogadores foram para os Lakers (Howard), 76ers (Bynum) e Nuggets (Andre Iguodala). O Magic ficou com estas coisas aí:

Arron Afflalo (conhecido no Brasil mais pela força nominal que tem, status dado pelo pessoal do Bola Presa), Al Harrington, Nikola Vucevic, Moe Harkless, Josh McRoberts e Christian Eyenga – além de escolhas em futuros drafts.

Aí, sem Howard, o Magic está com Glen Davis liderando a ação de chamar torcedores para comprar carnês dos jogos em casa de todo o próximo campeonato.

Boa sorte! Vai precisar!

No melhor estilo “é o que tem pra hoje”.

O desiludido Orlando até que tava podendo na baladinha. Uma garota toda boa apareceu em sua frente com a camisa “Vem ni mim que to facim”. Querendo bancar o difícil, na expectativa de arranjar uma melhorzinha, Orlando manteve a tática. A noite passava e permanecia sozinho. Até que chegou aquele momento “é o que tem pra hoje”: era pegar ou largar a feinha-desarrumada-que-ninguém-teve-coragem-de-chegar-perto.

Dwight Howard espalhou sorrisos em sua primeira entrevista coletiva como um laker. Mostrou traços da sua personalidade que o prejudicou e o ajudou ao longo de sua carreira na NBA. Imitou Kobe Bryant – Howard faz uma ótima imitação de Charles Barkley e Stan Van Gundy –, mostrou estar leve e aliviado por ter conseguido sair do Magic e ser parte de um time fortíssimo. Agora é parte de uma franquia histórica. Sem ser agente livre, praticamente escolheu seu destino. Pôs seu antigo clube sob seu controle e mostrou que ser mimado dá resultado.

Howard é rico e vai se tornar mais rico.

E desiludido sim, pois causou caos em Orlando. Demitiu técnico e diretor de basquete e a lembrança que deixará no reino da Disney é o bando de jogadores que chegaram.

(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Kevork Djansezian / Getty Images

O significado da NFL no Esporte Interativo


Domingo, 5 de agosto de 2012.

Esta data marca o inicio das transmissões da NFL pelo canal Esporte Interativo. Lauro Jardim, jornalista da Revista Veja, revelou no seu blog Radar On-Line, no dia 27 de Julho deste ano, a grande notícia:

O Esporte Interativo passará a transmitir, via parabólica e pela internet, os jogos de futebol americano da NFL, a maior liga do esporte no mundo. O acordo, que inclui a exibição de três jogos semanais, vale já a partir de agosto quando começa a nova temporada. Na TV por assinatura, a ESPN continuará transmitindo as partidas”.

O canal fez o anúncio oficial na última quinta (02). São jogos da pré-temporada, 3 jogos por semana da temporada regular (quinta, domingo à tarde e à noite), todos os jogos dos playoffs, Super Bowl e Pro Bowl.

Como experiência, o Super Bowl da temporada passada, entre New York Giants e New England Patriots, foi ao ar pelo E+i. Mas agora com um pacote completo confirmado, é preciso criar um plano de transmissões: como trilhar neste árduo caminho de levar um esporte americano para todo o Brasil via sinal aberto de TV.

O Esporte Interativo tem um público alvo definido que é preciso atenção e dedicação: aqueles que não são fãs da NFL. O fã da liga é propriedade da ESPN Brasil, pela tradição que a filial do canal americano tem de anos levando ao país a liga de football. Quem tem o privilégio de receber em casa canais de TV por assinatura vai ter duas opções para assistir os jogos da NFL – com exceção dos assinantes da SKY e NET (não tem Esporte Interativo nos pacotes). Assim, o torcedor da NFL, que acompanha o campeonato há mais tempo, vai escolher a emissora que se autodenomina “Líder Mundial em Esportes”.

Muitos vão ficar com a opção tradicional sem problema algum, reconhecendo bem a função de ambos os canais. Porém, infelizmente, o E+i vai ter de lidar com o #TorcedorBurro, medíocres sem noção que vão reclamar da pronúncia de nomes/times da equipe do E+i, da imagem do canal, de não disponibilizar o SAP...

É primordial para o Esporte Interativo ignorar estes incautos. É bom deixar pra lá. Deixem que assistam a liga por GamePass, pela internet em links piratas e meios afins.

A função do Esporte Interativo é ser didático. Não tem site, blog – muito menos ESPN – com a possibilidade de abranger um número absurdo de pessoas por todo o Brasil. O alcance do canal é impressionante, chega a lugares inimagináveis. Bom é que eles sabem o poder que tem, até pelo próprio caminho que o canal percorreu nos 5 anos de existência.

Começou aparecendo na TV Cultura, TV Gazeta (em São Paulo)... Começou devargazinho no Rio de Janeiro... Hoje está disponível em todo o Brasil via antena parabólica, em 19 canais UHF (sinal aberto) e em 8 redes de TV por assinatura. É uma TV que inova, saiu na frente ao disponibilizar, gratuitamente, o canal via internet (também na rede social Facebook) e por celular.

A próxima inovação, esta paga, é um player virtual no qual quem assinar vai poder ver quando quiser os programas da emissora.

Conhece boyzinho de apartamento (quem jogou bolinha de gude em tapete e empinou pipa em ventilador)? Pois é, a classe já apareceu desvalorizando a conquista do E+i, menosprezando a qualidade, seu alcance “aberto” e a representatividade do canal.

Óbvio, não conhecem o que é o Esporte Interativo. Para estes, é um canal que apareceu aí num número qualquer na sua TV por assinatura.

Para saber a importância do E+i, só indo para o interior do Brasil. Quem mora, viajou, conhece o país além do olhar capitalista, entende.

Tive o privilégio de morar e trabalhar em Pernambuco – como disse aqui em artigos passados. Minha residência era em Pesqueira (agreste), mas por cobrir o time local de futebol, conheci dezenas cidades do estado. Pude notar a potência do Esporte Interativo.

A maioria dos pernambucanos tem uma antena parabólica, maneira de assistir vários canais com boa imagem e som. Em grandes cidades (Recife, Caruaru, Petrolina) é possível sintonizar diversos canais pela tal antena “costela de peixe”, mas em cidades menores são poucos que esta antena consegue captar o sinal – sempre o da Rede Globo e/ou outro qualquer. Logo a melhor opção, até pelo preço acessível e promoções que lojas realizam, é adquirir uma parabólica.

Era comum o papo de sábado na praça começar com: “Jogão hoje no canal 12, em?” (onde comumente o Esporte Interativo é sintonizado na antena parabólica). Aí vinha outro e dizia: “Sim, clássico do campeonato italiano: Milan e Juventus”. A conversa prosseguia com citações de jogadores e times de países da Europa, que organizam os grandes campeonatos de futebol do mundo.  E em qualquer lugar que você morar, por mais longínquo que for, uma antena parabólica capitaliza o canal e você assiste grandes atletas desfilarem em sua TV – de grátis.

Por a NFL ser uma liga segmentada, a mudança que acontecerá com a entrada na programação do Esporte Interativo vai mudar a imagem dela no país. O canal tem que perceber isto e contribuir para o crescimento qualitativo do campeonato de football. Se feito com primor, muitos vão se identificar e render audiência para o canal; meta almejada.

Bom que o E+i se posiciona ciente do que representa. Tem telespectadores fiéis e gratos, por levar eventos de qualidade para pessoas que não tem acesso às TVs por assinatura. Os boyzinhos de apartamento ficam bestas e perguntam: “Mas, como assim? Como esse canal consegue arranjar tanto dinheiro”.  

Existe algo chamado comprometimento. Atitude que gera a verdadeira interatividade entre quem assiste e quem transmite – nada a ver com ler tweets e recados do Facebook no meio de uma transmissão.

No final de 2011, o Esporte Interativo resolveu apostar num esporte praticado em massa por estudantes brasileiros: handebol. O mundial feminino foi disputado em São Paulo e, segundo números que a emissora divulgou, atraiu 12 milhões de telespectadores. O blog da diretoria do canal, articulado por Fábio Medeiros (sócio-diretor do E+i), informou que “(...) a UFA Sports, agência alemã responsável pelos direitos de transmissão, [informou que] foram 15 milhões de espectadores em cinco países considerados potências no esporte (Dinamarca, Noruega, Espanha, Alemanha e Croácia)”.

O Brasil tem uma população de 197 milhões de pessoas; os cinco países somados, tem 150 milhões de habitantes.

Dá para imaginar quantos brasileiros vão poder ter a oportunidade de acompanhar uma temporada completa da NFL, da pré-temporada ao Super Bowl?

Que o Esporte Interativo valorize suas transmissões.

Que apareçam os torcedores questionando: “Por que football se é jogado com as mãos?”; “Quantos metros tem 10 jardas?”; “O que é isso, o que é aquilo?” - que as respostas sejam dadas.

E que desapareçam os torcedores ranzinzas, para não estragar o novo espaço que a NFL conquistou. 

(GL)

Escrito por João da Paz