Triste saga de Carmelo Anthony no New York Knicks


Nas últimas cinco partidas do New York Knicks, Carmelo Anthony anotou mais de 35 em quatro delas, sendo que mais de 40 em três. Esforço em vão, pois foram quatro derrotas nesses jogos. Questionamentos sobre liderança sempre sondaram o ala, mas na atual temporada as dúvidas ficam mais evidentes e agressivas, pois até o momento, no final do seu contrato com o clube, foram apenas uma vitória de rodada nos playoffs em três campeonatos.

E o cenário do momento é a não participação dos Knicks nesta pós-temporada.

O detalhe é que Carmelo chegou à franquia para recolocá-la na elite do Leste. Ganhou muita grana para tanto, e nada. Marca seus pontos, habilidade inata, mas não é um bom exemplo para o elenco, mostra sinais de descompromisso com a equipe e não lidera, como uma estrela de seu calibre deve fazer.

Acaba ao final da temporada 2013-14 o contrato entre ambos. O detalhe é que a opção de renovação está com Carmelo e no papel diz que uma assinatura por mais um ano dará ao jogador o salário de US$ 23,5 milhões/ano, reforçando seu status de um dos jogadores mais bem pagos da NBA.

Vale tudo isso?

Do jeito que os Knicks estão sendo administrados, é bem possível que o acordo seja estendido. Um caos está a franquia de New York, com membros do elenco pegos em indisciplina (JR Smith) e ações criminosas (Raymond Felton).

O que os Knicks têm feito é similar com o que o Orlando Magic fez com Dwight Howard: tentar de tudo para agradar a estrela; entre essas coisas, contratação de bons jogadores.

Só que, em ambos os casos, isso não deu certo.

Chega, então, o momento de assimilar a necessidade de seguir em frente e escolher a melhor renovação: a da estrutura do time.

Carmelo tem de liderar, não importa em qual área, se será o líder geral ou não. Não importa! Ele precisa assumir responsabilidades pelo alto salário que recebe.

Os Knicks apostaram nele e o fato de não ter dado certo não anula a boa tentativa da franquia em acreditar que um dos alicerces do Redeem Team (seleção americana de basquete medalha de ouro nas Olimpíadas de 2008 e 2012) em voltar a ser competitiva na Conferência Leste da NBA. E nem desqualifica o jogo técnico de Carmelo. O que evidencia é que o atleta não tem condições de ser o número 1 de qualquer time que seja, daquele que, evidente, almeja ser campeão e relevante por um bom tempo.

Por mais que Carmelo não tenha as características necessárias para ser um bom líder fora de quadra, ao menos dentro dela é imprescindível que tais traços sejam mostrados. Mas ele faz o oposto, similar ao apresentado quando defendia o Denver Nuggets: quando recebe marcação dupla, prefere infiltrar do que passar a bola (desencoraja companheiros de time); não é comprometido na defesa; quando perde uma bola no ataque, não volta na transição e fica argumentando com juízes por um falta inexistente...

Sua qualidade é inegável, como as mais recentes performances individuais atestam. Contudo, isso não tem trago resultado positivo para os Knicks, como os resultados mais recentes de partidas comprovam.

Carmelo hoje está com 29 anos, 11 de NBA. Entrou na associação em 2003 em um dos melhores drafts da história. Esquece o sérvio Darko Milicic (segunda escolha): entre os cinco melhores escolhidos, três estão em Miami e já foram campeões da NBA (LeBron James-1º; Chris Bosh-4º; e Dwyane Wade-5º). Já Carmelo, a terceira escolha, nada por enquanto.

Interessante que antes de virar profissional, Carmelo liderou a universidade Syracuse ao título da NCAA daquele ano. Em entrevista ao jornal USA Today, antes da final contra Kansas, ele disse isto ao falar sobre ser o cabeça da equipe:

“Eu nasci para ser líder”.

Não é o que o Knicks está experimentando.

Talvez teria sida apenas mais um devaneio da juventude.

(GL)
Escrito por João da Paz

NBA sabe falar a linguagem dos jovens


O final de semana das estrelas da temporada 2013-14 da NBA marca o primeiro grande momento de Adam Silver como o novo comissário da liga. Assumindo o posto deixado por David Stern após 30 anos no comando, o principal show do campeonato foi um exemplo nítido de como a NBA conhece, como ninguém, apresentar um produto jovem, de qualidade e moderno.

Com mudanças nas competições, as atrações receberam críticas de gente chata e antiquada. Os jovens, principal alvo do marketing da NBA, receberam bem as novidades, evidenciando mais um acerto da liga, indício que Silver está no caminho certo.

As reclamações mais contundentes aconteceram contra o torneio de enterradas, pois não houve competição de um participante contra o outro e sim um duelo entre as conferências Leste e Oeste, formato que permeou todo o final de semana das estrelas.

Contudo, ocorreram duelos sim entre os jogadores, mas com cada um dos seis representando sua respectiva conferência. Além deste aspecto, o que chamou a atenção foi a exibição freestyle que abriu a competição de enterradas. Os três representantes de cada conferência tinham um tempo para apresentarem as enterradas que quisessem, dando um aspecto street à disputa, com uma trilha sonora de hip-hop, tudo simbolizando a essência do basquete.

Essas específicas adaptações no torneio de enterradas são demonstrações de que a NBA está antenada com a linguagem dos seus principais consumidores.

Já nas competições coadjuvantes, as mudanças e clima criados deram, por exemplo, a uma simples exibição de fundamentos do basquete (Skills Challenge) um tom de espetáculo, algo que só a NBA sabe fazer.

A maneira de como escolher o campeão no torneio de enterradas em 2015 pode mudar, o que não necessariamente significa que o deste ano foi ruim. A NBA é uma liga que ousa e acerta. Não tem medo de acrescentar novos elementos para incrementar mais o espetáculo que é o final de semana das estrelas.

O impecável show de abertura do Jogo das Estrelas fica como o retrato de que a NBA está na direção correta, organizando o evento com primazia e valorizando mais a sua marca a cada dia com o público que de fato interessa.

E faz isso muito bem.

(GL)
Escrito por João da Paz